O castelo de Algoso é uma das mais importantes fortalezas medievais do
Leste transmontano, evocadora das guerras com Leão, das tentativas do
monarca português em afirmar a sua autoridade na região e, finalmente, da comenda hospitalária que aqui se estabeleceu em 1224.
A arqueologia permitiu confirmar que, antes de a Idade Média aqui ter
erguido um castelo, foram várias as fases de povoamento,
identificando-se materiais dos períodos calcolítico (em particular
moldes de fundição de machados de bronze), proto-histórico e romano
(correspondendo, estes últimos, a elementos cerâmicos aparentemente
associados a uma lixeira do século IV e não a uma efectiva presença
militar).
A história do castelo de Algoso tem início no século XII,
em altura ainda incerta, mas que se poderá situar "durante a fase final
do reinado de Afonso Henriques, quando Sancho I se encontrava já
associado ao exercício do poder régio. Por essa altura, e de acordo com
informações das Inquirições de 1258, o castelo foi construído por Mendo
Bofino (ao que tudo indica um dos apoiantes da causa de Afonso Henriques
contra D. Teresa, e que, nas décadas centrais do século XII, teve
grande protagonismo no Leste transmontano), em troca da vila de Vimioso.
Verifica-se, assim, uma associação entre um importante nobre local (que
sabemos ter tido ligações com a corte de Leão, mas que se manteve fiel à
causa portuguesa) e o rei, indicador que, associado à condição do
castelo como cabeça da Terra de Miranda, revela bem a importância da
fortaleza "como ponto nuclear de apoio da autoridade régia" nesta
periférica região.).
Infelizmente, desta primeira fase de
construção, pouco ou nada sabemos. É possível que obedecesse "aos
princípios do "castelo românico", com ou sem torre de menagem no
interior do recinto murado", e acompanhando as condicionantes do
terreno, mas nenhum elemento resgatado arqueologicamente é
cronologicamente relacionável com esse período e, pelo registo
arqueológico, parece confirmar-se que os níveis do século XII "foram
arrasados nos séculos posteriores
A partir de 1224, a primitiva
estrutura foi radicalmente alterada. Nesta data, ou um pouco antes, o
castelo foi doado à Ordem de São João do Hospital, depois de um
relativamente longo período de guerra com Leão. Nesta altura, a expansão
da autoridade régia por Trás-os-Montes privilegiava a criação de
julgados e de vilas novas, de carácter urbano, relegando os castelos
para uma situação puramente defensiva e de conteúdo unicamente militar.
Na posse dos Hospitalários, o castelo foi transformado numa fortaleza
gótica, caracterizada por uma ideia de defesa activa. Data deste período
a torre de menagem heptagonal, assim concebida para melhor resistir a
ataques, proporcionar mais adequados ângulos de tiro (em particular os
verticais, conforme se documenta pela existência de um balcão de
matacães sobre a porta de entrada do recinto) e melhor servir de
residência ao comendador . Do projecto gótico, terá feito igualmente
parte um torreão localizado a Sul, que Duarte d'Armas ainda desenhou em
1509. Na transição para a Modernidade, o castelo foi parcialmente
actualizado à pirobalística, mas sem um programa extenso e coerente de
remodelação..
No Numeramento de 1530, refere-se que, no castelo, só
vive o alcaide e, em 1684, eram já muitas as estruturas que se
encontravam abandonadas e em ruínas. No final do século XVII, ainda se
procederam a algumas obras, mas só muito recentemente se inverteu o
processo decadente, primeiro com a DGEMN (nas décadas de 50 a 70 do
século XX) e, na actualidade, com o IPPAR que, em parceria com a
autarquia de Vimioso, aqui desenvolve um importante projecto de
recuperação e valorização do conjunto.
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