Ontem tive o prazer, a sorte e a
honra de co-entrevistar Gonçalo Ribeiro Telles, a pretexto da reorganização dos
municípios, tema da actual agenda política. A idade do arquitecto pouco menos
(catorze anos) é do que a soma das idades dos dois que o ouviam, preocupadíssimo
com a situação do país enquanto território, a desqualificação dos políticos e
autarcas e até com a falácia da universidade. Para ele, nada do que se projecta
fazer vai ao fundo do assunto, coloca o dedo na ferida, que a cada ano piora.
Continua atento aos flagelos país afora. Trouxe escritos antigos, com as suas
ideias claras sobre um ordenamento baseado nas regiões naturais e no saber
acumulado que a História demonstra. Não conheço em Portugal ninguém como ele,
que contra o vento fala com acerto e saber técnico do que precisa ser feito para
reverter um caminho de clara destruição da nossa terra, que tendo impacto
suicidário é sobretudo ignorante e ambicioso de lucros imediatos. Uma ideia
fica: só se ama o que se conhece. E sem ouvir
os sábios, estudar as ciências, ter visão comparativa, ninguém pode decidir seja
o que for em que domínio for. E como não conhecem/estudam a sua terra, os
políticos não podem amá-la, o que significa protegê-la. Constroem-se estradas
que vão dar a sítio nenhum, como a certa altura disse o João. — Ouvindo Ribeiro
Telles, dei-me conta que a sua tão intensa relação de pertença só podia advir de
ser ele monárquico: causa ou consequência disso, pouco
importa!
Fonte: Corta-fitas
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