«As
liberdades essenciais são três: liberdade de cultura, liberdade de
organização social, liberdade económica. Pela liberdade de cultura, o
homem poderá desenvolver ao máximo o seu espírito crítico e criador;
ninguém lhe fechará nenhum domínio, ninguém impedirá que transmita aos
outros o que tiver aprendido ou pensado. Pela liberdade de organização
social, o homem intervém no arranjo da sua vida em sociedade,
administrando e guiando, em sistemas cada vez mais perfeitos à medida
que a sua cultura se for alargando; para o bom governante, cada cidadão
não é uma cabeça de rebanho; é como que o aluno de uma escola de
humanidade: tem de se educar para o melhor dos regimes, através dos
regimes possíveis. Pela liberdade económica, o homem assegura o
necessário para que o seu espírito se liberte de preocupações materiais e
possa dedicar-se ao que existe de mais belo e de mais amplo; nenhum
homem deve ser explorado por outro homem; ninguém deve, pela posse dos
meios de produção e de transporte, que permitem explorar, pôr em perigo a
sua liberdade de Espírito ou a liberdade de Espírito dos outros. No
Reino Divino, na organização humana mais perfeita, não haverá nenhuma
restrição de cultura, nenhuma coacção de governo, nenhuma propriedade. A
tudo isto se poderá chegar gradualmente e pelo esforço fraterno de
todos.»
Agostinho da Silva, in 'Textos e Ensaios Filosóficos'
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