Jornal “Diário do Minho” de 16 de Outubro, pág. 4
Pretendente ao trono quer criminalização da crise
Dom Duarte Pio quer ver quem vai para a prisão
O
chefe da Casa Real de Bragança acusou ontem o regime republicano de ter
conduzido o país a uma situação de falência e fez saber que espera
agora a criminalização dos políticos responsáveis pela situação
económica e financeira em que Portugal de encontra. Dom Duarte Pio
deixou claro que os republicanos assumiram os destinos do país num
momento em que Portugal era um dos mais ricos da Europa, tendo-o
transformado num dos países mais pobres, 101 anos depois, apesar dos
muitos milhões e milhões de euros que chegaram da União Europeia.
«Em
1910, a república herdou um país rico. Uma centena de anos depois, e
após milhões e milhões de euros que nos foram concedidos pela União
Europeia, conseguiu levar o país à falência», acusou o pretendente ao
trono português, apontando o dedo «à incompetência e à corrupção» que,
no seu entender, tem caracterizado a classe política portuguesa.
O
pretendente ao trono português falava à margem de uma visita que
efectuou à freguesia bracarense de Oliveira S. Pedro, a convite da Junta
de Freguesia local. A deslocação de Dom Duarte motivou a inauguração da
primeira réplica dos Marcos da Casa de Bragança existentes na
localidade e que testemunham as delimitações de senhorio da Casa de
Bragança.
Dinheiro fácil não nos salva
Dom
Duarte Pio foi mais longe nas críticas que dirigiu ao regime
republicano e deixou claro que o país não pode deixar de responsabilizar
os responsáveis pelo descalabro das contas públicas. «Agora, quero ver
quem é que vai para a prisão», disse, sentenciando que «não é preciso
ser economista para saber que quando um país gasta mais do que produz,
acaba por ser confrontado com problemas muito sérios».
Assumindo
que os sacrifícios que estão a ser exigidos aos portugueses «são muito
violentos», o pretendente ao trono português não deixa de atribuir
alguma responsabilidade pela situação às ajudas financeiras que Portugal
tem recebido dos seus parceiros europeus.
«O dinheiro dos outros
nunca foi salvação, porque é sempre muito mal gasto. O que nos salva é a
nossa inteligência e a nossa capacidade de trabalho», continuou o duque
de Bragança, expressando a expectativa de que o país «saiba aproveitar
as lições da história para voltar a ser responsável e poder ultrapassar
as situações desastrosas a que a república nos conduziu».
Reconhecendo
que «a crise é muito dura e muito desagradável», o duque de Bragança
contrapôs que ela é também «uma oportunidade para analisarmos os que
fizemos de errado e mudar o rumo dos acontecimentos».
«Quando
a situação é difícil, é que somos capazes de olhar o futuro e resolver
os nossos problemas», sentenciou Dom Duarte Pio, acrescentando que
«espera que as pessoas mais válidas para ajudar o país a criar riqueza
não sejam obrigadas a emigrar e que aquelas que já emigraram possam
voltar, para ajudar o país a recuperar da crise».
Políticos são problema
O
herdeiro do direito ao trono questionou, a propósito, como pode ser
compreensível que Portugal tenha sido transformado num dos países mais
pobres da Europa, ao mesmo tempo que os portugueses tiveram um papel
determinante na transformação do Luxemburgo no país mais rico da Europa.
Desfazendo a contradição, o chefe da Casa Real sublinhou que «isso
demonstra que o problema não está na falta de capacidade dos portugueses
para gerar riqueza, mas na corrupção e falta de qualidade do regime
político».
Na
deslocação à freguesia de Oliveira S. Pedro, em que também tomou parte o
líder do PPM na Assembleia Municipal de Braga, Dom Duarte Pio subiu à
montanha local, para visitar o emblemático “Penedo das Letras”, que foi
visitado por Dom Miguel, em 6 de Dezembro de 1832. A espécie de
homenagem ao bisavô do actual pretendente ao trono foi assinalada com a
inauguração de uma placa comemorativa. A jornada monárquica, promovida
pela junta de freguesia republicana, pretendeu assinalar a «reabilitação
histórica» da localidade de Oliveira S. Pedro.
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