O casamento real entre o Príncipe Real de Portugal Dom Carlos, Duque
de Bragança e a Princesa Dona Amélia de Orleães, Princesa de França, foi
celebrado no dia 22 de Maio de 1886, na Paroquial Igreja de Santa Justa
e Rufina, vulgo Igreja de São Domingos, e foi acompanhado por uma
imensa multidão popular que saiu às ruas de Lisboa engalanada para
acompanhar o cortejo nupcial.
O cortejo do noivo encimado por um Esquadrão de Lanceiros n.º 2 da
Rainha, saído da Ajuda, chegou às 12 horas à Igreja de S. Domingos, onde
hasteado no balcão nobre estava o Pavilhão Real, com as Armas Reais
sobre fundo vermelho-púrpura. Em torno da praça, vários bandeiras do
Reino e estandartes bipartidos com as cores Azul & Branco da
Monarquia Portuguesa, rematados por Coroa Real. A noiva com os pais, os
Condes de Paris, e respectiva comitiva, vindos do Palácio das
Necessidades, chegaram às 12h45m.
A cerimónia começou às 13 horas e foi oficiada pelo Cardeal Patriarca
Dom José Neto. Junto ao altar, na capela-mor do templo, sob um pálio
vermelho bordado a ouro, com os brasões de armas da Casa Real Portuguesa
e da Casa Real de França, estavam os noivos: D. Carlos fardado de
uniforme de gala de Major de Lanceiros n.º 2 e a seu lado, vestida de
noiva, uma encantadora Dona Amélia que dominava a atenção. À esquerda,
guardados por dois alabardeiros, nos respectivos tronos os Reis D. Luís I
e D. Maria Pia. O Rei trajando de grande uniforme de Marechal-General e
a Rainha um vestido de gala e sobre os ombros um majestoso manto
cor-de-rosa que foi realizado tendo como inspiração o pintado num quadro
de Peter-Paul Rubens intitulado ‘Triunfo de Maria de Médicis’.
Ao lado o sólio e a cadeira gestatória para o Cardeal Patriarca
capelão-mor da casa real, que oficiava auxiliado pelo cabido patriarcal.
À direita ficavam os Coxins para o Mordomo-mor, Duques e Marqueses, e
lugares reservados para as damas de Sua Majestade a Rainha,
oficiais-mor, ajudantes de campo, oficiais às ordens e médicos da real
câmara. Do lado da epístola, cadeiras para o cardeal bispo do Porto,
para os arcebispos e demais bispos.
Defronte do trono real, os Príncipes representantes dos soberanos estrangeiros e demais príncipes.
Atrás da realeza europeia, lugares para o seu séquito e lugares para os
Presidente e Membros do Ministério (governo), Conselho de Estado,
ministros e secretários de estado honorários.
Atrás e acostados à parede os cónegos, protonotários, desembargadores,
beneficiados e capelães cantores. No cruzeiro do templo, junto da
capela-mor e do lado do evangelho, ficaram os membros do corpo
diplomático e senhoras de sua família, assim como as Duquesas e mais
Senhoras da Grandeza do Reino, mulheres dos Ministros de Estado
efectivos, dos Conselheiros de Estado, dos Ministros de Estado
honorários e dos oficiais-mor, bem como as filhas solteiras de todos.
Defronte ficaram as deputações dos corpos legislativos e tribunais
superiores.
Em frente destes e do lado oposto, ficaram o governador civil de
Lisboa e a deputação da junta geral do Distrito de Lisboa. Do mesmo lado
estavam os assentos para os Condes, viscondes e barões, e demais
pessoas da corte. Do lado oposto ficaram o comandante da divisão militar
e mais oficiais de mar e terra. No corpo da igreja e tribunas laterais,
além do espaço destinado para estrangeiros de distinção, ficaram, do
lado do evangelho, os lugares para senhoras e para as deputações de
quaisquer corporações, e do lado da epístola para funcionários públicos e
para a imprensa. O resto do templo ficou franco para o público. O coro
ao fundo do templo foi destinado para a música da capela e casa real.
Terminada a cerimónia de celebração do casamento de D. Carlos e D.
Amélia de Orleães, os recém-casados saíram da Igreja de S. Domingos e
receberam as honras da Guarda Real que apresentou as armas. Precedidos
por dois Reis-de-Armas a cavalo, arautos, passavantes e
acompanhados pelos criados da Casa Real nas vistosas librés vermelhas e
amarelas, os noivos seguiram no coche do Papa Clemente XI, dentro do
qual acenavam para a multidão popular que enchia as ruas da Capital, em
especial num mar de gente sem fim nos Restauradores. A Monarquia
mostrava a sua popularidade junto do Povo honesto e bom!
Depois do copo-de-água no Palácio da Ajuda, e terminada a idílica
lua-de-mel em Sintra, os Duques de Bragança mudaram-se para a sua nova
residência, o Palácio de Belém.
Miguel Villas-Boas – Plataforma de Cidadania Monárquica
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