Como em todas as lutas por ideais sempre houve pessoas anónimas e
ilustres, sempre houve grandes feitos e pequenos feitos. Manuel António
Vilela nasceu na cidade do Porto no ano de 1900 em plena Monarquia,
quando caiu o regime era uma criança com 10 anos com plena consciência
do que a rodeava. Profundamente convicto dos ideais da Liberdade e da
Democracia lutou sempre por eles contra ventos e marés sendo um
pró-americano convicto dos 7 costados; os primeiros registos que conheço
são da Segunda Grande Guerra, onde prestou serviços de informação aos
Office of Strategic Services ( http://en.wikipedia.org/wiki/Office_of_Strategic_Services
)organização criada em 1942 pelo presidente dos Estados Unidos da
América Franklin D. Roosevelt, o meu pai lembrava-se da carta que
Manuel António Vilela guardava na gaveta da sua secretária com um louvor
por escrito e assinado pelo presidente dos EUA a agradecer os serviços
prestados.
Nessa altura Portugal e Lisboa eram os principais centros de
espionagem da Europa por onde passavam espiões de todos os países de
ambos os lados do conflito armado, ser pró americano era ser
anti-salazarista porque Salazar era pró Hitler. O fervor pelos ideais
políticos de Manuel Vilela manifestava-se com simples actos de
terrorismo ideológico como hastear a bandeira Americana no seu jardim na
casa da Foz no Porto. Era um simpatizante do Partido Democrata de John
F. Kennedy, era também um Iberista convicto, achava que a capital do
país não devia ser Lisboa mas sim Coimbra porque ficava a meia distância
de todos os portugueses. Quem sou eu para julgar …
Era uma pessoa extremamente preocupada com o sofrimento dos seres
vivos, reflexo disso era incapaz de ver um seu animal de estimação a
sofrer … quando viu o seu Lobo de Alsácia a sofrer levou-o ao
veterinário, ao ver que não tinha salvação pediu para fazer eutanásia
porque não suportava ver o sofrimento. Não foi o seu único animal com o
qual ficava preocupado com o sofrimento …
Era também um homem com muita coragem, alguém era capaz de em plena
década de 50 ir a Espanha com a mulher ver uma tourada e no momento da
estocada gritar “ASSASSINOS !!! ?, foi preso pela Guarda Civil mas foi
coerente com os seus valores pelos direitos dos animais. Era um homem
com as suas influências e contactos no Porto ou não fosse ele um dos que
estava ao lado de Humberto Delgado nas eleições de 1958, ao lado do
homem que demitia Salazar se fosse presidente da republica. Era um homem
que não queria que o seu filho andasse na Mocidade Portuguesa, um dia
viu a formatura da Mocidade onde estava o seu filho Joaquim … dirigiu-se
ao responsável espetou-lhe um murro e disse que não queria seu filho
misturado com aquela corja. Por estas e por outras foi duas vezes preso
pela PIDE.
Teve defeitos como todos os homens, não quis que o seu filho Joaquim
fosse para a Guerra do Ultramar porque queria que ele tomasse conta do
negócio de família … mas quem sou eu para o julgar ? somos humanos …
Manuel António
Vilela faleceu em 1974 depois de anos antes ter um AVC e ficado de
cadeira de rodas imobilizado, penso que nem festejou a Liberdade pela
qual tanto lutou.
Para mim Manuel Vilela foi uma pessoa distante que nunca conheci até
1989, tinha eu 14 anos. Grande ano onde vi a queda do Muro de Berlim, vi
o Massacre de milhares na luta pela Democracia da Praça de Tianamen.
Vi ! Ao mesmo tempo tive a minha iniciação monárquica. Num fim de semana
quando fui visitar a minha avó com os meus pais ao Porto fiquei à
espera com o meu pai no escritório do meu avô que a minha avó Anita
tinha deixado intacto.
Vi uma fotografia num local de destaque na porta na entrada do
escritório, era a fotografia de um homem jovem com traje militar …
fotografia autografada pelo próprio. Eu como adolescente curioso
perguntei ao meu pai, ele disse-me que era a fotografia de El-Rei
D.Manuel II.
A partir daí conheci o verdadeiro Manuel António Vilela o meu avô
homem que apesar de tudo era a referência ideológica e moral do meu pai,
muita da Liberdade e Democracia que hoje vivemos devemos a pessoas como
o meu avô que era Monárquico como Artistides de Sousa Mendes seu
contemporâneo. A partir daí recebi o “Código de Honra da Família” que
foi transmitido por gerações aos quais nenhum Vilela/Monteiro deveria
alguma vez quebrar :
- Honra
- Palavra
- Honestidade
- Frontalidade
- Humildade
- Caridade
Fui educado ideologicamente com estes princípios, cresci a trocar
ideias com pessoas mais velhas do que eu, cresci a testemunhar debates
ideológicos e naturalmente a influência do meu pai foi decisiva para
limpar da cabeças as dúvidas que um adolescente naquela altura poderia
ter. Como dizia o meu pai existe um partido português fiel à tradição
do Avô Vilela e representante dos ideais do Partido Democrata Americano,
penso que isso é inegável e como tal filiei-me nele segui a tradição de
família de mais de 100 anos pela luta da Liberdade e Democracia.
Sinceramente gostava de conhecer algo mais sobre Manuel Vilela, de
certeza que o seu dossier da PIDE de 1933 a 1974 deve ser bem grande
para consultar …. Serei fiel aos seus princípios SEMPRE, Monárquico,
Democrata. Este exemplo mantém acesa a chama que por muitas vezes me
questiona no vazio ideológico que muitas vezes encontro.
Exemplos como este de família e tantos outros só tenho uma coisa a dizer …
Obrigado por terem existido.
Ainda vale a pena lutar por algo …
Rui Monteiro
Fonte: Blogue "Causa Monárquica"
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