A Internet veio, instalou-se, faz parte das nossas vidas. Mudou a
sociedade e mudou também o movimento monárquico, pelo menos na sua forma
de comunicação. Mas se nos aproximou, também veio sublinhar as nossas
diferenças. Se promove o debate, também realça a falta de valor da
argumentação. Se é fonte de novas ideias, quase todas vão parar ao
caixote de lixo do esquecimento. Não é apenas um problema dos
monárquicos porque não somos um grupo de eremitas ascetas, nem um
conjunto de revolucionários que se escondem, nem muito menos uma
sociedade secreta com tendências e objectivos escondidos. A nossa agenda
é bem clara, o nosso objectivo é forte, o nosso propósito já vem dos
tempos dos nossos avós.
No seu início, a Internet era a revolução definitiva que nos haveria de
libertar. Em que se tornou? - Uma fogueira de vaidades em sites
de sociabilidade sem interesse ou relevância, pseudo-movimentos e blogs
que não são mais do que um poço sem fundo de incoerências, um vazio
infinito. Afinal não fomos libertados, fomos aprisionados ainda mais em
nós mesmos e nos nossos erros, em idiossincrasias sem significado. De
que serve a informação ilimitada se é errada e controlada por grupos de
valores e intenções duvidosas? De que serve o acesso universal se o que
se banalizou não foi o conhecimento ou a sabedoria, mas sim a
pornografia?
Não haja dúvidas: destruímos o produto com maior potencialidade dos
últimos séculos da humanidade. Que se perdeu em vulgaridades e
mediocridades, por um vocabulário ridículo que envergonharia os nossos
melhores escritores, por relações humanas pouco saudáveis, por uma
socialização doentia que se está a tornar sacrossanta. No final perdemos
todos, elevámos a fragilidade de valores e a adoração dos prazeres
imediatos da sociedade. Desengane-se quem pensa que aprendemos a pensar
com o progresso tecnológico, estamos é a aprender a ser domesticados com
maior eficácia e rapidez. Estamos a viver uma nova idade média formada
por crise económica, crise de valores, crise de ideias e , pior que
tudo, crise de esperança. Eu ainda acredito, porque acredito que um dia
certo Pescador da Galileia lançou uma rede num local estéril, mas depois
o barco quase transbordou de peixes e alimentou milhares de pessoas. É
um milagre que é necessário hoje em dia, nesta rede em que comunicamos.
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