Em 1416, o Infante D. Henrique dividia o seu tempo entre o castelo de
Tomar, sede da Ordem, e a vila de Lagos, no Algarve. Em Tomar,
administrava as finanças, a diplomacia e a carreira dos pilotos
iniciados nos segredos do empreendimento marítimo. Inclusivamente, o
castelo era um cofre de recursos e de informações secretas. Por sua vez,
Lagos e a Vila do Infante , junto a Sagres, funcionavam como escola e base naval.
Assim, o Infante D. Henrique viveu tanto em Sagres como em Tomar,
preparando-se espiritualmente para a grande gesta das Descobertas. Nesta
cidade teve início uma das maiores aventuras da humanidade, a fazermos
fé no que disse o ilustre historiador Arnold Toynbee:
“Depois de Cristo, o maior acontecimento da História são as Descobertas.”
Essa aventura encontra na mística e no culto do Espírito Santo uma das suas mais fortes razões de ser. Como diz Anselmo Borges:
“Ora, na génese da aventura marítima não estão razões apenas de ordem
material. É que, se estas são as mais urgentes, não são as fundamentais.
Sem a mística e o culto do Espírito Santo, os Descobrimentos não têm
plena inteligibilidade.”
Foi em Tomar que o Infante D. Henrique
concebeu e amadureceu a ideia das explorações marítimas. Aí teve início
a gesta náutica que levou as caravelas portuguesas “por mares nunca
dantes navegados”, ostentando nas suas velas o símbolo da Ordem de
Cristo. Como afirma Amorim Rosa:
“Se Sagres foi a mão que lançou ao
mar as caravelas das Descobertas, Tomar foi o cérebro que organizou as
expedições e o alfobre de onde saíram os primeiros capitães das naus. E a
Ordem de Cristo foi a fonte de onde jorrou todo o oiro necessário para
alimentar tão grande empresa.”
Em Tomar, o Infante D. Henrique
mandou “cada semana, ao sábado, por sempre em minha vida e depois da
minha morte dizer uma missa de Santa Maria, e a comemoração seja do
Espírito Santo.”
In Eduardo Amarante, “Templários”, vol. 3
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