
Neste artigo, irei falar acerca do adesivismo de uma certa elite
monárquica depois de 1910 até aos dias de de hoje. Isto, com a
finalidade de dar a conhecer aos leitores, todas as tentativas de
silenciar-se a oposição monárquica.Desde já, responsabilizo essa mesma
elite, pela política de silenciamento, que pôs em causa, a acção de
personalidades como: Paiva Couceiro, Almeida Braga, Vieira de Almeida,
Abel da Cunha, Henriques Barbosa, Luís Leite Rio, Augusto Carlos
Saldanha, Pessoa da Costa, Fernando Amado, Costa Félix, Alberto
Abranches, entre outros.
Os monárquicos democráticos(os verdadeiros) nunca tiveram condições
para organizar-se como uma estrutura clandestina.Lutaram contra o
salazarismo ao lado de anti-salazaristas como Mário Soares e até houve
(e há) monárquicos no PCP. Até anarquistas monárquicos houve sendo o
caso flagrante o de João Camossa, mas houve mais ilustres descohecidos…
Por razões óbvias isso foi abafado: a tentativa de Salazar ocultar do
conhecimento dos Portugueses a existência de uma oposição monárquica (um
continuar da república do 5 de Outubro de 1910); E outra razão bem mais
grave: A dita causa monárquica “aristocratizada” ser colaboracionista
com Salazar. Um pouco como aconteceu com a implantação da república em
Portugal em que o adesivismo foi bem mais determinante que a nojenta
carbonária.
Tenho a certeza que é só esse facto e nada prende-se com
características retrógradas ou saudosistas.Basta intercalar com a
experiência liberal Portuguesa desde 1820 até 1933, em que, o outorgar
da carta constitucional de 1826, como uma infeliz iniciativa de D. Pedro
IV, permitiu a permanência de uma elite preocupada unicamente em
satisfazer os seus interesses. A literatura de Eça de Queiroz é muito
evidente! Essa característica continua a fazer-se sentir na actualidade.
Assim, o movimento que originou o PPM original é apenas obra de meia
dúzia de homens sérios e sábios que continuaram a luta das
personalidades que refiro acima.
Com a leitura do documento torna-se evidente que a implantação da
república interessou a muitos sectores da dita “nobreza” monárquica para
defender interesses monopolistas nas possessões ultramarinas. Isto,
contra a política do governo de D. Carlos de não ceder ao lobby
colonialista do século XIX. Será sempre a ideia do império colonial que
orientará a política da república do Estado Novo.
Lanço mais uma critica à falta de inteligência política de D. João VI
em gerir as consequências da sua ida para o Brasil em 1808, cujas
consequências ainda hoje sofremos actualmente.
O adesivismo de uma certa aristocracia que se originou por títulos
dados ao desbarato no século XIX foi a razão da deformação da ideia de
um Rei representante e defensor dos cidadãos contra os interesses de uma
certa parte desssa mesma parte nobreza amante de interesses económicos
de origem nova-rica e uns poucos tradicionais.
Isto aconteceu nos bailes e recepções de gala da república do Estado
Novo, em que muitos desses aristocratas eram presença constante. Isto,
em contraste com Paiva Couceiro que era preso e depois expulso do país
sem documentos, na expectativa que uma patrulha espanhola o matasse.
Isto em plena guerra civil Espanhola.
Partindo da ideia que Salazar é uma consequência da 1ª república e
que a forma republicana do seu poder, apelidada de Estado Novo, serviu
apenas para a sua satisfação pessoal, não acho estranho que este
tentasse fazer crer que era monárquico e que todo o seu elenco
governamental estava com a monarquia.
Não concordo com o facto de se referir em certas fontes que a
justificação da adesão de monárquicos à União Nacional se prender com o
facto de 60 ou 70% dos deputados desse partido se dizer monárquicos e
isso contribuir para a restauração. Se essa variável fosse verdade, a
presença de D. Manuel II em Portugal seria inevitável. Porque é que esse
“grupo” não contribuiu para o regresso do Rei?
Temos de ver que essas ideias foram a propaganda do partido
republicano português em 1908-1910 e único programa político depois de
1910.
Por isso, o Estado Novo , sendo uma consequência do 5 de Outubro de
1910, não me parece estranho que aproveitasse essas ideias e
desprestigiasse ainda mais a ideia monárquica.
Isto, porque tenho a certeza que Salazar tinha consciência da
possibilidade da restauração monárquica após 1926, porque, o golpe do 28
de Maio foi o fracasso das ideais republicanas de 5 de Outubro de 1910,
apesar, de o 28 de Maio ser mais um pronunciamento militar que
caracterizou Portugal, desde a implementação do liberalismo.
Assim há certeza que a primeira república só acaba em 1933 e que a
ditadura militar e o reviralho republicano são invenções políticas,
depois perpetuadas pela historiografia republicana.
O Estado Novo continuou com a política, seguida pela primeira
república, de silenciar a oposição monárquica, tentando ocultar a sua
existência. Enquanto à oposição de carácter republicano era reconhecida a
sua existência, à de carácter monárquico não era reconhecida. E assim
se explica porque é que se criou o mito da república do 5 de Outubro
como uma época de liberdades e garantias democráticas.
Ou seja, a ideia que os republicanos do Estado Novo tentaram vincular
era que todos os monárquicos estavam conotados com o salazarismo. E
quem fosse da oposição era comunista ou republicano-histórico.
Tal como hoje acontece, alguns monárquicos de brasão, desde 1910, são
os que têm mais ganho com a república. Usam a ideia monárquica como uma
questão de status para lhes dar o passaporte a recepções oficiais e a
“tachos” republicanos. Os monárquicos da segunda fase do Integralismo
Lusitano e a sua luta pela liberdade surgiram da vontade de cidadãos
empenhados em salvar a população de um republicanismo burguês, na
verdade devoto aos interesses particulares.
É mais que óbvio que Salazar tinha noção da força da ideia monárquica
na consciência social. Porque não esqueçamos toda a instabilidade do
período de 1910-1933: Crimes, repressão, fome, guerra, desemprego,
partidarização. Esses factos são um contra-senso das ideias republicanas
apregoadas desde 1908.
Mas qual era o ponto fraco da causa? As elites.
Certos condes, barões, e outras pessoas que rodearam em vida D.
Duarte Nuno, com o objectivo de obter favorecimentos. Com essa
mentalidade, não seria muito difícil a Salazar aliciar as elites
monárquicas com o partido da União Nacional.
Mas a oposição monárquica foi silenciada! O que é bem diferente de
não existir. O movimento de monárquicos democratas (herdeiros legítimos
do regime monárquico constitucional antes de 5 de Outubro de 1910), que
deu origem ao PPM surgiu da fusão de várias correntes monárquicas depois
da 2ª Guerra Mundial. É com o primeiro manifesto monárquico de Outubro
de 1957, durante a “campanha eleitoral” desse ano que começa a formar
uma estrutura permanente.
Só este parágrafo põe em causa toda a historiografia desde 1910. Por
isso, sabendo o leitor que a oposição monárquica existe desde 1910, acho
que se deve estar a perguntar: Porque é que as Reais Associações não
continuam com este excelente trabalho?
Por uma razão muito simples: os continuadores do PPM original, onde
Gonçalo Ribeiro Telles pontificou, são as Reais Associações que
trabalham e não se vergam á vontade da oligarquia aristocretina e as
forças vivas independentes que querem a mudança de regime resultantes,
mas alguns pseudo- monárquicos de brasão procuram tirar benefícios com a
república a querer usar algumas reais como feudos pessoais e das
famílias.
O trabalho da Restauração envolve todos os monárquicos de todas as
classes, não uma elite que não faz nem deixa fazer e que só integra
membros que acha que devem pertencer á sua família de interesses e os
outros que não interessam é para rejeitar. Para quem se diz tão nobre,
agem como se fossem dirigentes de colectividades de bairro.Lutar pela
democracia monárquica é um trabalho de equipa não exclusivo de certas
pessoas. A verdadeira aristocracia está do lado da sociedade civil e não
precisa do Geneall para se legitimar, pois são seguros da sua
identidade e tradições centenárias e até milenares, logo são humildes.
O Movimento de Unidade Monárquica tenta dizer que a juventude e a
sociedade civil monárquica pensam e queremos provar que a esmagadora
maioria dos monárquicos não estão interessados nos “cheques” da
república. Acreditamos sim, nos benefícios sociais de uma Monarquia e de
uma verdadeira democracia para Portugal. E não venham certos críticos
dizer que somos contra a nobreza, porque no MUM há jovens de origem
humilde e de origem nobre, mas acima de tudo somos humanos e iguais. A
monarquia é do povo e para o povo, seja a classe social, cor política,
religião, orientação sexual, etnia etc. Precisamos do Rei e o Rei de
todos nós, os portugueses, em nome da dignidade da Pátria.
Daniel Nunes Mateus