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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

A PRECOCE CONSCIÊNCIA IDENTITÁRIA PORTUGUESA

Foto de Nova Portugalidade.

Muito historiadores defendem a tese de que o nacionalismo português só surgiu no tardio século XIX tal como no resto da Europa, deturpando uma realidade histórica que datava de há séculos e que por diversas vezes se havia manifestado, ao mesmo tempo que negligenciam a especificidade do caso português. Acantonado a uma ponta da Europa, Portugal cedo desenvolveu uma consciência própria, tributária sobretudo das suas condições geográficas. Com as fronteiras estabilizadas desde o Tratado de Alcañises em 1297, no reinado de D. Dinis, o território luso conseguiu definir-se como um espaço com uma língua comum e que, pela acção de reforço do poder régio dos nossos monarcas medievais, teve a capacidade de se articular num todo minimamente coeso, pelo menos do ponto de vista identitário.

Pode-se afirmar que o episódio de Aljubarrota foi a primeira e inequívoca expressão da consciência nacional portuguesa. Perante a crise de sucessão que se seguiu à morte do Rei D. Fernando em 1383, o povo de Lisboa depressa aclamou D. João, o Mestre de Avis, como regedor e defensor do Reino, ao mesmo tempo que rejeitava por completo a ideia de ser governado por um Rei castelhano. Este sentimento de consciência identitária perante o estrangeiro seria a força motriz por detrás da feroz resistência perante a invasão que o Rei de Castela moveu a Portugal, como bem demonstrou o cerco a Lisboa em 1384. A vitória portuguesa era mais do que improvável, mas, com um misto de génio militar de Nuno Álvares Pereira e o ânimo de defender a terra que era a sua, os portugueses conseguiram triunfar sobre todas as adversidades. Só um forte sentimento de pertença a um grupo nacional poderia alimentar e propalar um movimento de resistência como foi o de 1383-85, e que pode ser explicado pelos já mais de duzentos anos de existência do Reino nessa altura.

Outro momento da História de Portugal marcante do ponto de vista da defesa da identidade lusa foi o da Restauração de 1640. Mesmo estando já sob dominação da Monarquia dos Habsburgo espanhóis há sessenta anos, os abusos constantes que esta fez contra o Reino vizinho fez ressurgir de novo a ideia de um Portugal independente, como sempre o fora ao longo da sua História e que nunca se havia perdido. Aquando da aclamação de D. João IV, não houve um único foco de resistência quer no Portugal europeu quer no seu Império global. Todas as praças espalhadas ao redor do Mundo, com a excepção do pequeno enclave de Ceuta, aceitaram prontamente, de um momento para o outro, a ideia da Portugalidade independente e soberana na qual se reconheciam. Ao passo que o aumento de cinco por cento dos impostos nos momentos pré-Restauração despoletaram grandes protestos, o posterior aumento de dez por cento promovido pelo governo joanino não motivou resistências de maior, já que era para servir a causa nacional e o financiamento da guerra contra a Espanha, que não aceitava a nova situação de livre vontade. De novo contra todas as probabilidades, Portugal conseguiu vencer, não sem grandes sacrifícios e sangrentas batalhas, cujo esforço colossal só encontra explicação num forte sentimento identitário português quer na Europa, que no próprio Brasil, onde as forças coloniais se juntaram para expulsar de vez os Holandeses do seu território e estabelecer em pleno a soberania portuguesa.

Assim sendo, será que podemos verdadeiramente aceitar a ideia de que o nacionalismo português só surgiu no século XIX? É difícil.

Miguel Martins

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