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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

sábado, 18 de novembro de 2017

PEDIR PERDÃO AO POVO DE TIMOR

Foto de Nova Portugalidade.

26 anos após o massacre de Santa Cruz, choramos os mortos e pensamos o futuro


Marcaram-se esta semana (12/11/2017) 26 anos do massacre de Santa Cruz, ocorrido a 12 de Novembro de 1991 no cemitério de Santa Cruz, em Díli. Acontecimento muito doloroso, o crime de Novembro de 1991 excitou paixões, causou turbulência internacional e ganhou para a causa de Timor o protagonismo e a capacidade de convocação de que esta precisou para terminar triunfante. Os trezentos mártires daquele dia caíram verdadeiramente por Timor e pela liberdade do seu povo. Sem eles e seu supremo sacrifício, talvez não se houvessem desfeitos as amarras e a ilha permanecesse hoje sob a ocupação brutal do invasor indonésio.


O desastre - desastre causado, desejado, conscientemente imposto ao povo timorense pelo exército indonésio - ocorreu em período de tensão no antigo, e ainda reconhecido internacionalmente como tal, Timor português. No mês anterior, uma delegação do Parlamento português fora cancelada por Lisboa em resposta às restrições, muitas vezes arbitrárias e ilegítimas, que procurava impor-lhe o governo indonésio. Extremou-se novamente a repressão e, no dia 28, invadiram as autoridades de ocupação uma igreja - a de Motael - onde se juntavam partidários da libertação. Nos confrontos que se seguiram, caíram mortos dois indivíduos. Um deles, Sebastião Gomes, era combatente do RENETIL, a resistência timorense.

O funeral de Gomes transformou-se rapidamente em grande demonstração de patriotismo, coragem e resistência pelo povo timorense. Nele participaram milhares infindos de civis. Avançaram de semblante carregado, cólera no peito e estóica calma nas faces. Não houve, de acordo com os jornalistas estrangeiros que testemunharam as brutalidades, violências ou excessos da parte dos timorenses. Uns limitaram-se a carregar bandeiras suas; houve, também, palavras de ordem. Alteraram-se as coisas quando a tropa indonésia avançou sobre alguns timorenses que carregavam o estandarte timorense. Geraram-se confrontos entre os soldados - armados, bem treinados, preparados para a luta - e os populares. O governo de ocupação ordenou depois que se enviassem reforços para o local e que se fizesse fogo livre sobre a multidão. Morreram trezentos timorenses. O regime de Jacarta procuraria furtar-se às responsabilidades, culpando pelo sucedido ou um "mal entendido" ou a prática de violências pelos civis timorenses. Deu-se mal, pois tudo fora registado pela lente de Max Stahl, jornalista britânico que recolheu as imagens filmadas, as escondeu e fez chegar à Austrália. Já da disposição dos indonésios para o uso de força extrema, tratou o próprio Try Sutrisno, comandante-em-chefe das forças indonésias, de esclarecer o mundo em instante de descuido. Disse: "The army cannot be underestimated. Finally we had to shoot them. Delinquents like these agitators must be shot, and they will be."

Santa Cruz é símbolo de uma era triste para Timor. Convirá reconhecer, quatro décadas após o corte entre Timor e Portugal, que tanto sofrimento - décadas de ocupação, de exploração, de morte, de guerra - poderia ter sido evitado. Aquelas não foram dores com sentido; ou antes, não tinham de ter existido. Erros vários - a fuga miserável por Lisboa, o comportamento indigno do exército português em 1975, a insensata declaração unilateral de independência pela FRETILIN - ofereceram ao imperialismo indonésio oportunidade que este não deixou de utilizar. Responsabilidade pesada, pois, foi a de Portugal na tempestade que se abateu sobre os timorenses. Essa culpa terrível, e jamais expiada, deve começar por exigir um sincero pedido de perdão por Lisboa. Depois, deve propor um futuro liberto dos erros do passado - e não pode haver dúvida que o maior desses erros foi a separação entre Portugal e Timor.

Portugueses e timorenses são sangue do mesmo sangue e carne da mesma carne. São, assim amassados por séculos de convivência comum, formação comum e construção comum, um só povo: o timorense é um português da sua ilha, e continua a ser essa portugalidade o único motivo da sua identidade distinta. Sem ela, não há Timor. É assim na cultura e no sentimento, mas também, como provam as últimas quatro décadas, na política. Vinte e seis anos após Santa Cruz, importa que timorenses e portugueses compreendam o alto preço que houve a pagar pelo artificial, e tão danoso, divórcio de 1975. Ora, se tanto sangue e tantas lágrimas tiveram de pagar esse equívoco, desfaça-se o equívoco e retorne-se à fraternidade que nos é natural. Frente aos abusos da Indonésia, à recordação das brutalidades da ocupação, às ambições da Austrália, aos apetites de um e outro pelas águas e recursos de Timor, respondam timorenses e portugueses em uníssono com unidade, amizade e colaboração. Que bom seria se, de tantos anos tristes e do sangue de tantos mártires, pudesse a construir-se o que pede a Nova Portugalidade: uma federação entre Portugal e Timor, feita de partes perfeitamente iguais nos direitos e nas dignidades, que abarque ambos e todas as outras portugalidades insulares do mundo.

RPB


1 comentário:

  1. Pois. Portugal em Timor, como nas outras colónias, fez uma descolonização de cedência total aos movimentos ditos de libertação e que vieram a provar serem de aproveitamento e opressão às populações que diziam defender. Mas Portugal, no caso de Timor, defendeu e ajudou na luta contra a nova colonização pretendida pela Indonésia e até pela Austrália. E o resultado é que hoje Timor não reconhece nada a Portugal, nem a nossa língua é defendida. Já para não falar dos governantes e ex-governantes timorenses que detestam Portugal.

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