Autor: Miguel Villas Boas
«(…)
É alguém capaz de indicar um benefício, por leve que seja, que nos
tenha advindo da proclamação da República? Não melhorámos em
administração financeira, não melhorámos em administração geral, não
temos mais paz, não temos sequer mais liberdade. Na monarquia era
possível insultar por escrito impresso o Rei; na república não era
possível, porque era perigoso, insultar até verbalmente o Sr. Afonso
Costa. (…) A situação de Portugal, proclamada a República, é a de uma
multidão amorfa de pobres-diabos, governada por uma minoria violenta de
malandros e de comilões. O constitucionalismo republicano, para o
descrever com brandura, foi uma orgia lenta de bandidos estúpidos (…)»,
retratou Fernando Pessoa a I.ª República.
Reparou ainda, Antero de Quental, que “De uma tal República só há-se sair a anarquia e a fome”.
Neste pequeno verde e rubro jardim à beira-mar implantado existe um
enorme manicómio republicano repleto de Napoleões e Cleópatras que
perambulam, peripatéticos, dando-se ares de importância que
manifestamente não possuem. Enfatuam uma pose institucional e
calcorreiam periclitantes, um mais ombreado que outro por energúmenos de
pistolita, verdugos do cidadão comum, mas complacentes com os grandes
corsários seus amigos.
Como puderam os republicanos, em tão pouco tempo – vai fazer apenas 103
anos –, repudiar a história de uma Nação quase milenar – o Reino de
Portugal e dos Algarves existiu de 1139 a 1910, tendo 771 anos de
duração -?!
Portugal só foi grande em Monarquia e na república ficou reduzido, por
defeito de regime, a um simples protectorado. O decorrer dos anos só tem
acentuado as contradições do regime.
Os partidos republicanos com o seu clubismo e caciquismo mergulharam as
instituições do Estado numa agonia profunda; assinaram os contratos da
nossa desgraça; e a todo custo, enclausurados numa redoma de
privilégios, tentam manter o status quo e mascarar a má qualidade do
produto que “vendem” em tempos de eleições. Manifestamente responsáveis
pela situação do País, nunca estiveram à altura das enormes
responsabilidades que assumiram sem qualquer preparação.
Não é preciso fazer um grande exercício de imaginação para interpretar
os factos e corroborar as próprias conclusões, basta fazer uma leitura
racional da história.
Presciente, pareceu prenunciar, o príncipe das Letras, Eça de Queiroz
que escreveu: “Estamos perdidos há muito tempo… O país perdeu a
inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as
consciências em debandada. Os caracteres corrompidos. A prática da vida
tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja
desmentido.
Não há instituição que não seja escarnecida.”
De facto em política deixou de haver – se alguma vez o houve em tempos
republicanos – sentido de missão. Há uma desqualificação da classe
política. O regime coloca os seus próprios algozes e seus apaniguados;
não ocupam os lugares de responsabilidade por mérito, antes sim, se
instalam. O “tu dás, eu recebo!”, não pode continuar. Tiram tudo para
eles enquanto subministram o cidadão comum.
Não há mais hipótese de actuar dentro do corrente sistema! Não é
possível navegar nas mesmas águas! Não faltam culpados, mas sobram
inocentes: o Povo.
Não tem graça, pois é trágico-cómico, mas esses políticos continuam a
ver Hipogrifos, Fadas e Unicórnios onde todos os outros vêem,
inquietados, o tormento da Nação, pois são os factos que contradizem os
primeiros; mas quanto mais negam, mais sabemos que é verdade. Os
políticos do regímen já há muito perderam o comboio da realidade. Por
isso, actual é, também, a análise, mais uma vez, expressa por Eça de
Queiroz, in Novos Factores da Política Portuguesa, Revista de Portugal,
Abril 1890: “E sem desejar ser descortês para com personalidades somos
forçados a constatar que os actuais chefes republicanos, como tais, como
chefes, fazem sorrir toda a parte séria da nação.”
De facto, continuam a julgar-se pessoas de excepção, como se fosse nossa
obrigação leva-los em ombros – essa honra apenas concedida aos escassos
heróis, reis-conquistadores e Césares que a história da humanidade
produziu. Mantê-los, pois, faz tanto sentido como um ciclista de
cartola!
Para haver verdadeira Democracia tem que haver consentimento esclarecido e representatividade.
Onde está a Democracia, se nos negam o direito à escolha: nunca foi dado
aos Portugueses a liberdade de escolher sobre que sistema de governo
pretendem – república ou Monarquia -, pois o regime foi imposto
revolucionariamente, e, a Constituição da república portuguesa, ao
consagrar na alínea b) do Artigo 288.º que “as leis de revisão
constitucional terão de respeitar a forma republicana de governo”,
impede com esta Cláusula Pétrea um referendo nacional sobre esta
matéria. Contudo, apesar do limite material, nada impede que formalmente
haja uma revisão constitucional, tudo depende do bel-prazer de 2/3 dos
deputados eleitos e em efectividade de funções.
Está na hora dos Monárquicos serem chamados a jogo!
Não escrevemos para desfazer, porque desfeito já o regime está. É preciso polarizar as críticas.
E porquê?
Não procuramos nos Astros a resposta aos problemas do País. Não pudemos
ver ângulos em círculos viciosos. Deixamos isso para os políticos
republicanos! Basta de um regime de Imperium paternale, que vê os
cidadãos como crianças menores que não podem discernir o que lhes é
realmente vantajoso ou nocivo, submetendo-os a comportar-se de modo
paciente, aguardando da classe dirigente um alvitre sobre a melhor
maneira de que devem ser felizes, e no grau que essa classe o queira.
Isto posto, cumpre esclarecer a nossa posição: não preconizamos o
regresso de punhos de renda, de librés e de cabeleiras ou perucas
similares, nem a instituição obrigatória dos bigodes com as guias
retorcidas, nem o regime da Monarquia Portuguesa anterior a D. João I.
Todavia, não somos “Ronins” (Samurais sem Mestre), temos um Rei a Ser.
Que regresse a Monarquia com a estrutura e natureza das europeias: todos
iguais e à cabeça um Rei com o Poder Moderador para orientar o País.
O que pretendemos? A MONARQUIA! Então: ACÇÃO!
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