Abstenções = 53,38%
Brancos = 4,26%
Nulos = 1,93%
São estes 59,57% de desdenhosos do
sistema, os brilhantes resultados obtidos pela centenária. Há quem teça
loas ao "grande sucesso" e como sempre, aí estão as desculpas para uma
derrota que é clara e que a todos os candidatos partidários atinge. O
"novo cartão de eleitor", os "problemas do recenseamento" - como se
fosse a primeira vez que Portugal vai às urnas -, o "frio glacial", o
"sol de inverno", a "irresponsável preguiça" e outras casualidades mais,
aparecem como a trilha de atalho para um estrondoso fracasso. Uma
campanha miserável feito por e para gente de discutível dimensão, para
um país caído no mais profundo descontentamento que desta forma ignorou
todos os apelos. Esta derrota do Esquema é tão mais visível, quando se
avizinha um futuro próximo cheio de incertezas e eivado de perigos.
Portugal muito bem fez em ignorar os apelos dos seus cangalheiros, sejam
eles nulidades vociferantes ou semi-mudos situacionistas por conta própria.
O "grande homem, previdente e consciencioso salvador da Pátria", é
"reeleito" por 25% do eleitorado. É esta, a representatividade
republicana.
Ninguém, a não ser os monárquicos, fez
ouvir a sua voz em constantes apelos à não participação. Mesmo assim,
muitos de nós houve que se decidiram pela ficção da participação cívica, sendo nítida e perfeitamente escusada, a sua presença nas três primeiras candidaturas.
Muitos conseguiram aquilo que se
pretendia, lançando um pacífico aviso aos que querem e mandam. Há cem
anos, os precursores dos vencidos de hoje, utilizavam outro tipo de
métodos, condenando uma instituição à indelével mácula original. Hoje, a
nódoa vê-se como nunca.
Não haverá 4ª República
presidencialista. O sistema habilmente armadilhado, prosseguirá o seu
caminho para a total insignificância. De facto, quem venceu fomos nós.
Os da campanha pelo basta!
publicado por Nuno Castelo-Branco
Cavaco
Silva, no seu discurso de vitória, já não se assumiu como "Presidente
de TODOS os Portugueses" - que não é, mas sim como Presidente de
"Portugal inteiro". Uma frase simples mas com muito significado político
na noite em que perdeu metade do País.
Um ganhou (Cavaco) mas foi como se
tivesse perdido tão semelhante foi a sua votação com os números da
abstenção. O candidato do outro (Alegre) não ganhou quaisquer votos face
à sua anterior candidatura presidencial. Cavaco e Sócrates perderam. O
Regime afundou-se.
Portugueses decretam "expulsão" do Regime!
Que venha qualquer outra coisa porque o
que existe já não serve. É este o recado muito claro e dado de forma
expressiva pelos Portugueses hoje nas Eleições Presidenciais. Com
Portugal "partido ao meio", o Regime, esse, foi humilhado como nunca
antes havia acontecido na história da democracia portuguesa. Só com
grande descaramento é que o Presidente Cavaco, ora reeeleito, se pode
arvorar de o ser "de todos os Portugueses". É-o apenas de uma facção,
cada vez menor e cada vez mais descontente. Agora é necessário que se
retirem consequências do resultado hoje manifestado nas urnas sob pena
de, se tal não acontecer, coisas muito graves se poderem vir a verificar
a curto prazo na sociedade democrática portuguesa.
Fonte : Blogue "Estado Sentido"
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