Não gosto de unanimismos. Assim, foi pasmado que assisti ontem ao debate entre jornalistas na SIC Notícias sobre a inédita entrevista ao presidente da república:
nenhum dos convidados fez o mais pequeno esforço por disfarçar a sua
antipatia para com o personagem, sendo que os esgares de ressentimento
de António José Teixeira pareceram-me até despudorados. Deste fenómeno
de unanimidade do “quinto poder” que se evidencia há muito, pelo menos
desde que se começou a adivinhar a inevitável a reeleição de Cavaco, o
que me aflige mesmo é a dificuldade dos jornalistas tirarem daí as
devidas ilações: o modelo semipresidencialista remete-nos para uma
mistificação a respeito dos poderes e isenção do cargo. Um mito benigno
para os da sua facção, maligno para os seus detractores, trágico para a
Nação. Ou seja, a falta de uma Chefia de Estado orgânica é bem mais
grave quando o país se acerca do olho do furacão e carece como nunca dum
sólido símbolo de unidade.
publicado por João Távora em Real Associação de Lisboa
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