A
historiadora Monique Vallance defende que a acção da Rainha D. Luísa de
Gusmão tem sido negligenciada, "ofuscada pelos homens da sua vida", mas
tomou as decisões necessárias para salvar a independência de Portugal,
reconquistada em 1640.
A
investigadora da Universidade da Califórnia é autora de uma biografia
da mulher de D. João IV que, em 1640, liderou a revolta contra Espanha e
reconquistou a independência de Portugal.
D.
Luísa de Gusmão, escreve Monique Vallance, "conseguiu tomar as difíceis
decisões necessárias para salvar, não só a dinastia, mas a própria
independência do país".
A
obra integra a colecção de 32 biografias de Rainhas consortes, em 18
volumes, cuja publicação o Círculo de Leitores iniciou no ano passado.
No total, esta colecção conta com a colaboração de 28 investigadores que
abordam as Rainhas em diferentes vertentes, desde a influência política à
relação com os filhos, passando pelos hábitos alimentares e até a
correspondência.
No
caso de D. Luísa de Gusmão, espanhola originária da casa ducal de
Medina-Sidonia, foi grande a influência política ao ter assegurado a
regência na menoridade de D. Afonso VI, de 1656 a 1662, e o papel que
desempenhou na luta para afastar este monarca por incapacidade, em prol
do irmão, D. Pedro II.
"D.
Luísa faria o que fosse necessário para salvar a dinastia [de
Bragança], mesmo que isso significasse afastar um filho a favor de
outro", escreve Monique Vallance.
A
rainha foi a "campeã da Restauração e da independência portuguesa", que
terá afirmado que preferia "morrer reinando do que viver servindo".
A
historiadora faz eco de uma certa historiografia que estabelece a
existência de uma "mulher forte" atrás de D. João, descrito como "homem
fraco", todavia considera que a rainha foi "ofuscada" pelos fortes
embates da época.
Por
um lado, pelo marido, D. João, duque de Bragança, que "foi o principal
decisor por trás da Restauração da monarquia portuguesa"; por outro,
pelo escândalo do filho D. Pedro, que "usurpara o trono e a mulher do
irmão [D. Afonso VI]", que fez prender nos Açores durante nove anos e
depois no Paço da Vila, em Sintra.
Como
regente, D. Luísa de Gusmão foi uma estratega diplomática, nomeadamente
na forma como instruiu o marquês de Sande nas negociações do casamento
da filha Catarina com o Rei Carlos II de Inglaterra, chefe da Igreja
Anglicana.
Para
a autora, esta "aliança é vital para a compreensão da época" e "as
vantagens para Portugal ultrapassaram largamente quaisquer prejuízos".
Esta aliança político-matrimonial e diplomática valeu à regente fortes
críticas na época.
Denominada
"Rainha restauradora", D. Luísa de Gusmão viveu entre 1613 e 1666,
tendo escolhido morrer viúva e afastada das lutas políticas do paço no
Convento de Xabregas, em Lisboa, que mandou, entretanto, erguer.
Outro
volume editado nesta colecção é dedicado a D. Catarina de Áustria, "a
Rainha coleccionadora", mulher de D. João III, que foi regente durante
mais de 50 anos, de autoria de Annemarie Jordan.
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