“Saudade, Gratidão. São as duas primeiras
palavras, que o coração me dita, ao escrever estas linhas sobre aquele grande
Português e amigo admirável, que foi António Vasco, Conde de Sabugosa. Saudade,
a mais portuguesa de todas as palavras, ...cheia de
sentimento, que tanto significa; palavra que para mim representa, -
Portugal!
E o pensar no amigo querido, recordo o passado, com ele vivido
desde o meu nascimento; as horas alegres, as horas trágicas, os risos da
adolescência, as lágrimas da juventude!
Bem-haja, Amigo, que a meu lado, até
à morte, mesmo de longe sempre encontrei, firme como um rochedo, modelo de
caracteres, exemplo de dedicações.
Se pode haver uma consolação da minha
tristeza, é o poder, publicamente, patentear a minha gratidão à memória daquele
que DEUS chamou a SI.
Em tudo, foi António Vasco um verdadeiro Português,
fidalgo pelo nascimento, fidalgo pelos seus sentimentos. Para falar dele
faltam-me «engenho e arte», mas sobejam-me «Saudade e Gratidão».
Com orgulho
posso dizer, que poucos, dos vivos, conheceram tão inteiramente o Conde de
Sabugosa: longas conversas durante a «rosa divina» tão portuguesa; o nosso
desabafo trazia a talho de foice todos os assuntos; uma correspondência seguida,
que ligava a nossa amizade, deram-me o privilégio de poder na verdade apreciar,
não só o valor, as qualidades excepcionais, mas a «Ideia» do Conde de Sabugosa.
Foi bela essa Ideia, sobre a qual tantas vezes me falou e me escreveu: - Mostrar
aos novos, o Passado.
Sabugosa dedicou os últimos anos da sua vida, já
doente, à ideia do ressurgimento do nome português, e de tal forma o fez, que
dele se pode dizer: Bem serviu e bem honrou a sua Pátria.
Desfez lendas
peçonhentas, com colaboração de um outro amigo querido e ilustre homem de
ciência, António de Lancastre, e, no seu estilo encantador, fez reviver o
Passado, para que sirva de exemplo ao Futuro!
Saudade, Gratidão. Ao terminar,
o meu coração dita-me as palavras com que iniciei estas linhas. No primeiro
aniversário da morte do grande Português, do Amigo, inclino-me prestando
homenagem Àquele que morreu como viveu, tendo sempre como lema a tão bela divisa
Portuguesa: «Deus, Pátria e Rei»!
1924
Manuel, R.”
(Fonte: "Vencidos da Vida" no Facebook)
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