Se dúvidas ainda existissem, agora foram dissipadas - a “isenção e neutralidade”
do chefe de estado que os defensores da república tanto apregoam como
sendo um dos valores do decrépito regime, pendeu para um dos lados.
No discurso proferido nas comemorações
oficiais do 25 de Abril, o Presidente da República apoiou directamente o
Governo, afirmando que estava ao lado dos partidos da maioria e que não
queria eleições antecipadas.
Com este discurso nitidamente
partidário, e que ofende os princípios da pluralidade, o Presidente da
República em nada contribuiu para o consenso nacional, antes pelo
contrário agravou as divisões existentes no país e comprometeu,
definitivamente, a sua pretensa neutralidade.
Mas porquê tanta indignação por parte da oposição?
É ou não verdade que um Presidente pelo
simples facto de ser eleito, representará sempre a facção que o elegeu,
uma vez que a isso está vinculado? Como pode um Presidente eleito por
uma parte da população simbolizar e exprimir a unidade nacional?
Quem representa os cidadãos que não
votaram no actual PR e que foram a maioria da população portuguesa,
somando os votos noutros candidatos, nulos, brancos e as abstenções? É
que como a escolha da chefia do estado resulta da via eleitoral, os
vencidos nunca são representados...
Assim só um chefe de estado imparcial,
extra-partidário e agregador das vontades nacionais, pode representar na
plenitude todos os portugueses. E esse Chefe de Estado só pode ser um
Rei, que desde cedo é preparado para servir o país, que possui uma
“especialização em conhecimentos gerais” e não um qualquer dirigente
partidário, ex-primeiro ministro, ex-presidente da Câmara de Lisboa,
ex-professor universitário, etc.
O PR tem necessariamente uma cor
política e partidária. Logo a sua acção não pode ser independente e
imparcial, uma vez que está dependente dos compromissos que o ligam ao
seu partido e fica refém das forças que o apoiaram. Os apoios
financeiros não são prestados gratuitamente e como tal terão de ser
recompensados...
Embora os candidatos presidenciais se
afirmem independentes, chegando ao cúmulo de se desfiliarem dos partidos
que militaram ou dos quais foram dirigentes, enquanto dura o mandato
presidencial, após o que pedem de novo a sua readmissão, têm realmente
independência se quem os indicou para tal cargo foram esses partidos?
Com o discurso oficial do 25 de Abril de 2013 a máscara caiu a Cavaco e Silva.
Obrigado senhor Presidente da República por ter deixado a nu o regime republicano.
Publicado por por José Aníbal Marinho Gomes em Risco Contínuo
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