♔ | VIVA A FAMÍLIA REAL PORTUGUESA! | ♔

♔ | VIVA A FAMÍLIA REAL PORTUGUESA! | ♔

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

♔ | CARNAVAL DE 1865 - BAILE DE MÁSCARAS DA AJUDA 🎭

Em 15 de Fevereiro de 1865, no Carnaval, celebrou-se o mais famoso Baile de Máscaras de que há memória, em Portugal. Organizado por Sua Majestade a Rainha Dona Maria Pia no Paço da Ajuda - que o bom gosto da Rainha tornara em Palácio Real ao melhor estilo das residências reais europeias -, o “Baile da Ajuda” ficaria para a crónica, e não teve os custos exorbitantes que uma campanha maldizente imputou à Rainha.

Para este Baile de Máscaras, SS.MM.FF. determinaram que todos os convidados fossem mascarados. Durante a festa a Rainha D. Maria Pia usou três disfarces diferentes, o primeiro ‘costume’ com que abriu o Baile, foi o de Maria Tudor, acompanhada d’El-Rei Dom Luís I trajado de Hussardo, depois a Rainha trocou por um traje de escocesa. Várias peripécias rodearam este baile, como o insólito ‘escândalo’ de um diplomata sueco que apareceu com um fardamento com uns calções que lhe deixavam totalmente a descoberto as pernas; outra ocorrência para o anedotório do acontecimento foi que, estando as damas de companhia da Rainha vestidas como Dona Maria Pia, para confundir os convidados, vários destes últimos se deixaram enganar e por exemplo saudaram D. Inácia de Souza Botelho - que possuía figura semelhante à de Sua Majestade –, com rapapés e salamaleques dignos, normalmente, do penhor da prerrogativa real; mas, como era Carnaval, ninguém levou a mal! O terceiro disfarce da Rainha foi o de ovarina. Também, El-Rei Dom Luís I trocou três vezes de ‘costume’ no Baile: além do traje de hussardo, mascarou-se de fantasma e de cavaleiro medieval.

Foi no período do Renascimento que as festas que aconteciam nos dias de Carnaval passaram a incorporar os bailes de máscaras, com suas ricas fantasias e os carros alegóricos.

Bom Carnaval... em Casa e sem Festa!

Miguel Villas-Boas | Plataforma de Cidadania Monárquica

Descrição do Baile publicada na Revista "Arquivo Nacional", n.º 59, de 24/02/1933:

‘A Aline, a célebre modista da corte, trabalhara largamente com o seu esquadrão de costureiras francesas e a rainha não achara bastante rico e magnífico vestido de dama do século XVIII, com o qual se apresentaria no baile. Pouco a pouco, diante da arte e do gosto, do esplendor das pedrarias, afizera-se a usá-lo, mas de súbito, a sua imaginação sacudira-se num desejo novo.

D. Maria Inácia, filha dos Vila Real, mandara fazer um fato de varina; um molho de saias garridas; o corpete, o chapeuzinho, a que daria desenvoltura e graça e o cunho português de uma vendedeira alegre, martelando as suas chinelinhas de verniz.

Logo D. Maria Pia apeteceu disfarce igual, porque no seu espírito tão feminil se despertara a curiosidade de saber o que diriam os fidalgos da sua corte a uma varina buliçosa, na qual não reconhecessem a sua rainha. Atravessaria a sala nas suas vestes, julgando que não a conheceriam, e iria apreciar o espírito dos cortesãos. Passaria junto deles, de máscara no rosto, meter-se-ia no grupo onde as marquesas empoadas, as grandes damas de outros séculos, as caçadoras gentis, os próprios dominós de seda ocultavam as belezas e ouviria ciciar algumas frases. Sob as luzes deslumbrantes contemplaria o rei, vestido de guerreiro antigo, de elmo subido, e fixá-lo-ia uns instantes. Seria um Portugal velho, que fizera a conquista, diante da gente trabalhadora, da orla da água, que realizaria o trabalho. Ela, porém, não pensava mais nessas fórmulas mas apenas na resolução que tomara, na satisfação do seu capricho, na vontade de querer saber como as mulheres, embora da melhor sociedade, se divertiam nos bailes de máscaras, o que sempre seria muito diferente do que sentiam as rainhas. Essa ideia começava a diverti-la muito; mais do que a maravilha do seu fato de grande dama, com o qual entrara no salão.
El-Rei escolhera as galas dum cavaleiro do século XVIII e o Infante D. Augusto, facilmente reconhecível por sua desengraçada estatura de pernalta, era um mosqueteiro. A duquesa de Palmela, casada havia dois anos, por um lindíssimo Abril, vestira-se nas sumptuosidades de Isabel de Inglaterra e guardava o ar imponente, no meio da corte, no qual as formosas damas se disputavam as graças.

Corria no maior esplendor a festa realenga; encheu-se de convivas o salão de mármore, a orquestra da real câmara tocava os belos trechos de música que fazia enlaçar os pares mascarados, a aguardarem as ordens régias para mostrarem seus rostos.

A rainha confiava, cada vez mais, no seu disfarce; apareceria com as tamanquinhas, com as suas vestes de vendedeira, misturar-se-ia no baile, confundi-la-iam com a outra dama, satisfazendo a sua curiosidade. Lentamente o "mágico" Luís da Cunha lia as sinas na palma da mão, não adivinhando a do esplêndido mosqueteiro, que era o conde de Penamacor. Enfim a varina surgiu da banda do salão onde repuxava a água vinda para a bacia de um lagozinho encantador. Ia finalmente saber da galanteria dos fidalgos da sua corte para com as senhoras que não eram rainhas, escutar-lhes os dizeres elogiosos, as frases, os amavios, numa funda curiosidade de mulher e de princesa, ignorante da vida comum. Porém, só respeitosas frases ouviu como as outras damas; nem uma só gentileza se permitiram aqueles junto dos quais passava, já porque nos paços a etiqueta se guarda, através de tudo, já porque, decerto, alguém espalhara, muito rapidamente, a ideia da soberana e a sua caprichosa vontade.

D. Maria Pia quisera sentir o Carnaval nas suas salas, não compreendendo a atmosfera palaciana na qual não se exalta jamais a alegria até ao máximo e se vive em cuidados eternos dentro dos protocolos.’



Plataforma de Cidadania Monárquica



D. Maria Pia e D. Luís, envergando os primeiros disfarces da noite e D. Maria Pia trajando de varina. 

O GRANDIOSO BAILE DE CARNAVAL DE 1865

No dia 15 de Fevereiro de 1865 realizou-se no Palácio da Ajuda, o mais grandioso baile de Carnaval de que há registo em Portugal, promovido pela família real.

Nessa noite, todos os ilustres convidados surgiram trajados das mais variadas fantasias: com vestimentas de séculos passados, mosqueteiros, cavaleiros, personagens históricas… e até do povo.

Ficou para sempre na memória, o plano carnavalesco da rainha D. Maria Pia. A rainha e o rei trocaram três vezes de disfarce ao longo da noite. D. Maria Pia começara o baile vestida de Maria Tudor e D. Luís envergando as vestes de Hussardo.

Porém, tinha já planeado mudar para um disfarce que esperava torná-la irreconhecível aos olhos dos demais convidados. Isto permitiria à jovem rainha de apenas 18 anos, fugir um pouco ao estrito protocolo reservado às pessoas reais, e interagir com os restantes, não como rainha, mas como uma simples dama. Foi por isso que escolheu mudar para o disfarce de ovarina, ou, varina de Ovar.

Trajando como uma mulher do povo, esperava a rainha não ser reconhecida… mas rapidamente se apercebeu que o seu plano não surtira efeito, pois o protocolo, mesmo em noite de Carnaval, continuou a ser seguido por todos os que a cumprimentavam. A rainha foi reconhecida! Não resultou o seu plano, mas ficou na mesma na memória a exuberante festa que, no que toca ao fausto, não voltou a ser repetida na corte portuguesa.

Sem comentários:

Enviar um comentário