Efeméride: na morte do Infante Dom Henrique
Fez este mês (14/11/2017) 557 anos, que morria aos setenta e três anos no Algarve o Infante a cuja força, ardor e teimosa persistência Portugal ficou a dever a sua gesta planetária, e à Europa, então ignoto cabo do mundo, sair da cerração multissecular em que jazia desde o ocaso de Roma e estender a sua civilização pelas partidas do mundo.
A expansão portuguesa, cuja ideologia imperial foi estimulada em doses iguais por sede de "poder, fé, proselitismo, cobiça e ubiquidade" (Vitorino Nemésio) encontrou no Infante o homem do destino. Henrique era a um tempo um senhor feudal e medieval e uma inteligência renascentista, cruzado e mercador, guerreiro e organizador, cientista e místico, prático e sonhador, recolhido e expansivo.
Rodeado de moços cavaleiros cheios de ambição e sedentos de honra, de mareantes, estrangeiros, cartógrafos, mestres carpinteiros, homens práticos do mar, aventureiros e espiões conhecedores de línguas e paragens exóticas, o Navegador dedicou infatigavelmente a sua vida a um objectivo que se foi alargando, completando, definindo e corrigido no equilíbrio entre a experiência e a convicção. Aqueles quase quarenta anos de mando à cabeça da maior empresa a que até então se entregara um Reino cristão - feita de tentativas e erros, vencendo as reservas do "pensamento velho", das superstições e medos - foram, afirmemo-lo sem hesitação, os pilares sólidos do sucesso que quarenta anos após o passamento de Henrique daria a Portugal o domínio do Atlântico, do Índico e da terra brasileira.
Do Infante ficou muito - antes, ficou tudo o que depois o tempo cumpriria - e dele retenhamos o retrato psicológico que Zurara tão bem captou: a cobiça de "acabar grandes e altos feitos", o auto-domínio, a austeridade, a abstémia e a privação dos comuns prazeres da carne. Se pelos acasos e desastres da história Portugal tivesse desaparecido nesse longínquo ano de 1460 em que o Navegador fechou os olhos, a existência de um homem como o Infante Dom Henrique teria sido justificação para que esta nação jamais se perdesse na memória dos homens.
MCB
Fez este mês (14/11/2017) 557 anos, que morria aos setenta e três anos no Algarve o Infante a cuja força, ardor e teimosa persistência Portugal ficou a dever a sua gesta planetária, e à Europa, então ignoto cabo do mundo, sair da cerração multissecular em que jazia desde o ocaso de Roma e estender a sua civilização pelas partidas do mundo.
A expansão portuguesa, cuja ideologia imperial foi estimulada em doses iguais por sede de "poder, fé, proselitismo, cobiça e ubiquidade" (Vitorino Nemésio) encontrou no Infante o homem do destino. Henrique era a um tempo um senhor feudal e medieval e uma inteligência renascentista, cruzado e mercador, guerreiro e organizador, cientista e místico, prático e sonhador, recolhido e expansivo.
Rodeado de moços cavaleiros cheios de ambição e sedentos de honra, de mareantes, estrangeiros, cartógrafos, mestres carpinteiros, homens práticos do mar, aventureiros e espiões conhecedores de línguas e paragens exóticas, o Navegador dedicou infatigavelmente a sua vida a um objectivo que se foi alargando, completando, definindo e corrigido no equilíbrio entre a experiência e a convicção. Aqueles quase quarenta anos de mando à cabeça da maior empresa a que até então se entregara um Reino cristão - feita de tentativas e erros, vencendo as reservas do "pensamento velho", das superstições e medos - foram, afirmemo-lo sem hesitação, os pilares sólidos do sucesso que quarenta anos após o passamento de Henrique daria a Portugal o domínio do Atlântico, do Índico e da terra brasileira.
Do Infante ficou muito - antes, ficou tudo o que depois o tempo cumpriria - e dele retenhamos o retrato psicológico que Zurara tão bem captou: a cobiça de "acabar grandes e altos feitos", o auto-domínio, a austeridade, a abstémia e a privação dos comuns prazeres da carne. Se pelos acasos e desastres da história Portugal tivesse desaparecido nesse longínquo ano de 1460 em que o Navegador fechou os olhos, a existência de um homem como o Infante Dom Henrique teria sido justificação para que esta nação jamais se perdesse na memória dos homens.
MCB
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