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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

sexta-feira, 24 de março de 2023

EM 23 DE MARÇO DE 1707 É EXPEDIDA A PATENTE DA "PASSAROLA" PELO REI D. JOÃO V


23 de Março de 1707: É expedida a Patente da "Passarola" de Frei Bartolomeu de Gusmão, pelo Rei Dom João V...

(Quando os irmãos Montgolfier realizam o primeiro voo sustentado de um balão de ar quente, a 4 de Junho de 1783, já o Aeróstato tinha sido inventado e construído pelo Padre Bartolomeu de Gusmão, entre os anos 1709 e 1720, cujo protótipo foi apresentado ao Rei Dom João V)
Frei Bartolomeu de Gusmão, "o Padre Voador", de seu nome Bartolomeu Lourenço de Gusmão, * Santos, Brasil, bap. 19.12.1685, - † Toledo, 18.11.1724, era filho de Francisco Lourenço Rodrigues (†1720) e de D. Maria Álvares; Neto paterno de Pedro Lourenço e de D. Domingas Gonçalves e neto materno de António Álvares e de D. Maria Gomes de Gusmão.
Bartolomeu Lourenço de Gusmão, cognominado o Padre Voador, foi um sacerdote secular, cientista e inventor português nascido no Brasil, em Santos, na capitania de São Vicente, famoso por ter inventado o primeiro aeróstato operacional, a que chamou de "Passarola".

Primeiros anos:
Foi baptizado simplesmente com o nome de Bartolomeu Lourenço, em 19 de Dezembro de 1685, na Igreja Paroquial da vila de Santos pelo padre António Correia Peres. Era o quarto filho de Francisco Lourenço Rodrigues, cirurgião, e Maria Álvares. Será mais tarde, em 1718, que adopta a si o apelido "de Gusmão", em homenagem ao preceptor e protector, o jesuíta Alexandre de Gusmão.

O casal teria tido ao todo doze descendentes, seis homens e seis mulheres, um dos quais, Alexandre de Gusmão, viria a tornar-se importante diplomata no reinado de Dom João V. Já a maioria dos seus irmãos optou ou foi orientada pelos pais a devotar-se à vida eclesiástica, dentre esses, Bartolomeu.
O menino aprendeu as primeiras letras provavelmente na própria Capitania de São Vicente, no Colégio São Miguel, então o único estabelecimento de ensino da região.
Prosseguiu os estudos na Capitania da Baía de Todos os Santos. Aí ingressou no Seminário de Belém, em Cachoeira, onde teria início a sua profícua carreira de inventor.
A edificação, situada sobre um monte de cem metros de altura, possuía precário abastecimento de água, que tinha que ser captada e transportada em vasos a partir de um brejo subjacente. Percebendo o problema, Bartolomeu inteligentemente planeou e construiu um maquinismo para levar a água do brejo até o seminário por meio de um cano longo. O invento, testado com absoluto sucesso, foi considerado admirável e de grande utilidade, inclusive pelo próprio reitor e fundador do seminário, o famoso sacerdote Alexandre de Gusmão.
Terminado o curso no Seminário de Belém em 1699, Bartolomeu transferiu-se para Salvador, capital do Brasil à época, e ingressou na Companhia de Jesus, de onde saiu antes de ser ordenado, em 1701.
Viajou para Portugal, onde chegou já famoso pela memória extraordinária, ficando hospedado em Lisboa, na casa do 3º Marquês de Fontes, que se impressionara com os dotes intelectuais do jovem. Contava ele então com apenas dezasseis anos.
Em 1702, Bartolomeu retornou ao Brasil e deu início ao processo de sua ordenação sacerdotal. Três anos depois ele requereu à Câmara da Bahia a patente para o seu aparelho inventado anos antes - o invento para fazer subir água a toda a distância e altura que se quiser levar. A patente foi expedida em 23 de Março de 1707 pelo rei Dom João V. Foi essa a primeira patente de invenção outorgada a um brasileiro.


Em 1708, já ordenado padre, Bartolomeu embarcou mais uma vez para Portugal. Logo após sua chegada, em 1º de Dezembro matriculou-se na Faculdade de Cânones da Universidade de Coimbra. Passados alguns meses, contudo, abandonou a faculdade para instalar-se em Lisboa, aonde foi recebido com sumo agrado pelo Rei Dom João V e pela Rainha Dona Maria Ana de Áustria, apresentado que fora aos soberanos por um dos maiores fidalgos da Corte, D. Rodrigo Anes de Sá Almeida e Menezes, o 3º Marquês de Fontes, o mesmo que o tinha recolhido na sua casa aquando da sua primeira estada em Portugal.
Na capital portuguesa o padre Bartolomeu de Gusmão pediu patente ou "petição de privilégio" para um “instrumento para se andar pelo ar” – que se revelaria ser, mais tarde, o que hoje se conhece por aeróstato ou balão, a qual foi concedida no dia 19 de Abril de 1709. O facto causou celeuma na cidade e a notícia rapidamente se espalhou para alguns reinos europeus. O invento, divulgado por meia Europa em estampas fantasiosas que, em geral, o retratavam como uma barca com formato de pássaro, ficou conhecido como “Passarola”.
Não só no além-fronteiras que o seu prestígio pelo seu saber deve ter aumentado imenso pois, em 1722, é nomeado Fidalgo-Capelão da Casa Real portuguesa.
A "Passarola":
As primeiras ilustrações da Passarola tinham sido na verdade elaboradas pelo filho primogénito do 3º Marquês de Fontes, D. Joaquim Francisco de Sá Almeida e Meneses, com a conivência de Bartolomeu.
O 8º Conde de Penaguião e futuro 2º Marquês de Abrantes tinha 14 anos em 1709 e era então, aluno de matemática do padre, sendo a única pessoa à qual ele permitia livre acesso ao recinto em que o engenho voador era guardado. Como o rapaz vivesse assediado por curiosos, que constantemente lhe faziam indagações acerca da invenção, resolveu ele, para deixar de ser importunado, elaborar o exótico desenho da Passarola, em que tudo era propositadamente falseado. E para preservar o verdadeiro princípio da invenção – o Princípio de Arquimedes –, atribuiu a ascensão da engenhoca ao magnetismo, que era então a resposta para quase todos os mistérios científicos. Esperava dessa maneira melhor proteger o segredo confiado à sua guarda e ludibriar os bisbilhoteiros. Comunicou o plano a Bartolomeu, que o aprovou, e fingiu deixar o desenho escapar por descuido. A Passarola, inspirada ao que parece na fauna fabulosa de algumas lendas do Brasil, acabou sendo rapidamente copiada, logo se espalhando pela Europa em várias versões.
Toda essa trama seria descoberta anos depois por um poeta italiano, Pier Jacopo Martello (1625 – 1727), e revelada por ele na edição de 1723 do livro Versi e prose, em que fazia um longo e meticuloso histórico das tentativas do homem para voar, das mais antigas às mais recentes daquele tempo.
Bartolomeu Gusmão e a Inquisição:
Entre 1713 e 1716 viajou pela Europa. Em 1713 registou na Holanda o invento de uma “máquina para a drenagem da água alagadora das embarcações de alto mar” (patente que só veio a público em 2004 graças a pesquisas realizadas pelo arquivista e escritor brasileiro Rodrigo Moura Visoni).
Viveu em Paris, trabalhando como ervanário para se sustentar, até que encontrou seu irmão Alexandre, secretário do embaixador de Portugal na França.
O padre Bartolomeu de Gusmão voltou a Portugal, mas foi vítima de insidiosa campanha de difamação. Acusado pela Inquisição de simpatizar com cristãos-novos, foi obrigado a fugir para a Espanha, no final de Setembro de 1724, com um seu irmão mais novo, Frei João Álvares, pretendendo chegar à Inglaterra.
Segundo o testemunho que, mais tarde, João Álvares daria à Inquisição espanhola, Bartolomeu de Gusmão ter-se-ia convertido ao judaísmo, em 1722, depois de atravessar uma crise religiosa. O relato de João Álvares ao Santo Ofício, ainda que deva ser considerado com cautela, mostra, segundo Joaquim Fernandes, aspectos místicos, messiânicos e megalómanos do "padre voador".
Em Toledo (Espanha), Bartolomeu de Gusmão adoece gravemente, recolhendo-se ao Hospital da Misericórdia daquela cidade, onde veio a falecer em 19 de Novembro de 1724, aos 38 anos. Antes de morrer, porém, confessou-se e recebeu a comunhão, conforme o rito católico e assim foi sepultado na Igreja de São Romão, em Toledo.
Foram feitas, ao longo de décadas, várias tentativas para localizar a sua tumba, o que só ocorreu em 1856. Parte dos restos mortais foi transportada para o Brasil e encontra-se, desde 2004, na Catedral Metropolitana de São Paulo.
Em Toledo (Espanha), Bartolomeu adoece gravemente, recolhendo-se ao Hospital da Misericórdia daquela cidade, onde veio a falecer a 18 de Novembro de 1724, aos 38 anos. Antes de morrer, porém, confessou-se e recebeu a comunhão, conforme o rito católico e assim foi sepultado na Igreja de São Romão, em Toledo. Foram feitas, ao longo de décadas, várias tentativas para localizar o seu túmulo, o que só ocorreu em 1856. Parte dos restos mortais foi transportada para o Brasil e encontra-se, desde 2004, na Catedral Metropolitana de São Paulo.

"Neste templo de São Romão mártir repousam os
restos de Dom Bartolomeu Lourenço de Gusmão
presbítero português nascido na cidade de Santos- Brasil -
no ano de 1685, primeiro inventor do aérostato.
Faleceu nesta cidade a 18 de Novembro de 1724.
A cidade de Toledo dedica-lhe esta lembrança."
(Epitáfio no átrio da igreja de São Romão em Toledo)

Cronologia (Geneall):
20.04.1709 Bartolomeu de Gusmão ensaia, no Terreiro do Paço, o seu aeróstato.
26.09.1724 Bartolomeu de Gusmão, acossado pela Inquisição, foge de Portugal e refugia-se em Espanha.
18.11.1724 Morre, em Toledo-Espanha, Frei Bartolomeu de Gusmão.
(Fontes: Investigação de António Carlos Janes Monteiro, Geneall e Wikipédia)

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