Para
marcar a apresentação do livro “Estórias com História”, convidei o
Duque de Bragança para uma tertúlia no auditório do Museu Municipal de
Penafiel. Confesso que quando me sentei na cadeira para lhe lançar a
primeira questão, estava preparado para
respostas saudosas de um tempo distante e um discurso ultrapassado.
Enganei-me redondamente: na minha frente estava um homem culto, com um
sorriso sincero, com um sentido de humor contagiante e com um discurso
de quem domina todos os temas da actualidade.
Conduzi a
tertúlia ao sabor da minha curiosidade: queria saber como era ser “rei”
numa república; se se sentia especial por ser pretendente ao trono (até
porque tinha feito a viagem de Sintra a Penafiel de comboio); o que
pensava dos problemas que o país enfrenta e que solução propunha. Todas
as perguntas tiveram uma resposta de um bom senso desarmante e uma
grande clareza. A cada resposta às minhas questões fui descobrindo que
naquele homem existiam duas preocupações constantes: a Pátria e o seu
Povo.
Por momentos, senti-me desconfortável. Tinha tantas
ideias fixas sobre a monarquia e sobre a república e, de repente, aquele
discurso sereno, lúcido e que fazia sentido ia contra tudo o que eu
tinha pré-concebido, desmontando todas as minhas certezas.
Os
lugares do auditório onde decorreu a tertúlia não foram suficientes para
todos, mas até as dezenas de pessoas que ficaram a assistir em pé não
se desmobilizaram, ficando agarradas pelas palavras de Dom Duarte de
Bragança. No fim, quase todos ficaram para cumprimentar, conversar ou
tirar uma fotografia com o Duque de Bragança. Sentia-se que quase todos
estavam rendidos ao seu discurso e, tal como eu, surpreendidos pela sua
actualidade e lucidez.
(A foto é do António Morais, no momento em que fazia uma selfie)
Sem comentários:
Enviar um comentário