“Comparativamente com a Europa estamos mais atrasados do que há cem anos”
“A
importância da lusofonia no futuro de Portugal” foi o tema escolhido
por D. Duarte de Bragança para debater com os companheiros do Rotary
Club de Gaia-Sul, na passada terça-feira. A baixa auto-estima cultural
foi apontada pelo chefe da Casa Real Portuguesa como um dos principais
problemas do país, que começa com a educação, defendendo por isso uma
mudança do sistema de ensino. Para D. Duarte Pio, a falta de aposta na
“aliança da lusofonia” faz com que Portugal esteja pior do que há cem
anos, comparado com a Europa. O Duque de Bragança defendeu ainda o
desenvolvimento de associações de movimentos cívicos, para lutar contra
os “erros dos governos, que estão a destruir a identidade cultural”.
D.
Duarte de Bragança foi o convidado de honra do jantar-conferência deste
mês do Rotary Club Gaia-Sul, que se realizou na passada terça-feira,
como é hábito, no El Corte Inglès de Gaia. Sob
o tema “A importância da lusofonia no futuro de Portugal”, o chefe da
Casa Real Portuguesa partilhou com os rotários a sua visão sobre os
problemas nacionais actuais, bem como a sua perspectiva sobre o futuro
do país. Para
o orador, a causa do atraso de desenvolvimento de Portugal, deve-se,
fundamentalmente, à educação. O facto de, por exemplo, não se
promoverem os produtos nacionais, “não é falta de civismo”, disse D.
Duarte Pio, mas sim “culpa da escola, que não ensina o raciocínio
lógico”. O duque criticou a “máquina esquisitíssima” que é o sistema
escolar, que integra “disciplinas caricatas”, defendendo uma mudança do
sistema de ensino. “Se
queremos mudar Portugal temos que mudar a educação e o ensino do
raciocínio lógico, pois uma população melhor preparada vai começar a
eleger melhor quem nos governa”.Em
matéria de auto-estima cultural, Portugal enfrenta, também, um
problema. Segundo a figura real, o ensino é, mais uma vez, o “culpado”,
pois “continua a falar mal da nossa História”. Também o cinema não
cultiva a auto-estima cultural, pois “todos os filmes são pessimistas”,
não existindo, segundo o duque, “bons filmes sobre os grandes
acontecimentos da História de Portugal”. No
que diz respeito à ligação com a Europa, o chefe da Casa Real
Portuguesa é da opinião de que foi apenas “uma ligação de interesses”,
que fez o país “gastar dinheiro em luxos, em Belém, em auto-estradas
paralelas umas às outras e em estádios de futebol”, o que faz com que
considere que “comparativamente com a Europa estamos mais atrasados do
que há cem anos”.Por
isso, D. Duarte Pio defende um reforço da “aliança da lusofonia”,
através de uma Confederação de Países Lusófonos. “A CPLP foi um passo
muito bom, mas deveria evoluir para outro conceito”, disse. O orador
mostrou-se a favor da reforma ortográfica, pois “se a ortografia não se
mantiver codificada, quem desaparece somos nós”.Apelo aos movimentos cívicosO
futuro do país, segundo o orador, passará também pela criação de
associações de movimentos cívicos, à semelhança da PASC (Plataforma
Activa da Sociedade Civil), que integra várias associações,
independentes de partidos políticos, que se
empenham na resolução dos problemas nacionais. “Através destas
associações, pode-se criar um movimento da sociedade, paralela aos
partidos, na proposta de soluções, na contestação aos erros dos
governos, que estão a destruir a identidade cultural”, frisou.Quanto
ao papel que a monarquia podia assumir em tempos de crise, D. Duarte de
Bragança frisou que “nos países onde o chefe de Estado é um rei, há
mais independência política, mais garantias e mais estabilidade”.No
final, o presidente do Rotary Club Gaia-Sul, Cancela Moura, deixou como
mensagem uma profecia de Alexandre Herculano, assente no regresso do
rei. Presentes no encontro estiveram também elementos do Rotary de
V.N.Gaia, Matosinhos, Valongo, Porto-Foz e Santa Maria da Feira, neste
que foi um “tributo singelo ao companheiro Mário Laredo, que
impulsionou o convite a D. Duarte de Bragança”, frisou Cancela Moura. | | |
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