Como
viria, depois, a escrever Rui Ramos, Dom Carlos era um Rei diferente
dos que actualmente quase só dão notícias para as revistas cor-de-rosa.
Achava, bem, que não subira ao trono apenas para " reinar ".
No mesmo sentido escrevera já Henrique Barrilaro Ruas:
" Como poucos soberanos dos tempos modernos, El-Rei
Dom Carlos teve a consciência muito clara do que é ser Rei. Condenado a
uma existência puramente simbólica, o Rei guardava o carácter essencial
da Realeza de sempre. ( ... ) Em El-Rei Dom Carlos era muito viva a
consciência da irmandade com todos os homens, sem distinções de classes
ou de ideias. ............................... ........................................ ............
........................................ ... .
E , no entanto, que alta figura a de El-Rei! Mostram-no aos olhos
serenos da História documentos sem número, em que Dom Carlos I se revela
a corpo inteiro. « Um caso exemplar de Humanismo Português » - lhe
chamou, certeiramente, o Dr. Carlos de Soveral. ( ... ) Chegada a hora
das decisões extremas, o Rei não recua perante nenhuma responsabilidade.
Quer a Constituição que ele seja irresponsável; D. Carlos I assume a
plena responsabilidade [ que entende caber-lhe no exercício do governo
da Nação ]. Incompreendido por quase todos os chefes monárquicos, El-Rei
escolhe o caminho mais difícil - o caminho do poder pessoal. "
Cristina Ribeiro, Estado Sentido
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