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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

♔ | EM 8 DE FEVEREIRO DE 1291 NASCIA EL-REI D. AFONSO IV


O Infante D. Afonso de Portugal, nasceu em Lisboa a 8 de Fevereiro de 1291, e era filho do Rei D. Dinis de Portugal e da Rainha Santa Isabel, nascida Princesa de Aragão. Apesar de ser o único filho varão legítimo de seu pai – tinha apenas uma irmã, também legítima, D. Constança, nascida um ano antes, e que casou com o Rei Fernando IV de Castela -, D. Afonso não era o filho favorito do Rei D. Dinis, que elegia a companhia de um dos seus bastardos (legitimado), D. Afonso Sanches, mais velho, o que deu aso a uma rivalidade entre os dois irmãos, e não raras vezes, dado o temperamento belicoso e exaltado do Infante a confrontos armados e mesmo guerra civil com, o próprio pai, D. Dinis, pois D. Afonso temia ser preterido na sucessão ao Trono.

D. Afonso casou, em 1309, com D. Beatriz, filha de Sancho IV de Castela e da rainha D. Maria. Dom Pedro foi o 4° filho, os irmãos varões mais velhos morreram à nascença, e teve também uma filha D. Maria que casou com o Rei D. Afonso XI de Castela.

Com a morte de D. Dinis, a 7 de Janeiro de 1325, Sua Mercê D. Afonso IV tornou-se o 7.º Rei de Portugal da 1.ª Dinastia, e como primeira decisão convocou Cortes para Évora, das quais resultou o desterro de D. Afonso Sanches para Castela, retirando-lhe todos os títulos, terras e feudos concedidos pelo pai. O exilado não se ajustou com a decisão e do outro lado da fronteira orquestrou uma série de manobras políticas e militares com o fim de usurpar o trono. Depois de várias tentativas de invasão falhadas por parte de Afonso Sanches, os irmãos acabariam por assinar um tratado de paz, sob o alto patrocínio da Rainha Santa Isabel.

Muda o inimigo e D. Afonso IV declarou guerra a D. Afonso XI de Castela, seu genro, devido aos maus-tratos que este infligia a D. Maria sua esposa e filha do monarca português e ainda porque este reteve em Castela D. Constança, esposa do sucessor ao trono de Portugal: em 1328, o Infante D. Pedro casou por “palavras futuras” com D. Branca, filha do Rei de Castela, mas por razões políticas D. Afonso IV acabou por desistir do casamento do filho com a Infanta, pelo que D. Pedro em 1336, casou por procuração com D. Constança Manuel, filha do Infante D. Juan Manuel de Castela (Príncipe de Vilhena e Escalona, Duque de Penafiel, tutor de Don Afonso XI de Castela, «poderoso e esforçado magnate de Castela», e neto do Rei Don Fernando III de Castela), e de D. Constança de Aragão. No entanto o casal real só recebeu a bênção nupcial, em 24 de Agosto de 1340, na Sé de Lisboa, depois do cunhado D. Afonso XI de Castela (casado com a Infanta D. Maria de Portugal) ter deixado D. Constança sair do Reino.

Só a ameaça muçulmana levou os dois principais monarcas ibéricios a assinarem a paz, para combater junto o inimigo.

30 de Outubro de 1340, travou-se um dos mais importantes episódios da Reconquista Cristã: a Batalha do Salado entre os exércitos dos Reis cristãos (Rei Afonso XI de Castela e o Rei D. Afonso IV de Portugal) da Península Ibérica e a coligação negativa dos muçulmanos do Império Merínida e do Reino nazarí de Granada, que os primeiros venceram.

Em 1339, o Sultão almorávida de Granada invade Gibraltar e assola os territórios cristãos do sul da Península Ibérica. Já em 1340, Abul-Hassan, Rei de Fez e Marrocos atravessa o estreito de Gibraltar com uma frota de 100 navios e entra triunfante no Reino de Leão e Castela, já que a frota Castelhana comandada pelo Prior da Ordem de S. João do Hospital havia sido destruída numa tempestade.

Então, perante esta ameaça muçulmana, D. Afonso XI de Castela pediu ajuda ao sogro, D. Afonso IV, por intermédio da sua esposa D. Maria para aliados enfrentarem a horda berbere que abatia a cimitarra sobre a Península cristã. Os dois reis cristãos, mesmo que arquirrivais, aliaram-se perante a ameaça, pois Afonso XI de Castela pediu ajuda por carta, e o monarca português enviou-lhe imediatamente uma frota comandada pelo almirante genovês Manuel Pessanha que se juntou a doze galés enviadas pelo rei de Aragão, em auxílio. Mas era enorme a desproporção entre cristãos e as hordas mouras, e, em Setembro de 1340, Yusef-Abul-Hagiag, Rei de Granada junta-se, em Algeciras ao exército de Abul-Hassan. A horda muçulmana era enorme e assustadora, e avançou sobre Tarifa.

D. Afonso IV saiu, então, de Elvas com o maior número de Cavaleiros e peões que conseguiu reunir, em auxílio do genro, entregando o comando das suas tropas, ao alferes-mor Gonçalo Esteves Carvoeiro. Chegado a Sevilha, os dois Reis cristãos planearam a estratégia para a batalha. Avançam, então, em direcção a Tarifa, onde a 29 de Outubro de 1340, deparam com um descomunal exército mouro, na proporção de 7 para 1 para a coligação cristã.

A Batalha do Salado trava-se na alvorada do dia seguinte, nas margens do riacho do mesmo nome, na província de Cádis.

A cavalaria castelhana atravessa o Salado e principia o combate. A cavalaria muçulmana avança, mas não consegue deter o ataque. Quase imediatamente avançou Afonso XI, com o grosso das suas tropas, defrontando corpo-a-corpo os mouros. Então, a guarnição da praça de Tarifa, cai sobre a retaguarda moura, assolando o arraial de Abul-Hassan. No sector onde pelejaram os portugueses, os mouros de Granada sob o comando de Yusef-Abul-Hagiag, pareciam loucos a investir, mas D. Afonso IV, comandando os seus audazes cavaleiros, rompe a muralha humana inimiga que fica desnorteada. Perante a intrepidez do “Bravo” D. Afonso IV de Portugal, que com a sua cavalaria e infanções varavam a moura força, o pânico começa a invadir os mouros granadinos, que acabam por fugir em debandada, e, ao verem isto, os merínidas ficam petrificados e, também, começam a fugir para salvar a vida.

Assim, ilustrado pelas armas se escreveu com Glória o nome de D. Afonso IV o ‘Bravo’ Rei de Portugal num dos mais importantes episódios da Reconquista Cristã.
D. Afonso IV empenhou-se em reforçar e centralizar o poder real e, também, em impulsionar a Marinha, tendo sido no seu reinado realizadas as primeiras viagens às Canárias. Fortaleceu a administração pública e reformou a universidade, transferindo-a de Coimbra para Lisboa. Mas o final do seu reinado foi conturbado perturbado com alguns problemas; em 1343 houve no reino grande carestia de cereais, em 1347 ocorreu um sismo que abalou Coimbra, tendo causado enormes prejuízos, e em 1348 a peste negra, vinda da Europa, assolou o País, que tentou combater proibindo a mendicidade e a ociosidade.

O filho Dom Pedro era um notívago e era normal vê-lo nas tabernas ou, como era grande apreciador de música, a dançar à volta de uma fogueira na companhia dos amigos fidalgos e ainda de outra gente de reputação duvidosa. Era grande caçador, cavaleiro e corajoso espadachim. Comia e bebia muito, mas porque era senhor de uma grande compleição física, mantinha uma linha atlética.

Era casado com D. Constança Manuel, filha do Infante D. Juan Manuel de Castela, Príncipe de Vilhena, desde 24 de Agosto de 1340. Mas, também, foi por isso que a vida de D. Pedro mudou, pois conheceu aquela que seria o seu grande amor, pois no séquito da Infanta acompanhava-a, na vinda para Portugal, a sua Aia e amiga D. Inês de Castro, que era filha do nobre galego D. Pedro Fernandes de Castro, mordomo-mor do Rei Don Afonso XI de Castela, e de uma dama portuguesa, Aldonça Lourenço de Valadares. O seu pai, neto por via ilegítima de D. Sancho IV de Leão e Castela, era um dos nobres mais poderosos do Reino de Leão e Castela.

D. Pedro e D. Inês apaixonaram-se, iniciando aquela que foi a mais bela e mais famosa história de amor em Portugal. Este romance que era conhecido por todos começou a ser comentado e a ser mal visto, sobretudo pela Corte, que temia a influência galega e castelhana sobre o infante D. Pedro (só a partir do reinado d’El-Rei Dom Duarte I (1433-1438), o herdeiro presuntivo da Coroa de Portugal, normalmente o filho varão mais velho do rei, passou a ter o título de ‘Príncipe’, distinguindo-se assim dos seus irmãos, que tinham o título de ‘Infante’. Até esse momento, o herdeiro do trono tinha tal-qualmente o estilo de ‘Infante’). Sendo a relação mal aceite, Pedro e Inês passaram a ter encontros furtivos na antiga Vila do Jarmelo na Guarda.

Sob o pretexto da moralidade, o Rei D. Afonso IV não aprovava esta relação, não só por motivos de diplomacia com Don Juan Manuel de Castela, mas também devido à amizade estreita de D. Pedro com os irmãos de D. Inês - D. Fernando de Castro e D. Álvaro Pires de Castro. Assim, em 1344, o rei mandou exilar D. Inês no castelo de Albuquerque, na fronteira castelhana, onde tinha sido criada por sua tia, D. Teresa, mulher de um meio irmão de D. Afonso IV. No entanto, a distância não acabou o amor entre Pedro e Inês, que se correspondiam com frequência.

Em Outubro do ano seguinte D. Constança morreu ao dar à luz o futuro rei, D. Fernando I de Portugal. Viúvo, D. Pedro, contra a vontade do pai, mandou D. Inês regressar do exílio e uniu-se a ela, excitando o escândalo na corte e o desagrado ao Rei, seu pai. Iniciou-se, assim, o antagonismo entre El-Rei e o Infante.

D. Afonso IV ainda tentou mitigar a situação casando o seu herdeiro com uma dama de sangue real, mas D. Pedro enjeitou esse projecto, argumentando que ainda sentia muito a perda de sua mulher, D. Constança, e que não conseguia ainda pensar num novo casamento. No entanto, D. Inês foi tendo filhos de D. Pedro: Afonso, em 1346, (que morreu pouco depois de nascer), João em 1349, Dinis em 1354 e Beatriz em 1347. O nascimento destes ilegítimos de sangue real veio agudizar a situação até porque, durante o reinado de D. Dinis, o seu filho e herdeiro D. Afonso IV sentira-se em risco de ser preterido na sucessão ao trono por um dos filhos bastardos do seu pai. Passaram a circular, então, boatos de que os Castros conspiravam para assassinar o infante D. Fernando, legítimo herdeiro de D. Pedro, para o trono português passar para o filho mais velho de D. Inês de Castro. Corriam, ainda, boatos de que o Infante se tinha casado secretamente com D. Inês, facto posteriormente confirmado por D. Pedro I na famosa Declaração de Cantanhede. Sentindo-se ameaçados pelos irmãos Castro, os nobres da corte portuguesa pressionavam o Rei para afastar D. Inês (e a família) do herdeiro do trono. O Rei D. Afonso IV entendeu, por isso, que a melhor opção seria mandar matar a dama galega. Na tentativa de saber a verdade, o Rei ordenou a dois conselheiros seus que dissessem a D. Pedro que ele se podia casar livremente com D. Inês se assim o pretendesse. D. Pedro percebeu tratar-se de uma cilada e respondeu que não pensava casar-se nunca com D. Inês.

A 7 de Janeiro de 1355, houve uma denúncia por parte de um dos carrascos, que era habitante da Vila do Jarmelo, alegando que se encontravam às escondidas. O rei, aproveitando a ausência de D. Pedro, foi com Pero Coelho, Álvaro Gonçalves, Diogo Lopes Pacheco e executaram D. Inês de Castro, em Santa Clara, conforme deliberara o Conselho. Reza a lenda que as lágrimas derramadas no rio Mondego por D. Inês teriam criado a Fonte das Lágrimas da Quinta das Lágrimas, e algumas algas avermelhadas que ali crescem seriam o seu sangue derramado.

A morte de D. Inês provocou a revolta de D. Pedro contra D. Afonso IV. D. Pedro assolou diversas terras a norte do Douro e chegou mesmo a tentar tomar o Porto, mas após meses de conflito, a Rainha D. Beatriz conseguiu intervir e fez selar a paz, em Agosto de 1355. O acordo de paz entre D. Pedro e seu pai foi firmado em Canavezes, tendo desde logo D. Afonso IV delegado em D. Pedro grande parte do poder. Ficou o Infante desde esta altura incumbido de, com certas reservas, exercer justiça em todo o reino. Esta transferência de poderes explica o facto de, ainda infante, ter D. Pedro promulgado o beneplácito régio. Este importante decreto proibia a divulgação no reino de quaisquer documentos pontifícios sem prévia autorização do Rei. Esta medida provocou a reação do clero, que, nas cortes de Elvas de 1361, solicitou a revogação do decreto. No entanto, D. Pedro estabeleceu oficialmente o beneplácito régio, não para agravar as relações com a Igreja mas para marcar a força do Estado.

Após a morte de D. Inês de Castro, fruto de uma ligação amorosa de D. Pedro com Teresa Lourenço, uma dama galega que estava integrada no séquito de D. Inês de Castro, nasceu em 1356 D. João, futuro Mestre de Avis e D. João I.

Com a morte do Rei, D. Pedro subiu ao trono em 28 de Maio de 1357, com 37 anos de idade, tornou-se no oitavo rei de Portugal como D. Pedro I. Em Junho de 1360 fez a Declaração de Cantanhede, legitimando os filhos ao afirmar que se tinha casado secretamente com D. Inês, em 1354, em Bragança. A palavra do rei, do seu capelão e de um seu criado foram as provas necessárias para legalizar esse casamento.

D. Afonso IV, o Bravo, epíteto granjeado por ser temerário e comandante militar corajoso fazendo jus ao nome do seu avoengo, o Primeiro Afonso, jaz sepultado na Sé de Lisboa.

Miguel Villas-Boas | Plataforma de Cidadania Monárquica 

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