A
recente polémica que envolveu a declaração de S.A.R., Dom Duarte sobre o
pedido de nacionalidade timorense (a 1 de Dezembro de 2010) evoca bem a
pesada herança de ignorância e vista curta que tem penalizado o País
(que há 3 decadas ia bem além dos limites euopeus que hoje conhecemos)
bem como uma abordagem costumeira que já em 1999 encheria a 1º Página do
Expresso a espelhar o embaraço com que as autoridades portuguesas
brindariam S.A.R., Dom Duarte ao não O incluir nas cerimónias oficiais.
Convém
saber que desde o início da tragédia que desabou sobre Timor-Leste que
Dom Duarte procurou encontrar soluções para o drama vivido. Para além de
alertar não só em Portugal como no estrangeiro para o infortúnio vivido
nesta ilha limite da Lusofonia e apoiar os timorenses no exílio.
S.A.R., Dom Duarte foi um constante embaixador de uma causa que muitos
julgaram completamente perdida. "Timor é uma ilha indonésia que pouco ou
nada tem que ver com Portugal", como se chegaria a afirmar. O príncipio
de não intervir espelhando bem na frase atrás afirmada por um alto
representante da República Portuguesa, em funções à altura, espelhava
bem o sentimento generalizado durante muitos anos junto do poder
instituído, a quem supostamente competiria zelar pelos interesses deste
povo abandonado pela Republica, mas que pensa, sofre, reza e fala em
Português.
Quando
S.A.R., Dom Duarte de Bragança alertava para este drama e procurava
encontrar soluções, vários foram aqueles que esboçaram (tal como hoje,
em todos os assuntos que envolvem esforços monárquicos) um sorriso
trocista, "um o problema insolúvel" diria-se por muitos que preferiram
virar as costas, tapar os ouvidos, e fingir que nada sucedia a resolver
um problema que não auferia qualquer mais valia política.
O
País viria a provar em peso que o "stablishment" republicano estava
enganado e que S.A.R., Dom Duarte, não. No verão de 1999 o País
mobilizou-se para forçar governos externos e o governo eleito
internamente a descobrir que ser-se português está além das definições
constitucionais e filosóficas elegantes que enchem manuais de
geoestratégia... os portugueses viram o que Dom Duarte sabia há anos,
que em Timor também se rezava a Nossa Senhora e que aquelas palavras
eram as de Camões, eram portugueses que ali estavam!
É
perfeitamente normal que o sentimento humanista e universalista que
reveste a acção da Casa Real Portuguesa, numa coerente continuidade
daquilo que era Portugal antes de 1910, cause mau estar entre os galos
que enchem as paredes do edificio Democrático Nacional. Não está no gene
republicano a defesa de principios ou de causas perdidas, a "ética
republicana" não conhece rumos desprovidos de retorno monetário nem a
veste, humilde de quem não é investido, galardoado ou reconhecido
publicamente. A Monarquia é um serviço, não um pódio pagão para cidadãos
que se confundem com entidades superiores, é um caminho longo que pode
durar gerações.
Dom
Duarte ao pedir a cidadania de um País lusófono está apenas a devolver a
Portugal a sua dimensão natural, aquela que motivaria ilustres vultos
da literatura lusa como Pessoa, Camões ou António Vieira a sonhar com um
mundo diferente, com o legado que a lusofonia podia inscrever...poís
que não são só palavras que defendemos, mas uma particular percepção do
Mundo... a Portuguesa. Será
utopia?...talvez a mesma que motivou alguns escassos dos nossos
antepassados a disparar que nem projecteis em torno de um mundo que as
naçõs mais ricas julgavam ser plano, a construir um edificio de nações
que se reconhecem como irmãs, a prever uma humanidade plural, a sonhar
com um mundo maior do que aquele em que nascemos.
Entre
um Politico e um Estadista é só uma questão de horizonte e vontade, se
para as ilustres mentes republicanas o Portugal republicano começa em
Trás-os-Montes acabando nas ilhas atlânticas certamente que legítimo
herdeiro de um Estado com quase 900 anos pode e deve fazer ver com actos
que tal não é verdade.
S.A.R.,
Dom Duarte ao pedir a cidadania timorense está a afirmar com actos que
Portugal, o verdadeiro Portugal, é maior do que aquele a que nos querem
aprisionar e que cabe a nós (Presente e Futuro) acabar as Capelas
Imperfeitas de que nos falava Pessoa.
RGS
Fonte: monarquiaportuguesa.com
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