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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

sábado, 19 de novembro de 2022

A 17 DE NOVEMBRO DE 1525 MORRIA A RAINHA DONA LEONOR DE PORTUGAL


Dona Leonor de Avis ou D. Leonor de Lencastre ou D. Leonor de Portugal ou ainda D. Leonor de Viseu nasceu a 2 de Maio de 1458, em Beja.

‘A mais Perfeita Rainha que nasceu no Reino de Portugal’, como lhe chamou o seu biografo Frei Jorge de S. Paulo, era filha do Infante D. Fernando, Duque de Viseu e Condestável do Reino, e da Infanta D. Beatriz, sendo por isso irmã de D. Manuel (I) e de D. Diogo.

A 22 de Janeiro de 1470, torna-se Rainha de Portugal, pelo seu casamento com D. João II, o qual era seu primo direito e segundo, pelo lado paterno, e o mesmo pelo lado materno. De facto, tanto o rei como a rainha eram netos, cada qual, de dois filhos diferentes de D. João I e de D. Filipa de Lencastre.

Foi a terceira e última Rainha consorte de Portugal nascida em Portugal e também a primeira monarca com sangue Bragança, uma vez que a sua avó materna era a Infanta D. Isabel de Barcelos, filha de D. Afonso I Duque de Bragança.

Como Rainha de Portugal, era detentora de terras como: Sintra, Torres Vedras, Óbidos, Alvaiázere, Alenquer, Aldeia Galega, Aldeia Gavinha, Silves, Faro, bem como Caldas da Rainha, que fundou. Tinha também direito a certos rendimentos: parte do açúcar produzido na ilha da Madeira, certos impostos pagos pelos judeus de Lisboa e pelas alfândegas do reino.

D. Leonor fundou os conventos da Madre de Deus e da Anunciada e a igreja de Nossa Senhora da Merceana, Igreja de Santo Elói, no Porto, o Convento de S. Bento, em Xabregas.

Esteve na origem da fundação do hospital termal das Caldas da Rainha, destinado a todos os que necessitassem de tratamento, sem distinção de classes sociais. Junto ao Hospital mandou construir também a Igreja de Nossa Senhora do Pópulo.

Ainda hoje as Caldas da Rainha mantêm como armas, o brasão da Rainha D. Leonor, ladeado à esquerda pelo seu próprio emblema (o camaroeiro) e, à direita, pelo emblema de D. João II, o Pelicano alimentando as crias com o seu próprio sangue, com a divisa 'Pola Lei e Pola Grei' que queria dizer: respeitar a Lei e servir a Grei (Grei quer dizer todos os habitantes de um país, neste caso de Portugal) e que reina como um Rei absoluto (com todos os poderes) sem pedir a opinião das “Cortes”, enfrentou os poderosos senhores feudais a quem limitou poderes.

Era a mais rica princesa da Europa e usou parte da fortuna na assistência social aos pobres tendo financiado a fundação das Misericórdias em todo o país, e nos territórios ultramarinos, para ajudar os mais pobres, uma iniciativa pioneira na Europa.

A Rainha D. Leonor foi grande protectora e impulsionadora das Artes & Letras em Portugal, tendo patrocinado a impressão de algumas obras, designadamente: “O livro de Marco Polo”, “O livro de Nicolau Veneto – carta de um genovês mercador”, “Os actos dos apóstolos”, “Bosco Deleitoso”, “O espelho de Cristina”. Foi protectora e mecenas de Gil Vicente, que em várias obras a apelidou de “Rainha Velha”. Algumas das obras de Gil Vicente, como O Auto da Visitação, o Auto Pastoril Castelhano, o Auto dos Reis Magos, o Auto de S. Martinho, o Velho Óbidos, Um Sermão, o Auto da Índia – o processo de Vasco Abul, o Auto dos quatro tempos, o Auto da Sibila Cassandra, o Auto da Fama, o Auto da Alma, A Barca do Inferno, A Barca do Purgatório, A Barca da Glória, foram dedicadas à Rainha D. Leonor ou encomendadas por esta.

Em 1476, ficou como regente do reino.

D. Leonor de Avis, destacava-se, pela formosura, inteligência e, sobretudo, pelo que sofreu (morte do filho e pelo bem que espalhou, deram a Dona Leonor, o epíteto de “Rainha dos sofredores”. Tinha a fisionomia suavíssima, marcada pelos olhos azuis e cabelos louros, herança genética de sua bisavó, a Rainha Dona Filipa de Lencastre, Mãe da Ínclita Geração.

A rainha Leonor, em viúva, manteve grande destaque na corte lusitana, sendo regente do reino mais do que uma vez. Desprezando a vida mundana, retirou-se a viver no seu Paço de Xabregas, com uma Corte própria e junto com a imensa casa dos seus servidores e criados. Apesar de se situar relativamente perto do Terreiro do Paço, a residência independente em Xabregas permitia-lhe uma vida mais serena e propícia à devoção e austeridade religiosas que se determinou a seguir, ao tomar o hábito laico, mas a corte da rainha D. Leonor era restrita, com programas culturais próprios reunindo à sua volta pessoas de elevada estatura intelectual.

Há, no entanto, quem levante a controvérsia sobre o Seu real papel nos últimos dias do Rei, no que concerne ao agravamento da gota de D. João II, o que poderia ter contribuído para a morte do 'Príncipe Perfeito'. A relação entre o casal real nunca foi fácil, situação que se agravou quando morreu, em 1491, o filho único do casal, D. Afonso, herdeiro do Trono, em Santarém, na sequência de uma queda de cavalo.

A Rainha D. Leonor faleceu no dia 17 de Novembro de 1525, no Paço Real de Enxobregas. Quis ficar sepultada no Convento da Madre de Deus, numa campa rasa, num lugar de passagem, para que todos caminhassem sobre o seu túmulo, gesto, de humildade terrestre, que comoveu o Reino.

Foi uma Rainha muito devota, tendo desejado e concretizado passar a viuvez num ambiente de piedade.

Por tudo isto Ribeiro Sanches disse da Rainha:

’Se D. João II é o Príncipe Perfeito, D. Leonor é a Princesa Perfeitíssima'.

Miguel Villas-Boas | Plataforma de Cidadania Monárquica

Imagem - Pintura Título: Rainha D. Leonor Autor: Malhoa, José Datação: 1926 d.C. - Época Contemporânea Matéria: Óleo Suporte: Tela Técnica: Pintura a óleo Dimensões (cm): altura: 205; largura: 137,5; integrada na coleção permanente do Museu José Malhoa, Caldas da Rainha

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