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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

domingo, 15 de janeiro de 2023

10 DE JANEIRO DE 1429: CASAMENTO DE D. ISABEL DE PORTUGAL COM O DUQUE DE BORGONHA


10 de Janeiro de 1429: Casamento de Dona Isabel de Portugal, com Filipe III, "o Bom", Duque de Borgonha que institui, simultaneamente, a Nobilíssima Ordem do Tosão de Ouro para celebrar este matrimónio:



Dona Isabel, Infanta de Portugal, * Évora, Évora, 21.02.1397 - † Dijon, 17.12.1471, era filha única do Rei Dom João I de Portugal e de sua mulher, Dona Filipa de Lencastre. Era irmã do Infante Dom Henrique (mais conhecido, internacionalmente, como Henrique, o Navegador), de Dom Pedro, Duque de Coimbra, de Dom Duarte, Rei de Portugal, sucessor de seu pai, e do Infante Dom Fernando (o Infante Santo) capturado em Tânger (1437) e ali mantido prisioneiro até à sua morte em Fez em 1443.
Dona Isabel nasceu em Évora e passou a sua juventude na corte em Lisboa.
Em 1429, casou com Filipe III, Duque da Borgonha, com quem teve 3 filhos: António e José (que faleceram durante a infância) e Carlos, o Temerário. Isabel foi sua terceira e última esposa, pois antes fora casado com Micaela de Valois, princesa de França, e Bona de Artois.
O dote da infanta era de 150:000 cruzados (60:000:000 réis), quantia importantíssima naquele tempo. Veio buscá-la a Lisboa uma esquadra de trinta e nove vasos de guerra, em que vinham os sires de Roubaix, de Toulongen, de Noyelle e outros fidalgos borgonheses. Com feliz viagem chegou a esquadra a Bruges, onde o duque a esperava, e a recebeu, com as maiores demonstrações de amor e regozijo. O casamento realizou-se a 10 de Janeiro de 1429, segundo diz o padre Francisco de Santa Maria, no primeiro volume do Ano histórico, pág. 70 (ou em 10 Janeiro de 1430), segundo outros escritores. As festas foram sumptuosas, como nunca se havia visto naquele país. Para maior pompa e em honra de sua esposa, o duque de Borgonha instituiu a nobilíssima ordem do Tosão de Ouro, que só se confere a soberanos e a pessoas da mais alta nobreza. Na sua instituição tinha esta ordem trinta e nove cavaleiros, que era o número de navios de que se compunha a esquadra que viera buscar a nova duquesa. A ordem milita debaixo do patrocínio e tutela de Nossa Senhora e do apóstolo Santo André; a sua insígnia é um cordeiro de ouro, pendente no peito de um colar, formado de fuzis também de ouro, a que os escritores dão varias significações. Professaram esta ordem, depois que os estados de Filipe se uniram aos da casa de Áustria, todos os imperadores da Alemanha, e todos os reis de Castela, conservando-se nestes últimos a dignidade de grão-mestre. Professaram também na mesma ordem, em diversos tempos, vários reis de Portugal, de França, de Inglaterra, da Escócia, da Hungria, de Nápoles, da Polónia, da Dinamarca, e quase todos os potentados da Alemanha, e outros muitos senhores da Europa.
Formosa, enérgica e prudente, Dona Isabel mostrou-se digna pelas suas virtudes e elevada inteligência, de partilhar o destino do duque de Borgonha, e quando em 1434 o duque foi à Flandres, ficou a duquesa regendo os seus Estados. Desempenhou-se superiormente deste espinhoso cargo em circunstâncias difíceis, e desde então tomou parte importantíssima nas negociações diplomáticas com a França, Inglaterra, e outras potências. Assistiu ao congresso de Arras em 1486, promoveu em 1439 a conclusão de um tratado de comércio entre a Inglaterra e a Borgonha. Obteve a liberdade do duque de Orleães, que ficara prisioneiro dos ingleses na batalha de Azincourt em 1415, etc. A vida da duquesa Dona Isabel foi uma sequência de acções nobres, virtuosas e cavalheirescas. Em 1453, sabendo que a cidade de Constantinopla era tomada pelos turcos, escreveu com o seu próprio punho a todos os príncipes cristãos, animando-os a recuperá-la, e oferecendo-se com todos os seus vassalos para companheira dos trabalhos e da conquista. Carlos VII, de França, pretendia que os Estados de Borgonha eram seus feudatários, e lhe deviam pagar tributo, vindo os seus duques assistir aos parlamentos. O duque defendia a sua soberania, não querendo reconhecer-se suserano de França. Para impedir um rompimento que seria fatal aos dois Estados, a duquesa dirigiu-se a Paris, e com eloquentes palavras persuadiu o rei Carlos VI, que o pleito se decidisse pelo duelo de dois cavaleiros. O rei aceitou, nomeando o mais destro e esforçado cavaleiro francês que tinha na sua corte, e a duquesa de Borgonha escolheu para defensor Álvaro Gonçalves Coutinho, o Magriço, que voltava triunfante com os seus onze cavaleiros, dos célebres duelos de Londres. Chegou o dia do duelo, a que assistiu toda a corte de França, a duquesa, os respetivos juizes e muita nobreza e povo. No primeiro ímpeto, partiram os contendores as lanças, e puxando das espadas, Magriço cortou a cabeça ao seu adversário, vencendo assim o pleito, de que era esforçado campeador. (V. Magriço). Em 1457 deixou a corte, e foi habitar no castelo de Nieppe, ao pé de Hazebrouck.
Dona Isabel distinguiu-se também pela sua caridade e pelos cuidados com que tratava os pobres e os doentes Conservou sempre uma grande afeição pelos Estados de que era soberana e o maior interesse pelos destinos do seu país natal. Foi por sua intervenção que passaram a Portugal, e obtiveram concessões de terras nos Açores, os flamengos que colonizaram aquelas ilhas. A duquesa teve três filhos, dos quais dois morreram meninos, e o terceiro foi o célebre Carlos, o Temerário, que sucedeu a seu pai, e foi o ultimo duque de Borgonha. Sobreviveu três anos a seu marido, e faleceu com setenta e quatro anos, sendo sepultada no convento da cartuxa, de Dijon. Da duquesa Dona Isabel há uma Carta autografada, que se conservava no Arquivo de Bruges, e cuja tradução ou cópia foi publicada no jornal O Popular, de Londres, em 1825, vol. III, pág. 262.
Isabel era uma mulher muito refinada e inteligente, que gostava de se rodear de artistas e poetas, e foi uma mecenas das artes. Também na política exerceu a sua influência sobre o filho e, em especial, sobre o marido, que representou em várias missões diplomáticas.
Faleceu em Dijon, na Borgonha, em 1471.
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Filipe III "o Bom", Duque de Borgonha, * Côte-d'-Or, Dijon, 30.06.1396 - † Bruges, 15.06.1467, era filho de João II "sem Medo", Duque de Borgonha (*1371 - †1419) e de Margarida da Baviera (*1363 - †1424); Neto paterno de Filipe de Valois, Duque da Borgonha (*1342 - †1404) e de Margarida II da Flandres, Duquesa da Borgonha (*1350 - †1405 ) e neto materno de Alberto I, Duque da Baviera (*1336 - †1404) e de Margarida da Silésia-Brieg. Filipe III "o Bom", Duque de Borgonha era descendente de Dom Afonso Henriques por via paterna.


Filipe III da Borgonha, dito Filipe, o Bom (Dijon, 31 de julho de 1396 — Bruges, 15 de junho de 1467) foi um príncipe francês da terceira ramificação borgonhesa da Dinastia Capetiana, duque da Borgonha, de Brabante e dos Dezassete Províncias de 1419 a 1467, dentre outros títulos.
Era filho único do duque de Borgonha João I de Borgonha, dito João sem Medo. Estendeu os seus domínios a Antuérpia e em 1429 casou-se em terceiras núpcias em Bruges com Isabel de Portugal filha de D. João I, instituindo a Ordem do Tosão de Ouro para celebrar este casamento. Isabel destacou-se naquela que seria a mais rica e refinada corte europeia de então e o filho de ambos, Carlos, "o Temerário", viria a suceder Filipe.
(Fontes: Investigação de António Carlos Janes Monteiro, GeneAll, Wikipédia e Dicinário Histórico)

HISTÓRIA, GENEALOGIA e HERÁLDICA - António Carlos Godinho Janes Monteiro

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