♔ | PARABÉNS A S.A.R. O SENHOR DOM AFONSO, PRÍNCIPE DA BEIRA! | ♔

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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

domingo, 27 de junho de 2021

FOTOGRAFIAS DA 1ª TERTÚLIA "MONARQUIA DO NORTE" NO PORTO

 

A Real Associação do Porto – em articulação com as Reais Associações de Braga, Viana do Castelo e Trás-os-Montes e Alto Douro – organizou a 1.ª Tertúlia “Monarquia do Norte”, no dia 17, num restaurante do Parque da Cidade do Porto.

O orador convidado foi Tomás Moreira, que nos fez a todos pensar no tema “Monarquia em Portugal: o Dia Seguinte”. O objectivo foi debater o que há a fazer para que surja a restauração da desejada Monarquia, e o que há a desenvolver a seguir para que haja um verdadeiro Chefe de Estado, um Rei!

Atendendo ao espaço e às regras impostas pela DGS, devido à continuação da Pandemia, os cerca de 50 participantes animaram o debate, que foi profícuo, rico e conclusivo.

No final da tertúlia, ao jantar juntou-se aos participantes Sua Alteza Real o Senhor Dom Duarte de Bragança, o que muito gosto nos deu a todos.

Brevemente a Real Associação do Porto anunciará novas acções a decorrer em Julho.

Real, Real, Real, por Sua Alteza Real!

sábado, 26 de junho de 2021

SS.AA.RR. O DUQUE DE BRAGANÇA E O PRÍNCIPE DA BEIRA ASSISTEM A CASAMENTO EM MAFRA


Realizou-se no Convento Mafra o casamento de Maria Joana de Spínola Moreira de Sotto-Mayor e do Príncipe Heinrich von Croÿ. SAR D. Duarte Pio de Bragança, Duque de Bragança, e Chefe da Casa Real Portuguesa, e o seu filho, SAR D. Afonso de Bragança, Príncipe da Beira, assistiram ao casamento.
Fonte: Diversos.

quinta-feira, 24 de junho de 2021

REAL DE VISEU ORGANIZA A XII VIAGEM AO PAÍS REAL

 


INFORMAÇÃO SOBRE AS FESTAS EM LOUVOR DE SANTA ISABEL DE PORTUGAL

 


 Programa das Festas 


I)                   1.ª fase do ciclo cultural, na última semana de Junho:

Dia 20/06/2021, às 20h00, concerto da Orquestra Clássica do Centro, já realizado na Igreja da Rainha Santa Isabel do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova;

 

Dia 24/06/2021, às 21h30, concerto intitulado “Santa Isabel, Mulher, Mãe e Rainha, pela Banda da Sociedade Filarmónica, Recreativa e Beneficente Vilanovense, de Vila Nova de Anços, e pelo Coro de Santo Agostinho da Igreja de Santa Cruz de Coimbra;

 

- Dia 26/06/2021, às 18h00, concerto pelo Coro Sinfónico Inês de Castro, com evocação histórica de factos da vida da Rainha Santa Isabel, nos claustros do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova;

 


II)                – TRÍDUO PREPARATÓRIO, presidido pelo Rev.º Pe. Nuno Filipe Fileno

- Dia 1 de Julho, às 21h30 – SANTA MISSA;

- Dia 2 de Julho, às 21h30 – SANTA MISSA;

- Dia 3 de Julho, às 21h30 – I VÉSPERAS e Adoração ao Santíssimo Sacramento

 


III)             – SOLENIDADE DE SANTA ISABEL DE PORTUGAL – 4 de Julho

- 08h00 – SANTA MISSA

- 11h00 – SANTA MISSA, presidida por S. Ex.ª Rev.ma, D. Virgílio Antunes, Bispo de Coimbra;

- 12h30 – Inauguração de EXPOSIÇÃO HISTÓRICA;

- 16h30 – SANTA MISSA da REAL ORDEM DE SANTA ISABEL;

- 18h00 – II VÉSPERAS

 

 


IV)             – NA SEMANA DE 5 A 10 DE JULHO, A VENERANDA IMAGEM DA RAINHA SANTA ISABELESTARÁ NO CENTRO DA SUA IGREJA À VENERAÇÃO DOS FIÉIS DAS 09H00 ÀS 19h00

 

 


V)                2.ª fase do ciclo cultural,

- Dia 08/07/2021, às 21h30, concerto pelo Coro de Santo Agostinho da Igreja de Santa Cruz de Coimbra, sob a direcção de Bruno Costa, nos claustros do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova;

- Dia 08/07/2021, às 21h30, concerto pelos Coros “Capela Gregoriana PSALTERIUM” e “VOX AETHEREA, sob a direcção de Alberto Medina de Seiça, nos claustros do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova;



Em todas as celebrações e eventos culturais a entrada é gratuita, mas com limitação do número das pessoas presentes, segundo as orientações da Conferência Episcopal Portuguesa e as regras definidas pela DGS.

 

Os apoios à acção da Confraria da Rainha Santa Isabel devem ser realizados sob a forma de donativo e depositados na conta bancária em nome da Confraria da Rainha Santa isabel com o IBAN PT50 0018 0008 0381 5627 020 61 (Banco Santander).

Pela Mesa Administrativa da Confraria da Rainha Santa Isabel

Joaquim Leandro Costa e Nora



A Confraria da Rainha Santa Isabel vem convidar V. Ex.ª para o terceiro concerto da 1.ª fase do ciclo cultural das festas em louvor de Santa Isabel, Rainha de Portugal, a ter lugar no próximo dia 26 de Junho, pelas 18h00, nos claustros do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova.

O concerto será realizado pelo Coro Sinfónico Inês de Castro.

 

Este concerto é uma homenagem à Rainha Santa Isabel por ocasião do Aniversário das cerimónias religiosas e populares do seu casamento com D. Dinis celebrado na Igreja de São Bartolomeu, em Trancoso, em 26 de Junho de 1282, com evocação histórica

  

Tendo presente todos os condicionalismos indicados nas orientações das autoridades de saúde e da Conferência Episcopal Portuguesa em relação à pandemia COVID 19, de modo a preparar o melhor acolhimento de todos, agradeço a confirmação da presença de V. Ex.ª até às 10h00 do próprio dia 26 de Junho de 2021, pelos telefones 239441674 / 918048310.

 

Contando com a presença de V. Ex.ª neste momento cultural em louvor da Padroeira da cidade de Coimbra, apresento os melhores cumprimentos,

O Presidente da Mesa Administrativa,

Joaquim Leandro Costa e Nora





quarta-feira, 23 de junho de 2021

CONVITE PARA O SEGUNDO CONCERTO DA 1ª FASE DO CICLO CULTURAL DAS FESTAS EM LOUVOR DE SANTA ISABEL DE PORTUGAL

 


A Confraria da Rainha Santa Isabel vem convidar V. Ex.ª para o segundo concerto da 1.ª fase do ciclo cultural das festas em louvor de Santa Isabel, Rainha de Portugal, a ter lugar no próximo dia 24 de Junho, pelas 21h30, nos claustros do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova.

O concerto será realizado pelo Coro de Santo Agostinho (apoiado por muitos amigos cantores) e pela Banda Filarmónica de Vila Nova de Anços.

 

Neste concerto começará a ser evocado o 740.º Aniversário do Matrimónio Real da nossa padroeira Santa Isabel de Portugal com o Rei Dom Dinis, fundador da Universidade de Coimbra, celebrado na Igreja de São Bartolomeu, em Trancoso, em 26 de Junho de 1282.

 

Serão igualmente lembrados os 111 anos do reconhecimento do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova ("compreendendo o túmulo da Rainha Santa Isabel") como Monumento Nacional, por Despacho de S. M., o Rei Dom Manuel II, datado de 16/06/1910 e publicado em 23/06/1910 - cfr. anexo.

 

Tendo presente todos os condicionalismos indicados nas orientações das autoridades de saúde e da Conferência Episcopal Portuguesa em relação à pandemia COVID 19, de modo a preparar o melhor acolhimento de todos, agradeço a confirmação da presença de V. Ex.ª até ao dia 23 de Junho de 2021, pelos telefones 239441674 / 918048310.

 

Contando com a presença de V. Ex.ª neste momento cultural em louvor da Padroeira da cidade de Coimbra, apresento os melhores cumprimentos,

O Presidente da Mesa Administrativa,

   Joaquim Leandro Costa e Nora








segunda-feira, 14 de junho de 2021

SÃO FERNANDO DE PORTUGAL, O INFANTE SANTO. CELEBRADO A 14 DE JUNHO


Nasceu em Santarém, a 29 de Setembro de 1402, e era filho de D. João I e de D. Filipa de Lancastre. Muito bom e religioso, o Papa Eugénio IV ofereceu-lhe em 1434 o Chapéu de Cardeal, que D. Fernando por humildade recusou. Em 1437, fez parte da expedição a Tânger, caindo prisioneiro dos mouros que o enviaram para Arzila. Passados 7 meses em que exigiram para seu resgate a entrega de Ceuta, foi posto a ferros em Fez e martirizado durante seis anos, falecendo a 5 de Julho de 1443. A resignação com que D. Fernando sofreu os maus tratos aplicados pelos Mouros fez com que a tradição portuguesa lhe aplicasse a designação de Infante Santo.

Evangelho Quotidiano





Dos milagres que nosso Senhor fez pelos merecimentos do Santo Infante D. Fernando, no tempo que estava posto seu corpo nos muros de Fez.


"Quando meteram no ataúde o corpo deste virtuoso Senhor, que havia cinco dias que tinha finado, estavam seus membros em tanta desenvoltura como se estivesse vivo, nem saía dele algum cheiro mau. E assim lhe cruzaram os braços, e o lançaram sobre uma cama de louro verde, que lhe dentro no ataúde foi posto em seu lugar, foi coisa certa, e de maravilhar, que a maior parte das aves, que de toda aquela terra ao redor vinham ali dormir, porque as ameias, e todo o muro estava cheio de esterco delas logo se dali afastaram e nunca mais pousaram naquele lugar, nem fizeram alguma imundice na parte que respeitava ao ataúde, uma braça de uma parte, e da outra; no que todos atentavam, e se maravilhavam muito, parecendo-lhes que as aves tinham reverência àquele corpo santo.

Os vigias e roldas da vila, cada semana em certos dias, viam ao redor daquele ataúde tanto lume e claridade que não podiam ter os olhos em direito daquele lugar, em tanto que não podiam divisar de que era aquele lume.

Um renegado natural de Olivença, vindo uma noite de fora da vila, lhe apareceu aquela claridade e lume, no meio do qual o Infante estava, e parecia-lhe que o corpo era feito como de pomba e o rosto era de homem, que bem o conhecia porque muitas vezes o via ali em vida, e lhe falou. E deu o dito renegado testemunho de si, que viu o Infante estar em tanta glória que foi movido a se assentar em joelhos [ajoelhar], e de lhe pedir por mercê que o encaminhasse à salvação, e que o Infante voltou o rosto para outra parte, e lhe disse: Torna-te ao santo caminho, que deixaste. E nisto adormeceu ali, até o outro dia com o romper da alva.

Um mouro bárbaro houve arroido com outros, onde lhe deram duas feridas, uma na cabeça e outra em um ombro. E veio-se de uma aldeia à vila de Fez fazer queixume ao seu juiz; e quando chegou era já noite e as portas estavam fechadas. Lançou-se a dormir ao pé do muro, debaixo daquele ataúde, não olhando por ele nem lhe lembrando do corpo que ali estava. E quando veio pela manhã que abriram as portas, ele foi perante o juízo; quando desatou a cabeça e quis mostrar a ferida que recebera do adversário não apareceu sinal nenhum dela nem da outra do ombro. Perguntaram-lhe como lhe acontecera, e foi mostrar onde dormira debaixo daquele ataúde, e fizeram-no calar; e não obstante isto, ele o disse a muitos, e os que entendiam diziam que aquilo não podia ser outra coisa se não que o Infante se tornara mouro na vontade quando estava para morrer.

Manifesto é, que muitas pessoas são sãs de inchaços e de febres com o tocamento da terra donde caiu o pingo daquele corpo. E assim mesmo a lançam ao pescoço de bois e de alimárias que estão doentes, e recuperam a saúde; e daquele lugar onde tiram a terra, está já feito numa grande cova. Isto (conforme ao autor desta crónica) se fazia e acontecia então no seu tempo, em Fez, quando ainda lá estava o corpo do santo Infante. O que ainda agora pode ser, pois o lugar e terra aí ficaram.

Em Ceuta aconteceu a um religioso de S. Francisco, a quem chamavam Fr. Gonçalo, que estava em Santiago confessando um clérigo que ali viera doente de Roma, e estava em passo de morte, lhe disse: confiai nos muitos merecimentos do santo Infante D. Fernando que padeceu em terra de mouros trabalhos e morreu santamente na fé católica. E como se Fr. Gonçalo partiu, o clérigo tomou seu conselho com muita devoção, e logo nessa hora se levantou são e se veio ao Mosteiro, onde estava rezando o dito Fr. Gonçalo e lhe contou este milagre que Deus fizera por ele.

Em Lisboa aconteceu a um bom homem que era doente de uma grave doença que tinha, e não achando já quem o curasse ouvi-o falar a Fr. Rodrigo Pregador de Jesus (assim lhe chama a antiga crónica) em S. Domingos, de quanto este santo Infante padecera, e teve tanta fé em seus merecimentos que, um dia à noite, lançando-se na cama com grande devoção se lhe encomendou e adormeceu, e quando veio pela manhã achou-se são e sem sinal onde tivera a enfermidade. E estando Fr. Rodrigo uma sexta feira para pregar, o homem que era seu confessado lhe contou este milagre, o qual dito Fr. Rodrigo disse e divulgou na pregação.

No primeiro dia do mês de Junho da era de mil e quatrocentos e cinquenta e um anos, chegou a Santarém João Alvares (autor desta crónica, e secretário deste senhor, onde então estava o rei D. Afonso V deste nome, e sobrinho do santo Infante) e trazia as relíquias da freçura, coração, tripas, e tudo o que foi tirado do corpo deste Infante, quando em Fez os mouros o fizeram abrir: as quais relíquias tirou de lá secretamente o dito João Alves, e as trouxe a estes reinos. E estas relíquias vinham metidas em uma caixa de madeira coberta de damasquim preto, com o forro preto, acairelado de retrós com fechadura e pregadura dourada. E o dito senhor rei mandou que o dito João Alves, e João Rodrigues colaço do santo Infante que aí estava, levassem as ditas relíquias ao Mosteiro de S. Domingos de nossa Senhora da Vitória da Batalha, onde está a sepultura do dito Infante, e dos Infantes seus irmãos, na Capela real, e mui sumptuosa d’El-Rei D. João I de boa memória pai deles, e da rainha D. Filipa sua mãe, que também aí jazem. E chegaram também aí jazem. E chegaram a Tomar, onde acharam o Infante D. Henrique governador da Cavalaria e Ordem de Cristo, e irmão deste santo Infante, que estava de caminho para outra parte, e mandou tornar suas azémolas do caminho que levavam, e se foi ao dito Mosteiro da Batalha. E ali fez o dito senhor pôr as relíquias mui honradamente sobre o altar de sua sepultura, com tochas e velas ao redor (porque nesta capela d’El-Rei seu pai tem os Infantes, como El-Rei, cada um sua sepultura, é seu altar dedicado a cada qual, por sua ordem, e antiguidade das idades.) E mandou cantar as matinas, e uma Missa Plurimorum Martyrum, antes da manhã; e isto era quinta feira nove dias do dito mês de Junho. Acabado de se cantara Missa, foi ordenada uma solene procissão, onde o dito João Alvares abriu a caixa, e perante todos mostrou as relíquias. E des que tornou a cerrar a caxa deu a chave dela ao Infante D. Henrique, que a logo ali entregou ao Prior do dito Mosteiro da Batalha. E depois abriram a sepultura, e o Infante se assentou em joelhos [ajoelhou] ante as relíquias e fez sua oração, e tomou-as nas mãos, e trouxe-as por meio da procissão, e meteu-se com elas na sepultura, e assentou-as sobre um banco, coberto de cetim aveludado carmesim. E ao despedir, assentou-se em joelhos, e beijou-as, e mandou cerrar a sepultura. Em quanto ele isto fazia, os da procissão cantavam o responso dos Mártires, que diz: Posuerunt mortalia servrorum tourum escas volatilibus coeli, carnes Sanctorum tuorum bestiis terrae: Essuderunt sanguinem snctorumtuorum tamquam aquam in circuitu Jerusalem, et non erat qui sepeliret, com seu verso, e oração dos Mártires; e logo o dito senhor Infante deixou ordenado que cada dia naquele altar de seu irmão se cantasse Missa à conta de sua esmola, até que o senhor rei encaminhasse esta capela perpétua, em lembrança deste virtuoso senhor. O que hoje em dia se faz é que neste seu altar, e dos mais Infantes seus irmãos, e de seu pai, e mãe, se diz no dos Infantes em cada qual dos altares cada dia do mundo à prima, missa rezada, e no altar d’El-Rei seu pai cantada, com responso no fim dela, além dos ofícios que se lhes fazem no dia dos defuntos, e outros, com muita solenidade. E dos do Infante santo D. Fernando fazem os Religiosos do Mosteiro da Batalha, com capas de brocado de cores alegres, de que há muitas, e mui ricos ornamentos, que estes senhores, e outros Príncipes, que aí jazem, deixam; ainda que ofício do Infante sempre é de defuntos.

Em Pernes aconteceu, que à mulher do oleiro do dito lugar nasceu um grande lobilho em uma mão, e cresceu-lhe tanto que lhe estorvava o ficar, e o exercício de outras coisas. Estando um dia chorando, perguntou a uma Brites Eanes mulher de um Afonso Ribeiro, se sabia algum remédio para aquele mal que tinha, e ela lhe disse que se encomendasse com devoto coração ao santo Infante D. Fernando, e que ela lhe ficava por fiador, que lhe alcançaria do Senhor Deus saúde. Ela se foi para sua casa, e assentou-se em joelhos [ajoelhou-se], e com lágrimas se lhe encomendou, prometendo-lhe de levar à igreja um pão e uma candeia à sua honra. E pela manhã se achou sã, e sem sinal de lobinho.

E disse a dita Brites Eanes, que neste tempo em que o trigo era muito caro, tendo ela recebido do celeiro certos alqueires de trigo do mantimento de sem(seu?) marido, disse que pelos muitos milagres que Deus fazia acerca do seu provimento, que ela conhecia, que era pelos merecimentos deste santo Infante, a que se ela encomendava, tanto que se via em alguma necessidade, queria daquele trigo dar de esmola dois alqueires e meio a pessoas pobres. E mediu todo, que não era muito, e tirou aqueles dois alqueires e meio cada meio sobre si e depois que os repartiu aos pobres, foi-lhe logo necessário torná-lo a medir e achou de sobejo aqueles dois alqueires e meio.

Outras muitas coisas contou a dita Brites Eanes de milagres que viu e lhe aconteceram porque teve grande devoção neste santo Infante, e porque eram de causas miúdas (diz o autor desta crónica) não curei aqui de escrevê-las. E eu (que esta crónica solicitei ser de novo imprensa) sou testemunha da vista de muitos, e miraculosos sucessos, que aconteceram a alguns Religiosos doentes, e sãos, que se a este santo Infantes encomendaram no Mosteiro da Batalha, que hoje em dia são vivos, e conhecem assaz bem quantos milagres o Senhor faz por merecimentos deste santo infante. Em cuja sepultura está um buraco, e metem os seis uma cana que vai tocar no corpo do santo, e beijam e põem nos olhos e cabeça. E assim atando na pontada cana contas de rezar, e relicários, os metem pelo buraco para serem tocados nas santas relíquias, em que tem muita devoção..."
 

sábado, 12 de junho de 2021

AVIVAR A MEMÓRIA DA MONARQUIA


‘Há que recomeçar a trabalhar na propaganda monárquica, criando o sentimento monárquico, avivando a fé na Monarquia, demonstrando as suas vantagens teóricas e práticas, restabelecendo-lhe o crédito, restaurando o seu prestígio, levando o espírito público a reconhecer a necessidade de reatarmos o fio da nossa tradição política - toda uma obra doutrinária pura e firme. Se não for possível restaurar a Monarquia na nossa vida, esforcemo-nos por que ela possa ser restaurada na vida dos nossos filhos ou dos nossos netos. Que importa que nós a não vejamos? Que importa que nós não colhamos os frutos? A Pátria é mais alguma coisa do que a nossa vida, e vale alguma coisa mais do que a nossa pessoa.’
Alfredo Pimenta (Guimarães, 3 de Dezembro de 1882 – Lisboa, 15 de Outubro de 1950) | Historiador, Escritor, Político e doutrinador monárquico in "A Revolução Monarchica", 1919

sexta-feira, 11 de junho de 2021

COMEMORAÇÕES DOS 500 ANOS DE NASCIMENTO DA INFANTA DONA MARIA, FILHA D'EL REI DOM MANUEL I

 

Neste primeiro momento de celebrações, na Igreja de Nossa Senhora da Luz decorreu uma Missa Solene, celebrada pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, e concelebrada pelos Padres Frei Gonçalo Figueiredo (Pároco de Carnide) e Frei Luís Mota (Vigário da paróquia).
Contou com a presença de SAR o Senhor Dom Duarte Pio de Bragança, Duque de Bragança e Chefe da Casa Real Portuguesa, o presidente da Junta de Freguesia de Carnide, Fábio Sousa, o Diretor do Colégio Militar, Coronel António Salgueiro, a Juíza da Real Irmandade de Nossa Senhora da Luz, Ana Ribeiro Pereira e a Comissão Organizadora destas Comemorações, Hilda Frias, Maria Teresa Lopes Pereira , Nuno Magalhães e Roy Santana Da Silva .
As celebrações irão continuar com um concerto pelo grupo Capella Patriarchal e João Vaz, na igreja de Nossa Senhora da Luz, no dia 18 de Junho, pelas 21h00 e irão estender-se ao longo de todo o ano.
Fonte: Hilda Frias.

quinta-feira, 10 de junho de 2021

10 DE JUNHO: DIA DE SÃO MIGUEL ARCANJO, ANJO DA GUARDA DE PORTUGAL E ANJO DA PAZ

 


O Anjo de Portugal é, até hoje, o único Anjo da Guarda de um país com culto público oficializado e foi o único Anjo da Guarda de uma nação que apareceu aos homens."
Somos um País privilegiado que muitas vezes nos esquecemos desses privilégios neste cantinho abençoado por Deus e que sempre foi chamado de Terra De Santa Maria
Vinde, Anjo de Portugal, livrar a Pátria e os portugueses de todo o mal. Amem




As aparições do Anjo de Portugal aos Pastorinhos de Fátima


Na primavera de 1916, um Anjo do Céu visitou três pastorinhos em Portugal, preparando os seus corações para as aparições de Nossa Senhora de Fátima."

Primeira Aparição

A primeira aparição do Anjo teve lugar na Loca do Cabeço, um local dos arredores de Aljustrel. Era um dia chuvoso naquela primavera de 1916. Na Loca do Cabeço havia umas pequenas grutas, que ainda hoje se podem visitar, onde os pastorinhos se abrigavam. Ao acalmar-se a tempestade, saíram da gruta e foi quando se levantou um vento forte. 

A pouca distância deles, no meio do olival, depararam-se com uma figura que tinha "A forma de um jovem de 14-15 anos, mais branco que a neve e transparente como o cristal atravessado pelos raios do sol, e muito belo", segundo palavras de Lúcia. Aproximou-se deles e disse "Não tenhais medo. Eu sou o Anjo da Paz. Rezai comigo.

Ajoelhou-se e inclinando o rosto até ao chão pediu para rezarem três vezes "Meu Deus, eu acredito, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão pelos que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam." Depois levantou-se e disse "Orai assim. Os corações de Jesus e de Maria estão atentos à voz das vossas suplicas." Dito isto o Anjo mais branco que a neve deixou as três crianças.

Durante o resto do dia as crianças sentiram-se tão bem, que nem eram capazes de comentar o sucedido entre eles. O Francisco rezou de acordo com aquilo que a sua irmã (Jacinta) e a sua prima (Lúcia) lhe disseram, na medida em que via o Anjo mas não o ouvia.

Segunda Aparição

A segunda aparição teve lugar cerca de dois meses mais tarde. O local escolhido desta vez não foi a Loca do Cabeço, mas o poço situado atrás da casa dos país da Lúcia. Era hora de sesta e tudo estava calmo, apenas as crianças brincavam nas traseiras da casa quando de súbito se depararam novamente com a imagem do Anjo que disse: "O que fazem? Rezai, Rezai muito. Os corações de Jesus e de Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios.

A Lúcia perguntou ao Anjo como se deveriam comportar. "De tudo o que puderdes, oferecei um sacrifício ao Senhor em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de suplica pela conversão dos pecadores."

Os pastorinhos ficaram com estas palavras guardadas. Começaram então a fazer sacrifícios e a rezar a oração que o Anjo lhes ensinou.

Terceira Aparição

No Outono do mesmo ano encontravam-se os pastorinhos a rezar a oração que o Anjo lhes ensinara, no local onde acontecera a primeira aparição, na Loca do Cabeço, quando de subitamente o Anjo lhes aparece novamente. Nesta aparição o Anjo se apresentou-se com um Cálice na mão esquerda e uma Hóstia na mão direita sobre o Cálice e da qual caiam pingas de sangue. 

O Anjo ajoelhou-se ao lado dos pastorinhos, deixando o Cálice e a Hóstia suspensos no ar, enquanto lhes pedia para rezarem três vezes a seguinte oração: "Santíssima Trindade Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o preciosíssimo corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do seu Sacratíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores."

O Anjo levantou-se, tomou com ele o Cálice e a Hóstia que tinham ficado suspensos, deu a Hóstia à Lúcia e o conteúdo do Cálice ao Francisco e à Jacinta dizendo: "Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o Vosso Deus."



Anjo da Guarda de Portugal (1981) de Manuel Faria interpretado pelo Grupo Vocal Ançã-ble [2013].

Mário Neves



Hino ao Anjo de Portugal
Ó Anjo de Portugal
Tu, Custódio dos mistérios lusitanos
Que com teu dedo indicas
Quem a eles pode aceder
Quem deles deve ser afastado
Tu que velas sobre o Tejo do Espírito
Que lhe regulas o curso e leito
Que te elevas muito acima
Dos comércios humanos
Que manténs inacessível a taça sagrada
Tu, guardião único do Porto do Graal
Guia-nos pelo nevoeiro da madrugada
Até ao vasto e luminoso cais
Onde acostará a nau do Rei duas vezes nascido
Concede-nos o privilégio de O acolher
E de descobrir o misterioso néctar
Escondido no maravilhoso vaso
Que Ele segura em Suas régias mãos
Rémi Boyer
in "Hinário ao Rei Encoberto - 17 Trovas Sebastianistas"






QUIS UT DEUS

Visão de D. Afonso Henriques de Jesus Cristo e do Anjo Custódio de Portugal durante a Batalha de Ourique em 1139.

Que Nosso Senhor tenha piedade do nosso país, que o livre dos seus inimigos, restaurando a Santa Religião e o Trono. Viva Portugal!


“O 10 de Junho era o dia da Raça. E a raça era a dos Portugueses de todos os séculos, de todas as raças e que foram de muitos continentes. Somos uma nação de pioneiros da globalização que, na universalidade, nunca perdeu a identidade, antes a foi recriando com os povos que foi encontrando. E não nos vangloriámos com irrealidades, antes tivemos também sempre um grande sentido do real e do trágico na vida dos homens e dos povos, na ascensão e queda dos Impérios e das civilizações” Jaime Nogueira Pinto, in Observador

10 de Junho

Se não é a pertença a uma comunidade na História o que nos une numa humanidade comum, o que propõem então que seja?
“Old soldiers never die”. A frase, celebrizada pelo general Douglas McArthur no seu discurso de despedida, em 1951, vem de uma velha canção de guerra inglesa.
“Old soldiers never die”. É bonito mas não é verdade. Os velhos soldados morrem, como toda a gente. E, como quase toda a gente, morrem também na memória de quase todos. Sobretudo nesta nossa “ditosa pátria”. Cada vez somos menos os que teimamos em proclamar, todos os anos, no memorial dos Combatentes, a memória dos nossos amigos e camaradas que morreram. E muitos depois do fim das últimas guerras do Império.
O Guilherme, o Jaime, o Alfredo, o Zé, o Miguel, o Victor, entre tantos outros. Eles e os milhares que não chegaram a “velhos soldados” têm ali o nome gravado na pedra. Lembramo-los todos os anos. E vamos voltar a lembrá-los este ano, a 10 de Junho, primeiro na missa nos Jerónimos, às 10h30, e depois ali mesmo, no memorial. Seremos menos, em cumprimento das restrições pandémicas, mas vamos lá estar.
As nações são feitas disto mesmo – de glórias e derrotas e da memória dos sacrifícios que os seus filhos por elas fizeram, em guerras ganhas ou perdidas. A que então travámos, creio poder dizê-lo em nome da maioria dos que por lá passámos, foi uma guerra sem ódio. Digo-o pela amizade que fui encontrando em alguns dos que então combatemos. Os nossos mortos lutaram e morreram pela nação; os mortos dos que então nos combateram morreram por nações que queriam ver nascer.

Globalismo e subordinação

E a nação, realidade que alguns se esforçam por cancelar ou proibir, continua a ser importante. E agora talvez mais que nunca. Até porque parece ser, afinal, a nação, o único corpo intermédio capaz de defender os povos das tutelas globais. E se não é a pertença a uma comunidade na História o que nos une, irmana e congrega numa humanidade comum, o que propõem então que seja? O sermos todos inodoros, incolores, insalubres, neutros, fluidos e inclusivos? Ou pior, o sermos só nós, do alto da nossa hipócrita e soberba “perfeição ocidental”, os únicos chamados à irrealidade da contrição perpétua, do cancelamento cultural e da suprema glória do desenraizamento e do angelismo transcultural?
A crer na comunicação social e no silêncio cúmplice ou no aplauso tímido de uma direita temerosa, só os burros, os ignorantes, os retrógrados, os fascistas, os populistas, os xenófobos, os de extrema-direita imaginam inexistentes tutelas globais ou censórias derivas mundialistas de oligarquias iluminadas. Veja-se, por exemplo, Georgia Meloni, dos Fratelli d’Italia, que recentemente voltou a chamar a atenção para o globalismo de subordinação que pretende substituir a soberania nacional e popular pelas tutelas subtis e doces de Bruxelas, de Frankfurt e de Davos, falando da nação como defesa dos povos da Europa contra os mandatos transnacionais. Pura desinformação.
E no entanto, torna-se cada vez mais evidente a estranha aliança táctica e objectiva (e às vezes subjectiva) que está em curso. A aliança de um mega capitalismo internacionalista de “fundos piratas” e senhores da Big Tech com um radicalismo pós-marxista acolhido, endossado e divulgado pela opinião média. É que por mais que alguns queiram perpetuar a imagem do “grande capitalista”, de fato às riscas, charuto e relógio de bolso, ligado às forças conservadoras e “fascistas”, não há como não ver que a ideologia que hoje serve o “mega-capitalista”, de ténis, t-shirt e causas e casas ecológicas e alternativas, está longe de ser o conservadorismo, o populismo, o extrema-direitismo, o fascismo, os nacionalismos que, ao contrário, o ameaçam.
E como as nações, o nacionalismo e os valores identitários são o símbolo por excelência de tudo o que “impede a marcha do progresso”, são o alvo a abater… As nações e os valores identitários do Ocidente euroamericano, bem entendido, porque noutras latitudes já pode haver valores identitários nações e nacionalismos, como o da República Popular da China, um nacionalismo autoritário de partido único e de capitalismo de direcção central, mas que talvez seja melhor não desafiar.
De acordo com as regras destes zelosos pastores do puritanismo multicultural, os asiáticos e os africanos, coitados, podem ser nacionalistas; mas nós, europeus, nós, ocidentais, mais misericordiosos, justos, perfeitos, humanitários e civilizados que os outros, não podemos nem devemos descer tão baixo. Nações, raízes e identidades são primitivas minudências que se compreendem perfeitamente nos outros, que se acolhem, que se aclamam até, mas que a nós, ocidentais, chamados a coisas maiores, não nos ficam bem. Cancelar raízes, pertenças, passados e culturas para atingir a suprema neutralidade e inclusividade é o mínimo a que podemos aspirar.
Daí talvez o luso esforço das campanhas de desnacionalização (veja-se por exemplo, o Programa de História A, 10º, 11º, e 12º anos do Curso Científico-Humanístico de Línguas e Humanidades), que, à luz de ideais “científico-humanitários”, combatem a “desinformação histórica”, apelando à condenação e à contrição perante uma História-pátria e uma identidade que, depois de rigoroso fact check, se revelam, afinal, negras.

O regresso da nação

Entretanto, resistindo a este delirante cancelamento cultural, a valorização da História e da Nação parece estar de volta. De Budapeste a Paris, de Varsóvia a Roma e a Madrid, sob diferentes regimes e em diferentes situações de poder ou oposição, ganham espaço político, pelo voto popular, movimentos e partidos que defendem a identidade e a soberania nacionais, a liberdade de expressão, a prática religiosa, uma visão meta-política da política e um conceito tradicional e realista de família e de comunidade. E esta valorização aparece com força porque os valores que se reafirmam estão em risco por acção de uma minoria com hegemonia gramsciana no Estado e na Sociedade.
Por isso, é preciso que alguns – de direita, de esquerda, do que for – os afirmem em nome do realismo, do senso comum, da continuidade dos modos de vida e das comunidades que construímos na História. E se os partidos sistémicos e as instituições se calam, teremos de ser nós, os que não temos medo que nos achem estúpidos, a resistir.

Camões, o realista

O 10 de Junho era o dia da Raça. E a raça era a dos Portugueses de todos os séculos, de todas as raças e que foram de muitos continentes. Somos uma nação de pioneiros da globalização que, na universalidade, nunca perdeu a identidade, antes a foi recriando com os povos que foi encontrando. E não nos vangloriámos com irrealidades, antes tivemos também sempre um grande sentido do real e do trágico na vida dos homens e dos povos, na ascensão e queda dos Impérios e das civilizações. Ou tiveram-no os nossos melhores. E ainda que as notas “científico-humanísticas” que se adivinham sobre “desinformação e preconceito” em Camões possam vir a dizer o contrário, é difícil não ler n’Os Lusíadas grandeza, aventura, vitórias, também cupidez, servilismo, traição.
Como Fernão Lopes, como Gil Vicente, como Diogo de Couto ou Fernão Mendes Pinto, Camões é um épico lúcido que, como os clássicos gregos e latinos que o inspiraram, conhece a natureza humana (coisa que os novos puritanos do radicalismo importado parecem desconhecer), e sabe que os heróis – os seus heróis individuais, o Fundador, o Condestável, Gama ou Albuquerque – são profundamente humanos. Humanos no bom e no mau. E que o seu herói colectivo – o Povo Português – também vacilou, também esqueceu, também abandonou, também traficou, também se perdeu. E que foi um povo que, no ano da morte do poeta, perdeu a independência com a “união real” a Madrid.
Camões teve o cuidado de dar voz ao contraditório da Expansão, com o Velho do Restelo (o “Idoso do Restelo” não falaria assim), queixando-se também do “desamor às boas letras”. E no lamento final do seu poema maior, foi dizendo:
Não mais, Musa, não mais, que a Lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Duma austera, apagada e vil tristeza.

Túmulo de Camões nos Jerónimos

Contra a decadência e o decadentismo

Esta é também uma das nossas muitas horas de decadência, decadência crónica ou que continuamente encontramos e que alguns dos grandes pensadores e patriotas de oitocentos – como Herculano, Antero de Quental e Oliveira Martins – também viram aprofundar-se no seu tempo. Mas que diriam se estivessem hoje aqui e se confrontassem com a nossa agravada submissão e veneração ao exterior? Que diriam das delirantes ideias e práticas que não nos servem nem a ninguém mas que agora que nos chegam em virtuais caixotes…da América? E qual não seria o espanto de Camilo e de Eça ao reencontrar hoje um Portugal de Calistos Elóis, de conselheiros Acácios, de Dâmasos, de Palmas Cavalões em múltiplas réplicas tristemente actualizadas em traços caricaturais mais ridículos e mais carregados ainda?
Toda esta bela e festiva sociedade está agora alarmada, ofendida e até assustada porque, ao fim de 47 anos de regime mais ou menos concordante, aparecem algumas vozes de discórdia.
É bom que se sinta alarmada. Mas pior que classe dirigente e a esquerda radical alarmadas é uma direita que não vê a utilidade e a utilização desse alarme para a perpetuação no poder dessa mesma classe. Uma direita ora obediente e também alarmada ora chorosa, derrotista e masoquista, descrevendo o tempo e o modo da Decadência e do Fim como um irremediável e inevitável castigo da História a que não podemos nem devemos resistir.
O 10 de Junho deve significar o contrário e inspirar e dinamizar a vontade sem medo que o povo português sempre mostrou. Resistir e mudar as coisas é e deve ser a palavra de ordem.

Jaime Nogueira Pinto, in Observador

Álvaro Meneses


SANTO ANJO DA GUARDA DE PORTUGAL- Obra da Escultora Maria Amélia Carvalheira