Estamos plenamente convencidos de que é melhor para o povo
ser bem governado, de acordo com as suas necessidades e com os seus interesses –
do que fingir que exerce uma soberania para a qual não está preparado e que por
isso delega em quaisquer demagogos habilidosos. Quer dizer (e sirvamo-nos aqui
da recente declaração dum grande republicano, Jean de Castellane, presidente do
Conselho Municipal de Paris: – «A experiência demonstrou que a verdadeira
democracia consiste menos em governar o povo, o que é impossível, do que em
governar para o povo, por meio de elites, que juntem à sua autoridade uma capacidade
técnica suficiente».
Isto não tem fácil contestação: o aparente governo do povo
(só aparente, porque é, de facto, governo dos partidos que exploram o povo)
deve ser substituído pelo governo da Nação organizada, em que o povo, arrumado
nos seus núcleos naturais, profissionais e regionais, influi realmente no
governo, através dos seus verdadeiros órgãos representativos.
O paradoxo é este: as doutrinas chamadas democráticas,
apregoadas como representando a felicidade do povo, só representam o ludibrio
do povo; e as doutrinas opostas é que realizam, afinal (se assim lhe quisermos
chamar aceitando a palavra antipática), uma verdadeira estrutura democrática da
sociedade nacional.
Sacuda-se, pois, de vez, a decrépita e falida mitologia do
último século!
João
Ameal in «Integralismo Lusitano - Estudos Portugueses».
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