As liberdades tal como as entendeu e praticou o liberalismo - a
abolição das corporações em nome da liberdade de trabalho; a
secularização e o abandono dos princípios tradicionais na vida pública
para satisfazer a falácia da liberdade de consciência; a livre e
ilimitada concorrência, a usura e os lucros desenfreados para assegurar a
liberdade de concorrência - deram origem à concentração da riqueza e a uma proletarização crescente.
O operário da fábrica tornou-se um escravo convertido numa máquina que apenas serve para produzir, sem qualquer direito a um cuidado moral.
Escrevia Hilaire Belloc em "A Crise da Nossa Civilização":
"O capitalismo tornou-se uma calamidade não porque defende o direito legal da propriedade, mas porque representa, pela sua própria natureza, o emprego desse direito legal em benefício de uns poucos privilegiados, contra um muito maior número de homens que, embora livres e cidadãos em igualdade de condições, não possuem uma base económica própria.
Assim, a esta calamidade básica que de uma maneira drástica chamamos capitalismo, devíamos, com mais precisão, chamar «proletarianismo», pois as características do mau estado da sociedade a que hoje chamamos capitalista não estão no facto de que uns poucos tenham propriedades, mas no facto de que a maioria, ainda que do ponto de vista político seja igual aos seus senhores e livres para exercer todas as funções inerentes a um cidadão, não podem disfrutar de uma liberdade económica completa (...) A presença de um proletariado tão amplo é que transmite o tom a todo o conjunto da sociedade e faz dela uma sociedade capitalista."
Guilherme Koehler
Publicado no Grupo “A Monarquia Sem Tabus” (Nem correntes, Nem mordaças)
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