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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

terça-feira, 24 de outubro de 2017

FERNÃO LOPES: O PRIMEIRO HISTORIADOR PORTUGUÊS

Foto de Nova Portugalidade.

D. Leonor Teles a seduzir o fraco rei D. Fernando; o Mestre de Avis a apunhalar o infame amante da Rainha, o conde Andeiro; o povo de Lisboa a nomear o Mestre "regedor e defensor do Reino", o condestável Nuno Álvares Pereira a derrotar os Castelhanos em Aljubarrota, tudo isto é familiar a muitos Portugueses, mas se assim acontece, o mérito é de um homem acerca do qual não sabemos muita coisa: Fernão Lopes. Nada mais, nada menos, do que “um dos maiores escritores portugueses de sempre", nas palavras de Luís Almeida Martins.

A figura de Fernão Lopes, coberta de incertezas no que concerne à sua vida, terá nascido na década de 1380, filho de família plebeia. Conseguindo estudar e tornar-se num erudito, em 1418 é nomeado escrivão do Infante D. Duarte, e é lhe atribuída a responsabilidade de Guarda-mor da Torre do Tombo, recebendo uma tença anual. A sua vida é dedicada à análise e indagação de velhas histórias escritas, epístolas, pergaminhos de arquivos, e à postulação de documentação em cartórios de igrejas, epitáfios e memórias sepulcrais.

Mas porque é que Fernão Lopes se destaca como o pai dos cronistas, e o primeiro dos historiadores portugueses? Porque o seu principal objetivo era a narração da verdade. Nos finais da Idade Média, em que não havia crónica alguma que não fosse romanceada ou profundamente moldada segundo os interesses de quem a encomendava, este cronista fez um trabalho honesto e rigoroso na medida do possível, colocando como seu principal objetivo deixar escrita a verdadeira realidade dos acontecimentos. Os seus dotes para a escrita revelam-se em qualquer uma das suas obras, onde é apresentado um fio cronológico dos acontecimentos, que permite uma visualização durante a leitura, bem como um coloquialismo e dinamismo que até então escasseava nas escrituras portuguesas medievas. O valor que põe em usar o português é de louvar, uma vez que na altura as grandes obras eram quase todas escritas em Latim.

Largando a panegírica e exagerada exaltação que atribuía valor apenas aos heróis militares da nobreza, Fernão Lopes vai redimensionar a história escrita, falando de diversos temas, desde sócio-culturais a episódios do dia-a-dia caricatos, transmitindo também alguns códigos da ética e moral. A obra de Fernão Lopes resume-se, no fundo, à Crónica de D. Pedro I, à Crónica de D. Fernando, e à Crónica de D. João I (em duas partes); existe também um conjunto de crónicas soltas, na qual se insere a Crónica do Condestável. Muito do que se sabe hoje sobre este período importantíssimo de transição política e afirmação da nacionalidade do Reino deve-se a alguém que, usando as fontes que tinha disponíveis para o seu trabalho nos arquivos de Estado, constrói a História de algumas das mais célebres décadas da história nacional, sempre comprometido com a verdade, e que se não fossem assim cristalizadas, o que se saberia hoje seria muito parco.

Fernão Lopes nunca chegou a ser nobre, recebendo apenas o destaque de Vassalo d'El Rei, que lhe deu D. Duarte, para quem havia trabalhado desde cedo. Morreu com mais de 80 anos, idade avançadíssima para a época. O seu legado foi notável, e hoje é fonte de tudo o que se escreve sobre este período, no qual se decidiu, por vários motivos, o grandioso rumo que Portugal iria ter.

Na imagem, uma figura que poderá ser a de Fernão Lopes, num dos quadros dos Painéis de S. Vicente.

Tomás Severino Bravo

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