Numa Europa sem norte nem lideranças fiáveis, para a qual fomos
empurrados sem honra nem glória, estamos hoje aprisionados ao pagamento
de uma dívida causada, em primeiro lugar, pela entrada compulsiva numa
moeda que não era a nossa e para a qual não fomos consultados.
Conjuntamente ocorreu a globalização, que contribuiu para o
desequilíbrio das balanças de pagamentos europeias, que juntamente com a
irresponsabilidade de duas décadas de sucessivos governos democráticos,
que mais não fizeram que engordar o aparelho do Estado, empregando os
amigos dos recém-eleitos e empurrando os que os precederam para
Institutos e fundações diversas, indiscriminadamente criadas para os
manter calados.
No meio deste espaço geográfico em acelerada decadência, existe
um Estado que não consta da lista de falidos ou pré falidos e se
encontra sem governo eleito, há quase um ano! A Bélgica não é um País do
sul da Europa, não consta que tenha uma dívida pública para além do
razoável, tem no seu território parte dos agora quase inexistentes
Órgãos de Soberania Europeus, mas tem um Rei, único elemento aglutinador
de duas Nações que não morrem de amores entre si.
Podemos,
assim, concluir que em Monarquia, é possível governar em gestão, sem que
isso abale a estabilidade financeira e sem andar constantemente nos
noticiários internacionais da desgraça.
Estando Portugal em crise
financeira, com a maioria da população a sofrer implacáveis cortes nas
receitas e subidas nos preços de bens indispensáveis, cabe perguntar se
não podíamos começar a cortar nas despesas mais supérfluas.
Reputo
de supérfluos, os custos de manutenção de uma quantidade de mordomias a
que os ex-presidentes têm direito, mais parte das do que agora ocupa o
cargo e que anda entretido a “nobilitar” com comendas, em nome da
república, emigrantes de sucesso nos EUA, pedindo-lhes que invistam na
terra que os obrigou a partir, à mingua de subsistência.
Não
estaríamos agora melhor, se tivéssemos um Rei e um governo de gestão,
que nos deixasse trabalhar, em vez de estar apenas ao serviço dos
mercados financeiros e da troika?
Dom Vasco Teles da Gama in Diário Digital (16-Nov-2011)
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