O
discurso proferido pelo pretendente ao trono, S.A.R. Dom Duarte Pio, no
passado dia 5 de Outubro é, talvez, o único em que foi perceptível
alguma preocupação com a situação das famílias portuguesas, vítimas dos
falhanços da acção política republicana (responsável pelos problemas
actuais de Portugal). D. Duarte mostrou ter uma visão global dos
problemas do nosso país, e pensar nas possíveis soluções, o que o
demarca de todos os outros discursos proferidos nesse dia, pelos
políticos pró e anti-situacionistas.
D. Duarte foi o único que falou, verdadeiramente, de temas que
preocupam as pessoas. Um desses temas foi o modelo económico
insustentável que temos seguido e que foi sempre incentivado classe
política portuguesa. Um erro. Os nossos políticos, como bem salientou D.
Duarte, não foram até agora capazes de incentivar um modelo económico
sustentável e que garanta o bem-estar de todos. Esta questão foi
ignorada pelos situacionistas, e criticada por anti-situacionistas, como
Mário Soares e António Costa, mas com o claro objectivo de simularem a
posse de soluções milagrosas para o problema. S.A.R. foi diferente, pois
abordou a questão não só de um ponto de vista cívico e ético, mas
lembrando que a acção política republicana é uma causa importante da
gestão administrativa deficiente que Portugal tem tido desde 1910. Uma
gestão que se mantém ainda hoje, apesar do progresso que temos vindo a
assistir ao longo das décadas, como podemos verificar no agravamento das
assimetrias regionais, na gradual desertificação do interior do
território e no aumento das desigualdades sociais.
D. Duarte, enquanto Chefe da Casa Real, defendeu neste discurso o
acesso à igualdade de oportunidades. Mas ao contrário do debate vazio
entre igualdade de oportunidades e esforço laboral, que vemos entre os
políticos situacionistas e anti-situacionistas, D. Duarte soube recordar
que o acesso à igualdade de oportunidades deve ser dado sem descurar o
esforço laboral de cada um, que também deve ser justamente recompensado.
Embora D. Duarte reconheça a importância do trabalho e esforço dos
funcionários públicos, tal com os anti-situacionistas, lembrou também
que, neste momento, quem suporta o Estado não são os funcionários
públicos mas sim os cidadãos e as empresas privadas. S.A.R., no seu
discurso, ultrapassou em qualidade e correcção as críticas dos
anti-situacionistas, ao exigir aos políticos respeito na gestão do
dinheiro público. Tal posição contrasta com discursos de políticos
demagógicos, que apenas sabem exigir diminuições de impostos, uma medida
que, quando podem chegar ao Poder, nunca cumprem de facto.
Mas o que mais distingue o discurso de D. Duarte de todos os outros é
a visão de conjunto alargada que mostra ter. Chamou a atenção para os
efeitos da crise europeia na sociedade e para a importância da
solidariedade; relembrando a história, propôs repensar Portugal de forma
a que todos possam ter uma vida socialmente útil, ver o mérito do seu
trabalho reconhecido, ter família e contribuir, com a sua acção, para o
engrandecimento do país (acompanhado de um repensar do sistema político e
das instituições, com o objectivo de se atingir uma efectiva justiça
social e coesão económica e territorial, aproximando os políticos dos
cidadãos).
À luz de tudo isto, S.A.R. reforçou as vantagens da instituição real
no século XXI para criar na figura do rei um factor de coesão nacional: o
rei procura compreender a vida nacional e agir pelo interesse do país.
Portugal precisa de um novo paradigma político que una todos os
cidadãos, e no qual a Coroa é o garante da sua execução. D. Duarte
defende que a chefia do Estado deve assentar na Coroa porque esta
representa a continuidade histórica, bem como uma garantia de isenção
face às facções políticas, de eficácia e transparência política e um
passo importante no combate à partidocracia. Através do seu discurso, D.
Duarte apoiou a acção diplomática de Portugal na União Europeia (cuja
sustentabilidade é possível se Portugal conseguir ser ouvido em pé de
igualdade com todos os outros), bem como no campo da Lusofonia. Em
ambas, considera, o papel de um rei, como representante por excelência
da cultura, história e língua da nação, poderá ser uma mais-valia.
Tal como D. Duarte, eu também acredito na Monarquia, que vejo como um
regime capaz de alcançar a união e promover a coesão nacional. Tal como
lembrou D. Duarte no seu discurso, é curioso ver como os vários países
europeus que mantiveram a Monarquia continuaram a marchar rumo ao
progresso, e são dos países mais desenvolvidos do Mundo, e têm
mentalidades mais dinâmicas e inovadoras do que a portuguesa. Mas apesar
de acreditar em tudo isso, eu, tal como D. Duarte, também acredito que
tudo isto só voltará a Portugal se for essa a vontade popular, ao
contrário da acção radical de golpistas, de carbonários e das “Formigas
Brancas” de antigamente.
Viva Portugal! Viva a Monarquia! Viva D. Duarte!
Vítor André Ferreira Monteiro
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