Os CTT - Correios de Portugal lançaram uma
emissão filatélica que assinala os 500 anos do nascimento do beato Frei
Bartolomeu dos Mártires, arcebispo de Braga e um dos vultos portugueses do séc.
XV.
A emissão filatélica é composta por um selo de
30,6 x 40 mm, com o valor facial de 0,70€ e uma tiragem de 175 000 exemplares,
bem como um bloco filatélico de 125 x 95 mm, com um valor facial de 3,00€ e uma
tiragem de 44 500 exemplares.
O selo reproduzirá um retrato de D. Frei
Bartolomeu dos Mártires do pintor Lo Muscio, enquanto que o bloco conterá sob
um fundo representativo do Concílio de Trento, um outro retrato do “Arcebispo
Santo”, do pintor António André. O design esteve a cargo do Atelier B2.
Frei Bartolomeu nasceu em 1514 na
freguesia dos Mártires em Lisboa, da qual assumiu o patronímico, e com quinze
anos de idade ingressou na Ordem de Pregadores, professando a vida religiosa
dominicana no Convento de São Domingos de Lisboa em 1529.
Entre 1540 e 1551, ano em que é
promovido a Mestre de Teologia pelo Capítulo Geral celebrado em Salamanca,
exerce o ensino da filosofia e da teologia no Convento de Nossa Senhora da
Vitória, na Batalha.
Em 1558, devido a pressões da
Rainha D. Catarina e do seu Prior Provincial Frei Luís de Granada, aceitou o
governo do arcebispado de Braga, entrando na cidade um ano depois com um
comitiva muito reduzida e sem pompa, facto que provocou algumas criticas e a
necessidade da visita de frei Luís de Granada e mais alguns frades para o
persuadirem a uma vida menos austera e pobre.
Pouco depois, em 1561, D. Frei
Bartolomeu dos Mártires parte para Trento, para o Concilio convocado pelo Papa
Pio IV, no qual teve um papel significativo no debate de algumas determinações
conciliares como a obrigatoriedade da residência dos Bispos nas suas Dioceses e
a disciplina de vida do clero.
De regresso a Braga, em 1564,
procurou promover as reformas que tanto tinha defendido no Concílio. Nesse
sentido convocou imediatamente um Sínodo Diocesano e publicou um Catecismo no
qual facultava ao clero local. para além da doutrina a ensinar ao povo, algumas
propostas de sermões para os domingos e dias de festa.
É ainda neste espírito reformador
que visita todas as igrejas locais do seu arcebispado, que se estendia por todo
o território de Trás-os-Montes, desenvolvendo uma grande proximidade, na época
nada habitual, com o povo fiel que lhe estava confiado. É este mesmo espírito
que o faz permanecer em Braga quando em 1570 é declarada a peste.
Aproveitando a celebração das
Cortes de Tomar, em 1581, nas quais presidiu ao juramento de D. Filipe I como
rei de Portugal, D. Frei Bartolomeu dos Mártires apresentou o seu pedido de
renúncia ao arcebispado de Braga.
Aceite a renúncia por parte do
rei e do Papa, retirou-se para Viana do Castelo, para o Convento de Santa Cruz,
fundação e construção que muito lhe devia desde 1563, pois para ela tinha
contribuído com as suas rendas e esmolas. Era o regresso à tranquilidade da
vida conventual, à vida de oração e estudo que tanto lhe custara a abandonar.
Morreu no Convento de Viana a 16
de Julho de 1590. A importância e significado da sua vida são rapidamente
evidenciadas pelo pedido da cidade a uma memória histórica, de que se
encarregou frei Luís de Sousa, e pelo processo canónico introduzido em Roma que
culminou com a sua beatificação em 2001 pelo Papa João Paulo II.
Esta emissão filatélica
comemorativa deste quinto centenário recorda-nos a acção reformadora no seio da
Igreja daquele que é conhecido como o Arcebispo Santo.
Texto biográfico: Fr. José Carlos Lopes de Almeida, O.P. (CTT)
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