Ao que parece, Isabel Jonet, tinha cometido o imperdoável pecado
capital de dizer numa entrevista que preferia a caridade ao Estado
social e, sobre isto, já de si claramente subversivo e provocatório, de
invocar S.Paulo. Se as luminárias da Quadratura, por uma questão de
curiosidade, se houvessem dado ao excessivo trabalho de ir ao site do
Banco Alimentar, descobririam logo que ele não aspira a ser senão “uma
resposta necessária mas provisória” a uma situação desesperada, porque o
Estado deve garantir a qualquer pessoa “um nível de vida suficiente que
lhe assegure e à sua família, a saúde e o bem-estar , principalmente
quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à Assistência médica”
e ainda a toda a variedade de contribuições que se tornem necessárias.
E, para que não restem dúvidas, o Banco Alimentar rejeita a “caridade
condescendente” e define o seu trabalho como uma “opção de cidadania”,
que, em última análise, se destina a contribuir para o advento de mais
“justiça” social.
Quanto à dra. Isabel Jonet, que o anticlericalismo indígena
escolheu para bode expiatório da sua impotência, é uma mulher estimável
que, de repente, se viu metida no meio de um jornalismo espertalhão. Não
sendo nem moralista, nem teóloga, nem política, falava com a maior
inocência sobre si e o seu papel no Banco Alimentar, não lhe ocorrendo
que se podia meter num sarilho ou suscitar uma polémica a cada palavra
atravessou este pequeno tumulto com dignidade e boa fé. E suspeito que
ganhou apoios para o Banco Alimentar. Isabel Jonet mostrou que era uma
senhora normal, honesta e franca – exactamente o contrário dos políticos
que lhe ladram aos pés.
Vasco Pulido Valente, no Público, via AA -
Insurgente.
publicado por João Távora
em
Corta-Fitas
ARTIGO COMPLETO DE VASCO PULIDO VALENTE NO PÚBLICO
«Na
Quadratura do Círculo, António Costa, António Lobo Xavier e Xana
Pacheco Pereira, sob a moderação muda de um funcionário da SIC,
resolveram discutir algumas declarações da dra. Isabel Jonet e o "Banco
Alimentar" a que ela preside. Pacheco Pereira, como sempre, serviu a
peça do PS. Lobo Xavier tentou endireitar as coisas,com pouca convicção e
quase sem informação.
E António Costa deu, deliciado, uma no
cravo e outra na ferradura. Claro que o nó do problema foi a diferença
entre caridade e Estado social. Carlos Pacheco Pereira, por indignação
ou ressentimento, voltou aos seus tempos de esquerdista, lá veio com a
velha conversa de que na essência a caridade humilhava quem a recebia; e
que o Estado, prestando um serviço, se limitava a responder a um
direito legal do cidadão.
Ao que parece, Isabel Jonet tinha
cometido o imperdoável pecado capital de dizer numa entrevista que
preferia a caridade ao Estado social e, sobre isto, já de si claramente
subversivo e provocatório, de invocar S. Paulo. Se as luminárias da
Quadratura, por uma questão de curiosidade, se houvessem dado ao
excessivo trabalho de ir ao site do Banco Alimentar, descobririam logo
que ele não aspira a ser senão "uma resposta necessária mas provisória" a
uma situação desesperada, porque o Estado deve garantir a qualquer
pessoa "um nível de vida suficiente que lhe assegure e à sua família, a
saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário,
ao alojamento, à assistência médica" e ainda a toda a variedade de
contribuições que se tornem necessárias. E, para que não restem dúvidas o
Banco Alimentar rejeita a "caridade condescendente" e define o seu
trabalho como uma "opção de cidadania", que, em última análise, se
destina a contribuir para o advento de mais "justiça" social.
Quanto à dra. Isabel Jonet, que o anticlericalismo indígena escolheu
para bode expiatório da sua impotência, é uma mulher estimável que, de
repente, se viu metida no meio de um jornalismo espertalhão. Não sendo
nem moralista, nem teóloga, nem política, falava com a maior inocência
sobre si e o seu papel no Ba Guevaranco Alimentar, não lhe ocorrendo que
se podia meter num sarilho ou suscitar uma polémica a cada palavra.
Atravessou este pequeno tumulto com dignidade e boa fé. E suspeito que
ganhou apoios para o Banco Alimentar. A Quadratura do Círculo irritou
muito boa gente. Confesso que me irritou a mim e que decidi logo ajudar
com regularidade essa extraordinária empresa. Mais do que isso, estou
contente com a decisão. Primeiro, porque eles merecem.
Segundo, porque Isabel Jonet mostrou que era uma senhora normal, honesta
e franca - exactamente o contrário dos políticos que lhe ladram aos
pés.»
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