
"Muito embora o presépio de Jesus se reporte ao Evangelho de Lucas, que
não refere a presença dos Magos, geralmente não se omitem estas
enigmáticas personagens, que Mateus refere no seu relato. Pouco se sabe
da identidade ou da proveniência dos Magos, nem do que foi deles depois
daquele tão extraordinário encontro com o Rei dos Judeus. Curiosamente,
este título, por eles dado ao recém-nascido, é o mesmo que constará sobre a cruz.
Os Magos eram os sábios daquele tempo. A sua presença junto do Deus
Menino é significativa da homenagem que a inteligência deve prestar ao
Criador, louvando-o. Porque o mistério não humilha a razão, antes a
sublima e eleva onde, por si só, jamais se poderia alcandorar. Eram
sábios e por isso leram os sinais dos tempos: a sabedoria, afinal, mais
não é do que um olhar mais atento e penetrante sobre a realidade. Muitos
viram a estrela, mas só eles compreenderam o seu significado e se
puseram a caminho. Os ignorantes, como não sabem nada, nem sequer sabem o
que não sabem.
Os Magos, como eram sábios, sabiam muito, mas
também sabiam que não sabiam tudo. Conscientes da sua ignorância
teológica, ao chegarem a Jerusalém, perguntaram sobre o lugar do
nascimento de Jesus. Sábia foi também a sua decisão de acatar a douta
resposta dos peritos na ciência que não era a sua.
Quando
finalmente viram o tão desejado Rei dos Judeus, aqueles homens, com a
humildade própria do seu muito saber, prostraram-se e adoraram-no. Não o
fazem como crentes, pois eram gentios; nem como súbditos do novo Rei,
porque não eram judeus; mas como sábios, porque Aquele que adoram é a
Verdade, o princípio e o fim de toda a sabedoria."
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