"(...) António Sardinha, que se mantivera republicano, abandona em 1912 as suas ilusões políticas. Em carta de 30 de Dezembro desse ano, para Luís de Almeida Braga, dá-lhe conta da sua conversão. É um documento que, na verdade, como diz Almeida Braga, não se lê de olhos enxutos. A sua beleza moral retrata vivamente o nobre coração do querido e malogrado Mestre.
Apesar de ser fácil a sua consulta, não resisto a transcrever aqui uma parte dessa carta, em que António Sardinha, depois de participar ao amigo o seu casamento, lhe diz ter-se convertido ao Catolicismo e à Monarquia.
“Casei-me, Luís, é verdade! Mas com que tristeza, ao entrar no meu lar, eu reparei que levava as mãos vazias, que os meus vinte e cinco anos não tinham como os vossos a grandeza duma abnegação, a auréola dum sacrifício. E admirei-vos, admirei-te! Vós sois no niilismo moral que nos abafa o fermento sagrado que há-de levedar uma Pátria. De cá vos saúdo, como te saudei no momento supremo em que deixava de ser um ponto, uma pausa, para me tornar o anel duma cadeia infinita.
(…) Corri depois o nosso Portugal e lá estive em Chaves rezando com minha mulher sobre a campa rasa dos Mártires. Bendito sangue, que foi uma sementeira de milagre!
Recordas-te, Luís, de um dia me dizeres na tua casa, ao fim da jeropiga e entremeando um cavaco com a senhora Teresa (passei a Valpaços, a terra dela), que o erro jacobino havia de morrer em mim, por incompatível com a sinceridade que eu lhe consagrava, e que os meus olhos se abririam para as verdades eternas? Pois, meu amigo, meu Irmão, leste fundo na minha alma e com alegria te conto a minha conversão à Monarquia e ao Catolicismo, — as únicas limitações que o homem, sem perda de dignidade e orgulho, pode ainda aceitar. E eu abençoo, eu abençoo esta República trágico cómica que me vacinou a tempo pela lição da experiência, que livrou a minha existência dum desvio fatal. Rapazes, saibam lá que em Portugal a crença monárquica prospera, saibam que, se repudiamos a miséria partidária dos bandos antigos, muito mais repudiamos a oligarquia criminosa que nos escorcha!
A Monarquia que venha reinstalar a paz neste pobre país, que se reorganizem os fundamentos sociais por um acto de inteligência e força, senão pulverizar-nos-emos numa vergonhosa derrocada!” (...)
Leão Ramos Ascensão, in 'O Integralismo Lusitano'
Apesar de ser fácil a sua consulta, não resisto a transcrever aqui uma parte dessa carta, em que António Sardinha, depois de participar ao amigo o seu casamento, lhe diz ter-se convertido ao Catolicismo e à Monarquia.
“Casei-me, Luís, é verdade! Mas com que tristeza, ao entrar no meu lar, eu reparei que levava as mãos vazias, que os meus vinte e cinco anos não tinham como os vossos a grandeza duma abnegação, a auréola dum sacrifício. E admirei-vos, admirei-te! Vós sois no niilismo moral que nos abafa o fermento sagrado que há-de levedar uma Pátria. De cá vos saúdo, como te saudei no momento supremo em que deixava de ser um ponto, uma pausa, para me tornar o anel duma cadeia infinita.
(…) Corri depois o nosso Portugal e lá estive em Chaves rezando com minha mulher sobre a campa rasa dos Mártires. Bendito sangue, que foi uma sementeira de milagre!
Recordas-te, Luís, de um dia me dizeres na tua casa, ao fim da jeropiga e entremeando um cavaco com a senhora Teresa (passei a Valpaços, a terra dela), que o erro jacobino havia de morrer em mim, por incompatível com a sinceridade que eu lhe consagrava, e que os meus olhos se abririam para as verdades eternas? Pois, meu amigo, meu Irmão, leste fundo na minha alma e com alegria te conto a minha conversão à Monarquia e ao Catolicismo, — as únicas limitações que o homem, sem perda de dignidade e orgulho, pode ainda aceitar. E eu abençoo, eu abençoo esta República trágico cómica que me vacinou a tempo pela lição da experiência, que livrou a minha existência dum desvio fatal. Rapazes, saibam lá que em Portugal a crença monárquica prospera, saibam que, se repudiamos a miséria partidária dos bandos antigos, muito mais repudiamos a oligarquia criminosa que nos escorcha!
A Monarquia que venha reinstalar a paz neste pobre país, que se reorganizem os fundamentos sociais por um acto de inteligência e força, senão pulverizar-nos-emos numa vergonhosa derrocada!” (...)
Leão Ramos Ascensão, in 'O Integralismo Lusitano'
Publicado por Guilherme Koehler no Grupo “A Monarquia Sem Tabus” (Nem correntes, Nem mordaças)
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