Para
abrir o apetite aqui vos deixo um excerto da entrevista de Pedro Mexia a
Miguel Esteves Cardoso hoje publicada na Revista do Expresso.
(…) Pedro Mexia
- Ao mesmo tempo que há essa dimensão quotidiana, também há um lado
mais ideológico: a fundação Atlântica, o prefácio a um livro de Teixeira
de Pascoaes e a monarquia. O prefácio ao livro de Pascoaes sobre
Portugal é uma verdadeira carta de amor.
Miguel Esteves Cardoso
– Portugal é um país especial, os portugueses são especiais. Há aqui
qualquer coisa de muito bom, qualquer coisa que merecia ser acarinhada e
guardada, a nossa maneira de ser, a nossa boa educação. (…) Já desisti
há muito tempo de lutar pelos princípios. Fiz a minha tentativa, as
pessoas têm o direito quando são novas, fazem jornais, fazem uma
tentativa de editora, tentam mudar a cultura do país, mas a partir dos
trinta, trinta e tal, pronto. Tinha princípios, como restaurar a
monarquia, tinha sonhos políticos para Portugal, mas abandonei-os
completamente.
Pedro Mexia – Parece haver uma ligação entre esse amor por Portugal e o ideário monárquico.
Miguel Esteves Cardoso – Há. A República é uma coisa terrivelmente francesa, mal contada, imposta.
Pedro Mexia – Como chegou à Monarquia?
Miguel Esteves Cardoso
– Eu nunca cheguei foi à República. Comecei pelo D. Afonso Henriques e
fui por aí adiante. Eles é que fizeram a alteração, não fui eu.
Pedro Mexia – Mas do ponto de vista das convicções pessoais…
Miguel Esteves Cardoso – Conhece
o Senhor Dom Duarte? Uma coisa se nota, quando se fala com ele, é a
maneira como se preocupa, mesmo, com toda a gente, com tudo o que faz
parte de Portugal. Não há nenhuma noção de sectarismo. É uma pessoa
obrigada a uma responsabilidade, recebeu esse legado e tem de tomar
conta, saber as coisas. Isso é muito impressionante, não é para glória
dele, é uma continuação.
Expresso Revista 24 de Março 2012
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