Foi nas cortes celebradas em Lisboa em 25 de Março de 1646 (faz hoje 377 anos) que el-rei D. João IV (O Restaurador) declarou tomar a Virgem Nossa Senhora da Conceição por Padroeira do Reino de Portugal.
Perante a sua Corte, D. João IV declarou:
“…assentamos de tomar por padroeira de Nossos Reinos e Senhorios, a Santíssima Virgem, Nossa Senhora da Conceição, na forma dos Breves do Santo Padre Urbano 8º, obrigando-me a aceitar a confirmação da Santa Sé Apostólica e lhe ofereço em meu nome e do príncipe D. Theodósio, e de todos os meus descendentes, sucessores, Reinos, Senhorios e Vassalos a Sua Santa Caza da Conceição sita em Vila Viçosa.”
Para que não restassem dúvidas relativamente à seriedade e perpetuidade do seu juramento acrescentou:
“…se alguma pessoa intentar contra esta nossa promessa, juramento e vassalagem, por este mesmo efeito, sendo vassalo, o havemos por não natural e queremos que seja logo lançado fora do Reino; se fôr Rei, haja a sua e nossa maldição e não se conte entre nossos descendentes, esperando que pelo mesmo Deus que nos deu o Reino e subiu à dignidade real, seja dela abatido e despojado.”
A partir de então não mais os monarcas portugueses da Dinastia de Bragança voltaram a colocar a coroa real na cabeça.
JOSÉ DE ALMEIDA BASTO
Senhora da Conceição, Protectora do Reino
Os cultos públicos e festivos que a piedade e devoção dos fiéis justamente tributam ao candidíssimo mistério da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, são tão antigos em Portugal como o mesmo Reino, porque já nos primeiros princípios dele, haviam os Portugueses erigido templos em seu obséquio, como as Paróquias das Vilas Viçosa e de Alcobaça. Correndo os tempos, pelas contradições que se levantaram em oposição do mesmo mistério, fundadas em razões aparentes e em demasiados escrúpulos de alguns Varões de grande doutrina e santidade, se esfriou, não pouco, no Orbe Cristão aquele primeiro fervor; Todavia nunca em Portugal se extinguiu, antes sabemos que o Bispo de Coimbra, Dom Raimundo, ordenou com públicos éditos que em toda a sua Diocese se solenizasse a oito de Dezembro de cada ano a Imaculada Conceição de Maria Santíssima; E logo as outras Catedrais do Reino imitaram com religiosa emulação a de Coimbra no mesmo preceito e uso. Sabemos mais, que pelo mesmo tempo a Rainha Santa Isabel mandou erigir uma Capela no Convento da Santíssima Trindade de Lisboa e a consagrou ao mesmo mistério; depois se foram edificando outras muitas Capelas, Igrejas e Mosteiros com a mesma invocação, de que o Reino e seus domínios se acham igualmente cheios e ilustrados; Foi sempre em maior aumento esta piedosa devoção, até que no ano de 1646 neste dia [25 de Março], em que então caiu o Domingo de Ramos, celebrando-se em Lisboa Côrtes dos três Estados do Reino [Clero, Nobreza e Povo], nos quais se representa o corpo inteiro da Nação, jurou o Senhor Rei Dom João IV, e com Sua Majestade os três Estados, defenderem com dispêndio da própria vida (se necessário fosse) a Conceição imaculada da Mãe de Deus, impondo pena de desnaturalização e extermínio a toda a pessoa que tivesse a sentença menos pia, e elegeu a mesma Senhora, neste glorioso mistério, Protectora e Defensora de Portugal, e lhe fez a Monarquia tributária, e a si e a seus sucessores, em cinquenta cruzados de ouro cada ano, aplicados para a Igreja Paroquial de Vila Viçosa, a qual se afirma ser a primeira que se edificou em Espanha [Península Ibérica] com o título de Conceição. O mesmo exemplo seguiram e juraram a Conceição da Senhora, as Universidades, Bispados, Colegiadas, Ordens e Congregações do Reino.
Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.
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