
” Conhece[m] o D. Duarte? Uma coisa se nota, quando se fala com
ele, é a maneira como se preocupa, mesmo, com toda a gente, com tudo o
que faz parte de Portugal. Não há nenhuma noção de sectarismo. É uma
pessoa obrigada a uma responsabilidade, recebeu esse legado e tem de
tomar conta, saber as coisas. Isso é muito impressionante, não é para
glória dele, é uma continuação.”in Expresso de 24 de Março de 2012
O movimento monárquico português, como afirmaria Miguel Esteves Cardoso, ”é o mais antigo movimento de resistência politica da Europa”. A atribuição de Foral precede a Magna Carta e ao contrário desta, o
Foral, possibilitava a livre reunião e eleição de representante em
Cortes pelo povo, uma independência política e cívica que aborrecia
largamente muitos aristocratas e que fazia do Rei um obstáculo aos seus
interesses privados.
Durante séculos a relação entre o Povo e a Coroa foi a expressão da
Monarquia e esta resumia-se a isso como se pode provar pela classe
social da maioria esmagadora dos braços que fizeram as descobertas,
restauraram a independência e lutaram contra invasões e
absolutismos. Descalços, armados apenas com um pau dispondo apenas da sua
vontade na defesa da Coroa como fonte primária da independência da
comunidade.
D. João I, que introduziu a Heráldica e os registos nobiliárquicos em
Portugal, teve apenas o apoio da população, viu-se forçado a reverter
para a propriedade da Coroa a maioria das Casas Nobres do Reino, tudo
porque a nobreza tal como no tempo de seu pai, D Pedro I, apoiava
preferencialmente o que se passava do outro lado da fronteira. D. João
IV reconheceu por escrito a base política do Reino no povo mas a
terratenência brasonada persistiu na sua guerrilha indo ao
ponto de vermos, em palavra impressa, na Constituição de 1910 a
extradição da Família real a par com a permanência, em República, dos
títulos nobiliárquicos. O Estado Novo nacionalizaria a Casa de
Bragança, que ainda existe , dando continuidade ao trabalho de corrosão
do prestigio que a Família Real, mesmo exilada, teimosamente mantinha
entre os populares. Nem a morte prematura de D. Manuel II esmoreceu o
movimento monárquico que hoje persiste.
A Monarquia é um passado que obriga à continuidade e não um passado que confere regalias e Poder,
enquanto a luta pela Restauração for um futuro comum que ultrapassa as
glórias individuais do presente apenas podemos e exigimos esperar que a
Monarquia advenha da consciente vontade de todos e não da anuência de
alguns.
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