O nosso rei D. Pedro V, melancólico e trabalhador, desesperava com as elites portuguesas e com o atraso do país. Mal dormia, sempre a trabalhar, e encontrou no príncipe Alberto, marido da rainha Vitória e primo direito de seu pai, o rei D. Fernando II, um apoio decisivo. De carácter muito semelhante, o rei e o príncipe desenvolveram uma forte ligação, quase de pai e filho.
É extensa a correspondência que trocaram durante os curtos anos de reinado de D. Pedro V. Cartas muito comoventes, que mostram a solidão do nosso rei e a incompreensão que sentia em seu redor.
Deixo-vos um excerto de uma dessas cartas de D. Pedro V ao primo:
“Recordo muito as nossas conversas sobre o sistema constitucional e estou sempre a pregar a superioridade do sistema inglês sobre o francês, em que o despotismo ainda prevalece. Tentarei incutir ideias liberais ao povo e quero fazê-lo pessoalmente, percorrendo o reino.
Estou a preparar um memorando sobre educação popular e vou explicá-lo directamente também. Portugal devia enviar um homem inteligente para estudar o sistema educativo em vários países. Onde encontrar esse homem, eis o meu problema.
As finanças são o meu pesadelo. Com a minha ansiedade para proceder bem e a febre para reformar, adquirida nas viagens, sofro muitas vezes aquilo que não posso desejar a ninguém...”
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