Para ler
No
dia de celebração de Reis, várias personalidades ligadas à Monarquia
juntaram-se num jantar, com o objetivo de promover o produto português. E
se voltássemos a ter um rei? Essa foi a pergunta que deixámos a Dom
Duarte e Manuel Beninger, do PPM bracarense.
Dom Duarte
"Não faz sentido celebrar o 5 de Outubro"
Celebrou-se,
em 2011, o Centenário da República. Como vê estes 100 anos, em que
metade foram de República e a outra metade de ditadura? Porque defende a
Monarquia? - Eu acho que, se a Revolução do 5 de Outubro
tivesse valido a pena para alguma coisa, não teria sido necessário fazer
outra revolução em 1926, que deu a ditadura, e outra em 1974. Um regime
que, em 100 anos, precisou de três revoluções para finalmente por
Portugal num estado de falência como está hoje, não vejo grande méritos
nem motivos para festejar. Estes 10 milhões de euros para festejar o
Centenário serviram para esclarecer um pouco a realidade histórica, mas
pouco mais. Acho muito bem que o feriado de 5 de Outubro tenha sido cortados, porque vamos festejar o quê? De
qualquer forma, temos alguns exemplos na Europa em que se mantém a
Monarquia Constitucional, mas a crise também afeta esses países…Todas as
Monarquias actuais são democráticas, mais democráticas do que muitas
repúblicas e são bons exemplos. Veja-se o caso do Japão, da Austrália,
Espanha… Claro que a crise atinge muitos países e muitos regimes mas, se
virmos a maneira como as Monarquias europeias reagiram à crise, creio
que foram mais positivas que a forma como estamos a ultrapassar esta
fase. Talvez a Espanha esteja a reagir menos bem, porque na verdade não é
um país, são vários países.
Como pensa que vão ser os próximos anos em Portugal? - Curiosamente,
há dias o nosso pároco dizia que esta é uma oportunidade para
desenvolvermos as nossas potencialidades, desenvolver soluções e
alternativas locais, a solidariedade. Quem pode, deve ajudar mais e não
viver às custas dos outros. Infelizmente, há muita gente mais
interessada em receber subsídios que em trabalhar e 30% das ofertas de
emprego em Portugal não têm ninguém interessado. Chegou a ocasião para
fazermos uma reforma profunda e distribuirmos os recursos de uma forma
mais justa e equitativa. Por outro lado, o aspecto caritativo também
será muito importante. Não se deve confundir caridade com solidariedade.
Solidariedade tem a ver com as pessoas de quem eu gosto ou com quem
simpatizo; para as pessoas que eu não conheço trata-se de uma questão de
caridade, porque temos obrigação de ajudar as pessoas que precisam,
mesmo que não conheçamos ou não gostemos deles.
Na sua opinião, a política a seguir deve ser de mais cortes ou de mais investimento? - Deve
cortar-se onde se pode, no inútil ou supérfluo, e investir com cuidado.
Por exemplo, todos nós pagamos milhões por cinema e teatro que ninguém
vai ver. Não faz sentido. Gasta-se milhões a comprar tecnologia e até
cerâmica para equipar hospitais públicos. Os automóveis são importados.
Há muita coisa assim. Não somos coerentes com a necessidade de consumir
português. Tem que haver uma mudança de atitude e combater vícios de
novos-ricos, que fomos criando.
Como analisa a compra da EDP pelos chineses? - Se
é preciso dinheiro, tem que se vender, mas preferia que essas grandes
empresas continuassem controladas por nós. Temos um modelo de
desenvolvimento errado. Venho defendendo isso há muitos anos: destruição
da agricultura, da indústria, em troca de receber subsídios do
estrangeiro.
Acha que a sociedade não leva os monárquicos a sério? - Eu
acho que não. Numa sondagem da comissão dos 100 anos da República,
perguntou-se às pessoas quem era republicano. 60% disseram que sim, o
que quer dizer que 40% ou é monárquico ou anarquista, que são muito
poucos. Os meios de comunicação não nos levam a sério, talvez por uma
questão de preconceito e uma certa falta de conhecimento político.
Pensam na Monarquia como uma coisa do passado, em vez de nos comparar
com as Monarquias contemporâneas.
Estaria disponível para assumir o papel de rei? - Sempre
disse que estou ao serviço de Portugal, seja na diplomacia, seja na
promoção dos produtos portugueses. Se um dia os portugueses quiserem que
eu assuma a Chefia de Estado, como uma pessoa completamente
independente e apartidária, estarei disponível.
Manuel Beninger
"Já vivemos 100 anos de catequização republicana e os resultados estão à vista"
Faço-lhe a mesma pergunta que ao Dom Duarte. Monarquia porquê? - Os
países mais desenvolvidos no mundo ocidental são monarquias. O curioso
desses países é que têm a hipótese de referendar se os cidadãos querem
manter este sistema político ou se querem mudar. Por exemplo, a
Austrália fez esse referendo há 12 anos e o povo preferiu continuar com a
monarquia, sendo o chefe de estado a Rainha de Inglaterra. É preciso
perceber que a monarquia já não significa o rei em cima de um cavalo a
correr atrás dos Mouros. É algo que é isento de partidos políticos,
isento; representa a história de um povo e a tradição. Pode parecer
estranho ter um filho a suceder a um pai, mas acaba por ser uma situação
natural. Os casos de sucesso por essa Europa fora são a prova disso.
Qual acha ser a razão de tanta distância das pessoas em relação à monarquia? A hereditariedade? - Causa
em Portugal, fruto de 100 anos de catequização republicana. Passa a
ideia de que foi feita uma revolução para libertar o povo da opressão e
dar-lhe a democracia e isso é completamente errado. A democracia já
existia antes de 1910.
Acha que num período de crise como o que vivemos, as pessoas vão começar a pensar na monarquia? - Completamente
convencido que sim. A república está a cair no pior que lhe pode
acontecer, que é quando o Chefe de Estado começa a não ter o respeito
dos cidadãos. Quando se comparam custos que a República portuguesa com
os custos da Monarquia espanhola, por exemplo, a diferença é abismal.
Nós gastamos em Portugal 16 milhões de euros, para 10 milhões de
habitantes; a Espanha, 8 milhões, para 40 milhões de habitantes. Isto é o
despesismo total e eu, como monárquico, até estranho que estes assuntos
comecem a ser falados sem qualquer pudor, na praça pública.
![]() |
LER |
Colunata do Bom Jesus recebeu Jantar de Reis
Dom
Duarte, Duque de Bragança e D. Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga e
Primaz das Hispânias, foram os convidados de honra do Jantar de Reis
organizado anualmente, em Braga.
Na
edição deste ano, o destaque foi todo para a promoção dos Produtos
Regionais e Locais e do Comércio Tradicional apresentados pelas
confrarias nacionais, associações e empresas locais através de uma
exposição de produtos com direito a degustação. “Esta iniciativa, com
tradição na cidade de Braga, assenta numa vontade transversal a muitos
atores locais, movimentos, associações monárquicas, bem como a
individualidades com relevância política e social na região”, explicou
Manuel Beninger, Presidente da Comissão de Organização.
No
evento, estiveram presentes a Confraria Panela ao Lume, a Real
Confraria do Vinho Alvarinho, a Confraria dos Gastrónomos do Minho, a
Confraria Gastronómica do Milhos, a Confraria das Tripas à Moda do
Porto, a Confraria do Abade, a Confraria Gastronómica do Sarrabulho, a
Confraria da Broa de Avintes, a Confraria Gastronómica da Terrada Maia, a
Confraria Gastronómica da Raça Arouquesa, a Confraria do Pão de Ló
Tradicional, a Confraria do Vinho Verde, a Real Confraria de São
Teotónio, a Confraria do Bom Jesus, a Confraria do Queijo da Serra da
Estrela, a Confraria Queirosiana, a Confraria da Doçaria Conventual de
Tentúgal, a Confraria do Medronho, a Confraria do Bolo de Ançã, a
Confraria do Carolos e das Papas de Milho, a Confraria do Espumante, a
Confraria do Chapelão, a Confraria Almas Santas da Areosa e do Leitão, a
Confraria do Azeite, a Confraria Gastronómica da Maçã Portuguesa, a
Confraria da Broa de Avança, a Confraria Gastronómica do Mar, a
Confraria Gastronómica do Bacalhau, a Confraria das Papas de S. Miguel, a
Confraria Gastronómica do Bucho de Arganil, a Confraria do Vinho do
Porto, entre outros membros da Federação Portuguesa das Confrarias.
Além
das confrarias, fizeram-se representar a Associação Comercial de Braga,
na figura do presidente Macedo Barbosa, a Associação Industrial do
Minho, pelo presidente António Marques, a ADERE-Minho, pelo presidente
Abílio Vilaça, a ADRIL, por Francisco Calheiros, ADRITEM, por Teresa
Pouzada, a Associação de Turismo de Aldeia, por Paula Xavier, entre
outras.
Sem comentários:
Enviar um comentário