No processo das evoluções humanas,
muitos costumes foram descartados e substituídos por práticas e visões
mais justas, e no campo da religião isto se verificou diversas vezes.
Entretanto, sempre houve os altos e
baixos, e muitas distorções ocorreram. Enquanto os espanhóis ocupavam o
Império Azteca, imponto o Catolicismo e proibindo os sacrifícios
humanos (costume que não justifico), na Europa, sobretudo na própria
Espanha, luziam as fogueiras da “santa” inquisição, espalhando nas
praças públicas o cheiro da carne queimada dos “hereges”, muitos dos
quais eram católicos fidelíssimos (lembremos Savonarola e Giordano
Bruno), que, por terem-se rebelado contra certos excessos da Igreja ou
simplesmente por causa de intrigas desonestas, eram condenados à morte
pelo fogo.
Será que isso é muito diferente dos
sacrifícios ritualísticos que os povos centro-americanos ainda
praticavam? Não eram as fogueiras do “santo ofício” uma forma européia
– e pseudo- cristã – de manter vivo o sacrifício ritual primitivo,
justificando hipocritamente essa barbárie como uma “purificação da
alma”?
Há que se fazer a devida distinção
entre o sentido original da palavra Cristianismo (a mensagem do
Christos, o Ungido, o Príncipe da Paz) e a forma deformada e farisaica
com que o catolicismo corrompido o caracterizou.
Em meio aos debates dos grupos
Monarquistas pela Internet, está havendo, por parte de alguns
participantes, uma postura reacionária que idealiza o mundo “cristão”,
europeu e ocidental como se fosse a nata da humanidade. Há comentários
que parecem ter sido escritos por pessoas que adormeceram no front das
Cruzadas e despertaram no limiar do Século XXI, ainda com o ardor
daqueles tempos medievos…
Tais comentários, além de insensatos,
são prejudiciais à Causa Monárquica, primeiro porque propõem coisas
anacrônicas, primitivas e felizmente irrealizáveis em nossos dias;
segundo porque espantam os simpatizantes, embargando novas adesões e
dificultando (senão impossibilitando) a realização da grande meta que é
a Restauração do Império do Brasil.
Os leigos, os neófitos que se
interessam pela Monarquia embarcam num de nossos grupos de discussão e
deparam com convites ao fundamentalismo, ao fanatismo religioso, à
exclusão humana, e logo a imagem da Monarquia toma, perante eles, a
forma desenhada pelo preconceito antimonárquico, isto é, a da coisa
mais retrógrada e estapafúrdia em termos de política.
Ante a visão de um novato, a impressão
que mais grava é a negativa. Conquanto que haja muitos comentários
sensatos, a mensagem fanática prende mais a atenção, reforçada pelo
preconceito já existente, e os possíveis novos Monarquistas debandam.
É preciso refletir sobre isto.
Fonte http://www.ibem.org
Publicado por Rui Monteiro no blogue "Causa Monárquica"
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