«Provasse com muitos Vatecinios e Professias q o Rey D. Sebastiaõ ainda vive, e hade vir de novo reinar em Portugal»
4 de Agosto de 1578: El-Rei D. Sebastião desapareceu na batalha de Alcácer-Quibir, depois de ter combatido com inexcedível bravura.
Por
instantes, a batalha esteve praticamente ganha pelos portugueses, mas
um misterioso brado -- "Ter! Ter!" -- claramente ouvido na nossa
vanguarda, virou subitamente o curso dos acontecimentos e aquela que
poderia ter sido a mais estupenda vitória lusa em terras de Além-Mar,
tornou-se desde logo um desastre para o Reino.
Não obstante,
Alcácer-Quibir ficou na memória do povo como o campo de batalha da
Honra, da Cruzada, do Heroísmo e do Martírio. E bem no alto de tudo
isso, destaca-se a figura do jovem Rei, idealista e puro, que passou
para a História como "O Desejado".
Nunca o povo lhe guardou rancor
pelo desastre de Alcácer-Quibir. Pelo contrário, sempre o recordou como
um filho dilecto da Nação, tragicamente perdido, mas que um dia haveria
de voltar para "se cumprir Portugal".
Essa esperança no regresso de El-Rei chama-se SEBASTIANISMO,
como é sabido, e até hoje ela toca a alma de qualquer bom português
porque é ao mesmo tempo uma saudade do passado e uma confiança num
futuro melhor.
No dia 4 de Agosto, portanto, elevemos por um momento
os nossos olhos ao Céu e peçamos à Rainha da Esperança -- Nossa Senhora
de Fátima -- que nos traga o fruto consolador do sangue que os Heróis e
Mártires de Alcácer-Quibir certamente não derramaram em vão.
E para melhor meditarmos sobre isto, aqui vai a transcrição de um interessante manuscrito do séc. XVIII, publicado pela primeira vez em 1947:
Prova-se com muitos Vaticínios e Profecias que o Rei D. Sebastião ainda vive e há de vir de novo reinar em Portugal.
E para melhor meditarmos sobre isto, aqui vai a transcrição de um interessante manuscrito do séc. XVIII, publicado pela primeira vez em 1947:
Prova-se com muitos Vaticínios e Profecias que o Rei D. Sebastião ainda vive e há de vir de novo reinar em Portugal.
As
profecias propriamente ditas, por serem luzes do Espírito Santo,
disputam os Teólogos o modo como Deus pode mostrar que são Suas. As que a
Igreja definiu como tais, são matéria de Fé; e as que não têm tão
autêntico testemunho, tão qualificadas podem ser por outras razões que
será temerária impiedade julgá-las por falsas.
No que respeita à
vinda de D. Sebastião há muitos vaticínios, os quais, ainda que não
estejam aprovados pela Igreja, nem claramente conhecidos como profecias,
propriamente são tais e muitas qualificadas por algumas razões. Logo
pode dizer-se que é temeridade julgar os vaticínios absolutamente
falsos. Destes vaticínios, uns foram antecedentes à perda e ainda ao
nascimento do Rei D. Sebastião. Outros datam dos tempos que Ele esteve
neste Reino, antes de passar à África, e outros depois. Os que foram
antecedentes não o nomeiam por seu nome, mas trazem tais circunstâncias
que só a Ele podem aplicar-se. Os que foram contemporâneos com Ele, ou
depois da perda, alguns o apontarão com o dedo e outros o nominarão
claramente.
Primeiramente é profecia conforme de muitos Santos que há
de haver uma reforma na Igreja de Deus com a qual há de ficar. Que os
Mouros e Turcos hão de ser desbaratados; a Terra Santa recuperada pelos
Cristãos e que em toda a parte se há de gozar de grande união, paz e
felicidade, principalmente em Portugal.
[...] São Teófilo,
Bispo, depois de contar vários sucessos do Mundo na Profecia que começa
[com] «Dum summum Imperium occupabitur», diz que «um Rei desconhecido dos homens, santo diante de Deus, reputado por morto e não esperado para reinar, havia [de] recuperar os Reinos perdidos, sujeitar o Grão Turco e restituir aos Cristãos a Casa Santa.»
Fonte: "SOBRE O SEBASTIANISMO - Um curiosos documento do começo do Século XVIII", editado por A. Monteiro da Fonseca, Coimbra Editora Lda., 1959, págs. 49-50.
Fonte: "SOBRE O SEBASTIANISMO - Um curiosos documento do começo do Século XVIII", editado por A. Monteiro da Fonseca, Coimbra Editora Lda., 1959, págs. 49-50.
Os destaques gráficos e a adaptação da ortografia para o português actual são da responsabilidade da nossa Redacção.
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