Quando, confessando-se impotente para ir mais longe nas
necessárias reformas na Nação, devido às constantes acções de bloqueio
dos partidos, que ele mesmo crismara de " rotativos ", João Franco falou
ao Rei na sua intenção de se demitir da chefia
do governo, D. Carlos demoveu-o desse propósito contando-lhe uma
anedota: " Na guerra dos sete anos, contra a Inglaterra, a Austria e a
França, Frederico, o Grande, já batalhava havia seis, quando, no momento
mais rude da campanha, surpreendeu um granadeiro que se preparava para
desertar; Frederico, serenamente, disse-lhe que ficasse e esperasse a
batalha do dia seguinte:- « Se a perdermos, desertaremos os dois » "
O
Conselheiro entendeu a mensagem. " Faziam-se as reformas. Já havia
ensaiado a via parlamentar, e tudo fracassara, ruíra, perdera-se no
rumor - com a dissolução do parlamento trabalhar-se-hia e depois
levar-se-hia á nova Camara o resultado, seguindo-se com as reformas
prontas, o paiz transformado, entrando, enfim, no que D. Carlos
ambicionava, e julgava só poder resultar da tenacidade do seu presidente
de conselho: a vida nova. ( ... ) A imprensa estrangeira, num
acolhimento desinteressado, aplaudia. O « Morning Advertiser » explicava
a lucta com os partidos por querer El-Rei implantar a moralidade
administrativa.
A maçonaria movimentava-se: em França, onde Magalhães Lima tinha influencia nos meios extremistas, três portugueses reuniam-se no restaurant Brébant, a fim de prepararem as cousas para um golpe contra João Franco. "
Rocha Martins, « João Franco e o Seu Tempo »
Cristina Ribeiro
Fonte: Estado Sentido
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