por Luís Lavradio, em 07.04.14
Quando o economista e Prémio Nobel Simon Kuznets apresentou o seu
novo conceito estatístico - o PIB - ao Congresso dos EUA há precisamente
80 anos, advertiu que embora fosse um bom indicador da actividade
económica de um país, dificilmente se poderia inferir da mesma métrica o
seu nível de desenvolvimento ou o nível de bem-estar da sua população.
80 anos mais tarde, apesar desta sábia advertência por parte do seu
progenitor, comprovada por variadíssimos exemplos onde o crescimento do
produto interno bruto esconde impactos nocivos no verdadeiro progresso
de um país e do seu povo, o crescimento do PIB continua a ser a métrica
dominante na determinação de política económica. Compreende-se, por
isso, a procura crescente de indicadores alternativos que se centram na
pessoa humana, tratando o crescimento económico como um meio e não um
fim. As Nações Unidas têm dado um importante contributo nesse sentido
através do seu programa de desenvolvimento, a UNDP.
O produto mais emblemático da UNDP é o Relatório de Desenvolvimento
Humano, publicado anualmente, e o resultante Índice de Desenvolvimento
Humano, onde o PIB é apenas um entre vários indicadores relacionados
quer com níveis de educação e escolaridade, quer com a saúde e que nos
dá uma melhor visibilidade do verdadeiro bem-estar num qualquer país.
Embora a maior utilidade deste índice seja a nível das situações mais
complicadas nos países em desenvolvimento, também serve para ver as diferenças existentes nos países ocidentais, onde se encontra o nosso
Portugal.
A monarquia é, na sua génese, um regime profundamente humanista, onde
a primeira preocupação do Rei foi sempre o bem-estar das gentes. Essa
prioridade, exemplificada continua e constantemente na história do nosso
País, tornou o Rei no principal aliado do povo contra as estruturas que
foram ameaçando os seus direitos fundamentais. As monarquias modernas,
apesar da posição não-executiva do monarca, conseguiram conservar essa
ligação onde o povo vê na independência e autoridade da Instituição Real
o seu último reduto, acima da luta política e do ciclo eleitoral e, na
Família Real, a "sua" família, que se vai renovando naturalmente e
acompanhado os destinos do País. É esta ligação que reforça a autoridade
e legitimidade da Coroa e a sua capacidade de influenciar e intermediar
junto dos actores políticos e do sector privado, em benefício do povo.
Sem comentários:
Enviar um comentário