Como país quase milenário que somos, os momentos difíceis que Portugal
atravessa não podem impedir o optimismo com que todos devemos encarar o
nosso futuro colectivo. Neste momento Portugal passa uma hora grave e
difícil, mas que pode também tornar-se uma hora de esperança.
Estamos em vésperas de uma eleição do Chefe de Estado. A
Constituição caracteriza o cargo de Presidente da República como o de
representante de todos os Portugueses, atribuindo-lhe as funções de
garantir a independência nacional, a unidade do estado, o regular
funcionamento das instituições democráticas e um papel moderador nos
conflitos sociais ou de natureza político-partidária.
Ele será, em teoria, “presidente de todos os portugueses”. Mas a
eleição presidencial depende – como todos bem sabemos – dos partidos
políticos que escolhem ou apoiam o candidato e de grupos de interesses
que viabilizam financeiramente a respectiva campanha eleitoral. Há
aqui contradições insanáveis que mesmo uma grande personalidade apenas
superaria transitoriamente, dado tratar-se de um vício do sistema.
Um olhar para o século que se fecha e para o milénio que se inicia
mostra que ao Chefe de Estado de Portugal se exige mais independência
do que aquela que a natureza do actual regime de Chefia de Estado
proporciona – e mais visão estratégica do que a revelada pelo debate
de ideias dos actuais candidatos à Presidência.
As transformações político-sociais em curso e os fenómenos inerentes
à globalização e massificação, cada vez mais exigem uma valorização
dos factores locais, comunitários e ecológicos que, no caso português
e ao longo dos séculos, consolidaram a Nação e conformaram o nosso
território. A recente Cimeira Europeia de Nice, na sequência do
Tratado de Amsterdão, veio uma vez mais comprovar que a Europa normal
é a que resulta das negociações intergovernamentais entre Estados
soberanos, deixando para segundo plano as instâncias comunitárias.
O prestígio próprio e institucional do Chefe de Estado e a
identificação espontânea e afectiva entre a comunidade e o seu
representante máximo são cada vez mais indispensáveis para o
reconhecimento externo e para a vitalidade interna do Povo europeu e
lusófono que somos.
Nestas circunstâncias, é necessário e legítimo que os portugueses
se interroguem sobre se a Chefia do Estado deve apenas depender, como
a actual Constituição estabelece, de um acto eleitoral cada vez mais
artificial e divorciado da Nação – ou se, pelo contrário, deverá
processar-se mediante uma escolha que seja simultaneamente ética,
cultural e histórica, legitimada por consenso popular e assente na sua
ligação às raízes de Portugal.
É evidente que, na sua maioria, os portugueses não são nem
monárquicos nem republicanos. Mas, chamados a debate, querem “o bem da
república” (no sentido clássico do bem comum) e convidados à reflexão
reconhecem que a Instituição Real que observam noutros Estados
europeus é a melhor garantia de equidistância perante as demais
instituições públicas. Com efeito, o Chefe de Estado Real emana da
Nação e não de grupos de interesse.
Não é sensato que o país continue a desperdiçar esse tesouro que
outros povos souberam preservar: a independência e a dignidade
institucional do Chefe do Estado por meio das instituições
monárquicas. O monarca tem, de facto, condições para promover com
eficácia e isenção a solidariedade nacional e a independência do poder
judicial e das Forças Armadas, bem como para projectar a nossa
representação externa com prestígio e continuidade.
Por isso, no contexto da presente campanha presidencial – que
deveria ser uma hora de verdade sobre as grandes orientações da vida
pública nacional, - lançamos um apelo: que se promovam as condições
democraticamente requeridas para uma transição de regime na Chefia de
Estado. Dom Duarte de Bragança pode, como ninguém, servir Portugal
nesse cargo. As circunstâncias ditarão os procedimentos.
Em qualquer circunstância, geracional ou constitucional, a
legitimidade democrática estará sempre nas mãos do Povo português. O
interesse do País deve sobrepor-se ao interesse das facções e ao
imobilismo dos preconceitos. É esta a nossa reflexão e apelo no início
do novo milénio.
Viva a Democracia! Viva o Rei! Viva Portugal!
Este Apelo 2001 é uma iniciativa proposta à subscrição de
Portugueses que o desejem e concordem com os seus termos. Os
subscritores serão, no futuro próximo, convidados a participarem em
novas iniciativas de intervenção política em ambiente de independência
partidária. Os aderentes aceitam que os seus nomes sejam incluídos na
divulgação que será feita deste documento na comunicação social ou
internet.
São primeiros subscritores:
Gonçalo Ribeiro Telles,
Henrique Barrilaro Ruas,
Mendo Castro Henriques,
Luís Filipe Coimbra,
Bento Morais Sarmento,
José Adelino Maltez.
Henrique Barrilaro Ruas,
Mendo Castro Henriques,
Luís Filipe Coimbra,
Bento Morais Sarmento,
José Adelino Maltez.
Fonte Unica Semper Avis
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