Num cenário de paralelismo entre a agonia de um fim de regime de há
102 anos e a actualidade, não existem grandes diferenças, continuam a
existir os mesmos vícios, os mesmos desvarios, as mesmas “guerrinhas” de
alecrim e manjerona, sem os intervenientes pararem para pensar e
começarem a trabalhar.
Tenho, agora a certeza absoluta que é mais fácil, dizer mal uns dos
outros, quando o essencial é saber dar as mãos, em prol de um ideal e
esquecerem em definitivo as guerras pessoais e os protagonismos bacocos,
com sede de intervencionismo desadequado e despropositado.
Temos que olhar para nós próprios, e saber fazer um acto de
contrição, também erramos, sabendo igualmente que os outros também
erraram.
Caberá, deste modo, assumir uma postura de humildade.
As nossas vitórias, são as vitórias de todos, sem excepção, que deverão ser partilhadas por todos e para todos.
Parece-me ridículo, que continuem a disparar em todas as direcções e
ainda não tenham sequer atingido o alvo – já conseguiram, por várias
vezes, bater na chapa – são imensos os buracos em torno do alvo
principal, mas nenhum disparo, atingiu verdadeiramente o alvo (eu sei,
quem é que continua a sorrir, descansada, confortável a observar um
grupo de patuscos – caros amigos, também julgo que saberão).
O movimento monárquico, tem tido, fora estas querelas, uma
visibilidade que até há uns momentos atrás não tinha – mérito nosso ou
demérito do actual regime, é uma questão que deverá ser respondida ou
analisada. Quanto a mim, a respostas recairá numa mistura das duas
hipóteses.
Os intervenientes do movimento monárquico, identificam-se, através
das Reais Associações, como forma legitimada da Causa Real, outros
através de um caminho…mais intelectual, mas que também assumem, a
legitimação oficial dos organismos instituídos, dos quais fazem também
parte, e os que afirmam que através da existência de um partido
político, assumem o seu papel de intervenção no actual xadrez
partidário, e por fim surgem os que assumem o papel de não alinhados,
fazendo a ponte para uma política de proximidade entre a doutrina
monárquica e a população portuguesa.
Pois bem…a minha humilde opinião, é que todos têm razão. Não se admirem! É verdade, todos possuem as suas razões.
Isto é, se todos assumirmos os nossos papéis na luta pela causa
monárquica, teremos, sem dúvida um movimento monárquico alargado, com
vários sentidos de mensagem, ocupando espaços na sociedade civil, de
forma a criar ligações de proximidade com o povo. Para isto tudo
acontecer, terá que existir concertação, liderança e militância.
Quanto a mim, humilde monárquico, é a única via para restaurar a
monarquia em Portugal. Unir aquilo que é impossível unir, criando um
desígnio como um propósito.
Não haverá necessidade de se esconderam uns dos outros, quando todos são precisos.
Ser monárquico, não é crime, é ser também e principalmente português.
Não poderão existir donos da monarquia, porque esta pertence ao
erário da nosso património histórico, de mais de oitocentos anos.
A Monarquia é Portugal.
Não existe motivo aparente para se refugiarem em querelas que não fazem sentido nenhum, nem conduzem a coisa alguma.
Temos que assumir que uma ideia de um monárquico, pode ser partilhada
por todos, no intuito de engrossar essa mesma ideia e dotando-a de
conteúdos visíveis de mensagem.
Essa mesma mensagem deve ser partilhada por todos nós, quer nos
aspectos individuais de intervenção, quer nos seus aspectos colectivos.
Tem que ser unificadora para ser compreendida e ser transmissora de
esperança para os portugueses. Se esta não transmitir unidade e força, a
esperança que se pretende motivadora, desagrega em vez de unir.
As minhas palavras, tenho a certeza absoluta, são mais umas palavras a
juntar a muitas outras, que já foram ditas. Talvez não passem disso
mesmo, são apenas mais umas. Pretendem antes de tudo, alertar para o
facto de que vivemos momentos únicos no movimento monárquico, que
deverão ser aproveitados no imediato, correndo sérios de nunca mais
acontecer e adiarmos o que nunca deveria ter sido adiado.
Podem afirmar, que a actual crise será duradoura, eu também concordo,
no entanto, alerto para o facto, de a mesma estabilizar, no que
concerne à vida de contenção e de restrição a direitos anteriormente
ganhos e dados como garantidos, criando deste modo uma filosofia de vida
de acomodação ao facto e assumir em definitivo a precariedade da
própria crise, e isso, quanto a mim, é um cenário de uma “ditadura
democrática”, que restringirá os portugueses na livre escolha.
Por este facto, que poderá ocorrer, a mensagem monárquica terá que ser espalhada, sem condicionalismos e sem constrangimentos.
O nosso denominador comum (de todos os monárquicos) é a própria monarquia, com regime, e acima de tudo, Portugal.
Será difícil assumir o lema: “Servir e não servir-se”, que foi
apanágio dos nossos mais ilustres heróis, como foi, por exemplo,
Henrique de Paiva – Couceiro? Não residirá aqui, neste ponto, a grande
diferença entre o republicanismo com contornos de clientelismo e o
monárquico?
Qual será o exemplo, que o português espera de novo?
Não podemos esquecer que Portugal, foi construído penosamente, com
sacrifícios, desventuras, amores, guerras, ódios, abnegação, sangue,
tristezas e alegrias que são comuns a todos os povos, por este facto,
que é a nossa história, imperdivel, não podemos esquecer a memória de
nós próprios.
O momento de agora, é nosso.
Quando, recentemente consultei o livro de Rocha Martins, D. Carlos –
História do seu Reinado, na página n.º 598, encontrei uma profecia do
nosso saudoso Rei, feita ao seu último Presidente de Conselho, que se
iria cumprir, mas num terrível e doloroso resgate:
“…um recusando-se a collaborar no governo, contra o que eu desejava e
devia esperar; o outro fazendo causa commum nos tumultos da câmara.
Chegassem os republicanos ao poder e teriam que recorrer à ditadura.”
Como diria, mais à frente, o próprio Rocha Martins:
“…O sonho sebastiânico dos povos decadentes tornou-se pesadelo. E, na
Europa agitada, Portugal intranquilo, entrou na fase convulsa das
Nações enfermas que esperam a salvação, muito menos dum raciocinado
esforço que num portentoso milagre”.
Portugal tem saudades de ser Portugal.
Temos tido vergonha de o afirmar, por preconceito e muitas vezes por incúria.
A dinâmica impressa na sociedade portuguesa exige de nós, monárquicos, um empenho acrescido.
Aquando do Regicídio, o Jornal “Times”, conglobara o sentimento universal, ao publicar:
“A imprensa republicana glorifica os regicidas e pede amnistia geral
para os conspiradores militares e civis; o mundo civilizado observará,
provavelmente, que os senhores assassinos é que mandam”.
El-Rei D. Manuel II, iniciou o seu reinado com esta atmosfera. Durou dois anos. Acabou traído e exilado. Foi um Patriota.
Cabe-nos um desígnio de unir-nos, pedido desculpa por alguns
antepassados monárquicos, que naquela altura, não souberam cerrar
fileiras e proteger Portugal.
Não peço uma união introspectiva, ou seja, cerrar fileiras dentro dos
diversos grupos monárquicos, que actualmente existem, falo como é
óbvio, da união total das hostes monárquicas, assumindo importância
igualitária entre todos.
Uma Causa – Uma União.
Por Portugal.
VIVA O REI.
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