Introdução à conferência
A
Comissão Executiva do XVIII Encontro Nacional dos Combatentes decidiu
prestar homenagem a todos os portugueses, civis e militares, que em
África se sacrificaram pela sustentação do Império, promovendo uma
conferência, em conjunto com a Direcção da Revista Militar e a
Associação de Antigos Auditores dos Cursos de Defesa Nacional, no dia 9
de Junho de 2011, no Auditório 3 da Fundação Calouste Gulbenkian, em
Lisboa.
Para
o efeito procedeu a convite a académicos eméritos para o tratamento
dos temas que pareceram mais adequados aos fins em vista, e que irão
proporcionar a reflexão sobre os méritos do legado civilizacional
deixado em África pelos portugueses. Por razões evidentes da
exiguidade do tempo foi dada prioridade a Angola, Moçambique e Guiné,
onde decorreram as últimas operações militares do Império, não
esquecendo igualmente o preito de homenagem aos que defenderam a
soberania nacional noutros territórios ultramarinos.
A
Conferência terá duas partes, sendo a primeira dedicada à ocupação dos
territórios na senda das Descobertas, que custaram muitas vidas de
cidadãos nacionais, especialmente provocadas por doenças, assim como ao
alargamento progressivo do espaço em conformidade com as capacidades
nacionais, sem prejuízo da manutenção das posições costeiras
ameaçadas por forças estrangeiras, em particular europeias. A presença
portuguesa neste espaço fez vingar os direitos históricos
reivindicados por Portugal quando os apetites das outras potências,
muito mais poderosas, se tornaram ostensivos, principalmente a
partir do Congresso de Berlim de 1884/5. A reacção nacional ao Ultimato
inglês veio provar que a tarefa ciclópica de construção de um Império
que aquela ocupação constituiu, de facto, um desígnio nacional.
Este
andamento dos portugueses, funcionários, empresários, comerciantes,
militares e missionários, foi algumas vezes contemporâneo, noutras
antecedeu, as migrações dos povos africanos. O processo da conquista
deu origem a choques, submissões, reconhecimento de direitos, típicos
de processos semelhantes ocorridos ao longo da História em todas as
partes do Mundo.
Importa-nos
uma descrição objectiva das situações então ocorridas de acordo com os
valores do tempo histórico, desmascarando enfoques que não visam a
verdade, mas que se verificam, muitas vezes para denegrir a importância
da presença portuguesa, num jogo de poder invisível.
Interessa
reflectir sobre os encontros ocorridos entre os portugueses e os
africanos, traduzidos em negociações amigáveis, que constituíram
verdadeiros encontros civilizacionais. O legado mais importante
deixado por Portugal foi o início da constituição de Nações nos
territórios definidos à custa de vidas humanas e do reconhecimento
internacional dos direitos históricos sobre esses territórios. E é o
resultado daqueles encontros e deste legado que tornarão indestrutíveis
os laços que actualmente unem Portugal a todos os países onde se fala
a língua portuguesa.
A
segunda parte da Conferência trata do esforço militar realizado por
portugueses e africanos, civis e militares, indígenas e forças
expedicionárias, nas lutas pela definição dos limites territoriais e
pela consolidação da soberania, a partir dos finais do século XIX e
durante a primeira década do século XX, assim como os novos problemas
políticos que conduziram à Guerra do Ultramar.
Fonte: O Adamastor
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