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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

domingo, 21 de janeiro de 2018

A EXPULSÃO DOS JESUÍTAS, UM DESASTRE IRREPARÁVEL

Foto de Nova Portugalidade.

Uma das páginas mais negras e causa de muitos males que se abateram sobre o ensino, as artes e a cultura portuguesas – na Europa como no Ultramar – foi a expulsão da Companhia de Jesus, talvez o mais sólido pilar da Portugalidade entre os séculos XVI e XVIII. A dois dias da conferência da Professora Maria de Deus Manso, evocamos hoje o lamentável e desastroso episódio da perseguição, humilhações e desmandos perpetrados contra os bons Padres da obra inaciana.

A obra instalara-se em Portugal durante o reinado de D. João III e de imediato se transformou num poderoso agente educador, abrindo colégios onde o ensino era gratuito e aberto a todos os estamentos sociais, promovendo a difusão das humanidades e das ciências, expandindo o conhecimento, formando novas elites letradas. Em Portugal, a Companhia operava vinte colégios, três noviciados, dois seminários e uma universidade; no Brasil, mantinha dezassete colégios, dois seminários e trinta e seis missões; em África, possuía um colégio em Luanda, outro na Ilha de Moçambique e missões no interior do sertão; no Oriente, por fim, animava cinco colégios. Era uma rede de excelência de ensino médio e superior, não só destinada a futuros religiosos, mas aberto a jovens que após a conclusão dos estudos se evidenciavam no desempenho das suas funções profissionais como os melhores e mais bem habilitados.

Iniciou-se a perseguição em meados da década de 1750 e conheceu episódios medonhos de destruição sistemática da quadrícula de ensino, abalo de que o Reino jamais recuperaria. Primeiro, foram expulsos os sacerdotes estrangeiros ao serviço da Companhia; logo, a repressão brutal abateu-se sobre os padres portugueses, falsamente acusados por Sebastião José de Carvalho e Mello de conspiração contra a Coroa.

Cerca de duas centenas foram atirados sem culpa formada para as masmorras de Pombal, tendo dezenas perecido de fome, doença e violências em cárceres húmidos e gélidos situados abaixo do nível do solo.

Quando, em Maio de 1759, se lavrou o decreto de expulsão, cerca de 1500 religiosos foram colocados em navios e expulsos do Reino. A Europa encheu-se então de Padres portugueses exilados vivendo na mais profunda miséria e isolamento. Muitos, idosos ou doentes, incapacitados para exercer funções como mestres professores, foram confinados a residências, ali padecendo privações e vivendo em exclusivo da caridade pública. Esse calvário arrastou-se por décadas, e ainda na primeira década do século XIX chegavam a Portugal os ecos da desdita desses religiosos abandonados em terras distantes. Alguns, mais felizes, chegaram a terras russas, aí sendo estimados e gabados como professores.

A saída da Companhia de Portugal, resultado de uma indigna e infundamentada campanha de mentiras, não só se revelou como uma das mais funestas decisões políticas jamais tomadas pelo Estado, como estropiou irreversivelmente a cultura portuguesa. A expulsão da Companhia de Portugal não só provocou o colapso do ensino, como alienou vastas comunidades cristãs por ela pacientemente educadas no serviço do Padroado Português, pelo que hoje, na perspectiva do tempo longo, podemos dizer sem rebuço que há um antes e um depois da saída da Companhia de Jesus.

A Companhia regressaria de novo a Portugal na década de 1820, sendo de novo expulsa em 1834. Teimosamente, regressou nos meados de Oitocentos, mas foi alvo de vergonhosa perseguição movida pelo extremismo republicano. Em 1910, após o golpe de 5 de Outubro, os sacerdotes jesuítas foram objecto de infames maus tratos, alguns expostos publicamente como vulgares criminosos hereditários, sendo particularmente vil o episódio das medições frenológicas de Padres por arrebatados médicos republicanos que queriam provar "cientificamente" a degenerescência dos bons Padres.

Miguel Castelo-Branco

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